sexta-feira, outubro 31, 2008

Felpo Filva



Felpo Filva
De Eva Furnari
Ed. Moderna, 2006


Já faz um tempinho venho pensando em escrever sobre o Felpo Filva, publicado em 2006. Livro admirável, desses de se ficar cheio de raiva por não termos escrito. Gostei tanto, terminei tão apaixonado pela história, que imaginei possuir um desvio de simetria auricolar, sentindo-me como um dos homenageados pela Eva Furnari, já que a obra foi dedicada aos possuidores de orelhas diferentes. Cheguei a correr para o espelho e passar alguns instantes observando, medindo, comparando, incrédulo e insatisfeito com a igualdade das minhas. Talvez em outra vida, nas fábulas infantis tudo é possível, eu tenha sido um bicho com uma orelha maior do que a outra. Tomara!
Não deixa de ser engraçado ver um coelho ganhar um Jabuti. Mas é justo, muito justo, presente merecidíssimo, como foram todos os outros recebidos pela ótima publicação da editora Moderna. Essas páginas tão bem escritas e ilustradas parecem gostar de colecionar prêmios.
Fico sempre agradecido ao ver as coisas serem feitas de forma simples. Sou possuidor de certo fraco por resultados elaborados sem exageros. Quando as idéias se juntam e, combinadas, conseguem formar um todo despojado de excessos, o bom gosto e a beleza parecem ganhar força, impondo-se. Podemos notar isso quando lemos o texto em questão, basicamente uma historinha de amor, muito bem imaginada. Tudo está na dose certa. A criança que experimentar esse pequeno volume amarelo terminará enriquecida. Lembrará para sempre de Charlô e Felpo, simpático casal de coelhos intelectuais. Diversão e aprendizado garantidos. Ou há alguma outra razão para a garotada ler?

quarta-feira, outubro 15, 2008

Flying

Tem gente que nasce sabendo tocar um instrumento. No jargão mais popular, acompanham a música de orelha, sem nenhuma formação anterior. Nada conhecem de sifras, solfejos, jamais viram uma clave de sol. Eu sou assim, escrevo de ouvido. Cometo, por isto mesmo, erros que depois me encabulam. Minha gramática é fraquíssima. Perco-me em meio a vírgulas, crases, careço de um conteúdo formal que sustente o que escrevo. Já houve época em que ficava muito incomodado com a minha falta de substância acadêmica, chegava a desistir de alinhavar algumas palavras. Depois perdi os bloqueios, o que significa dizer que me tornei um escritor sem vergonha. E a razão é muito simples, escrever é a maneira que encontrei de voar.

terça-feira, outubro 07, 2008

Publishing Books

A vida às vezes toma rumos surpreendentes. A minha, este ano, sem dúvida mudou muito. Capricorniano dos mais convictos, capaz de fazer as mesmas coisas diariamente, sem mudar uma vírgula, ando um pouco perdido. Antes, quando me pediam exemplo de um dia feliz, eu surpreendia as pessoas revelando que era aquele exatamente igual ao anterior, idêntico. Talvez por ser excessivamente controlador, problema que anos de análise não resolveu, a possibilidade de surpresas, a ausência de rotina, sempre me deixou com a pulga atrás da orelha. Depois que virei consultor tudo mudou. Já não tenho mais horário nem para ir ao banheiro. Durmo em cidades diferentes, como troços estranhos, faço e desfaço malas. Consulto aflito minha agenda procurando alguma coerênca. Nenhuma. E o mais estranho é que estou gostando. Trabalho, escrevo, faço esporte e, principalmente, lanço livros. Virei máquina de publicar. E para não fujir ao novo hábito, estarei unindo duas de minhas novas aptidões no próximo sábado, dia onze de outubro. Viajarei para Campinas para lançar, na FNAC de lá, às 16:30, o Sobre O Telhado Das Árvores.