sexta-feira, dezembro 29, 2006

Telling The Truth

Tenho respeito por jornalistas, são as antenas de nossa sociedade. Investigando, denunciando, cobrindo o que acontece no mundo tornam-se, de certa forma, garantia de que o escuso perderá, ou pelo menos não vingará por muito tempo. Com eles, sob essa ótica, temos existência segura. Haverá sempre mídia salvadora capaz de deter abusos. Considero, portanto, fundamental que exerçam absoluta liberdade de expressão. Prefiro vê-los dizendo besteira a calados.
Isenção é o instrumento de credibilidade mais adeqüado ao profissional da notícia. Não há como acreditar por muito tempo em quem tende sempre para o mesmo lado. Até porque, na minha opinião, o olhar de quem relata deveria ser o mais afastado possível dos fatos, nunca interferindo. O exemplo clássico, e mais discutido, refere-se ao caso Watergate. Teriam os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, funcionários do Washington Post, atuado de maneira correta? Até que ponto, ao participarem dos acontecimentos, tornaram-se parte deles? É óbvio que houve aí mistura pouco recomendada. No afã de pesquisar os rapazes dirigiram os acontecimentos de maneira tal, que tornaram-se parte do embrulho.
Não gosto de jornalistas que marcam território, vestem camisas, têm idéia fixa. O esporte é pródigo desses senhores. Como ler ou ouvir os cometários dos corintianos Chico Lang e Juca Kfouri (a quem respeito), ou do santista Mílton Neves, sem ficar com um pé atrás? Tenho sempre a impressão de que por trás dos relatos, ou conclusões, está o torcedor defendendo os interesses do clube. O terreno da política também inspira cuidados. Já ouviram Carlos Chagas? Tentem. Não demorarão muito a perceber a obsessão do analista por Fernando Henrique. Dará sempre um jeitinho de passar pelo ex-presidente, esculhambando-o.
Talvez tudo seja bem mais simples do que tenha tentado dizer. O compromisso do jornalismo de qualidade deveria ser com a verdade.

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