tag:blogger.com,1999:blog-308008492024-03-13T04:55:36.383-03:00Lord Broken Pottery"It's always tea-time, and we've no time to wash the things between whiles."Unknownnoreply@blogger.comBlogger263125tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-82554690518271994782010-12-23T15:53:00.003-02:002010-12-24T12:39:37.892-02:00Suíte de Natal<div align="justify">Dezembro. A tarde de sexta-feira chegou morna prometendo um belo final de semana. No quintal o menino brinca afogueado, gastando o que resta de energia, aguardando que o venham buscar. Assim que vê a mãe estacionar o carro, corre disparado em sua direção. Atropelando as palavras, quase sem fôlego, pede:<br />- O Pedrinho pode ir dormir lá em casa?<br />Ela, ainda pouco acostumada com aquela fase recém inaugurada, o filho mais novo começando a criar asas próprias, carinhosamente, abrandando a voz, diz:<br />- Precisamos perguntar aos pais dele.<br />O menino para, olhos brilhando, rostinho corado, permanecendo um tempo indeciso como se não acreditasse no que ouviu, observa curioso o rosto materno procurando algum sinal de pilhéria, eleva a vozinha esganiçada, contestando:<br />- Mas mãe, o Pedrinho só tem um pai!<br />***<br />O menino gostava de presépios. Curiosa a disposição dos bichos ao redor do berço. Vaquinha, carneiro, jumento e até uma galinha com a ninhada. O bebê Jesus com as pernas para cima, de fralda. Maria e José. O rosto do Salvador tranqüilo. Corado. Os três reis “magros”. Gargalhada geral. Não eram magros. A mãe abraçando-o comovida. Felicidade. Magos. Calor bom de Natal.<br />***<br />Vendedor no portão, gorro vermelho com pompom branco. É quase Natal. Limpa as caspas do ombro em um gesto amplo, conserta o nó da gravata, apóia a mala no chão, enxuga o suor da testa com o lenço e toca a campainha.<br />A menina larga o velocípede no chão do quintal, vem lá de trás correndo, curiosa, ver quem é. Chega arfando, demora para recuperar o fôlego. Ele:<br />- Sua mãe está?<br />Ela, sorrindo marota, baixando a voz:<br />- Mamãe está na terapia.<br />***<br />A menina entrou na sala correndo. As luzes na árvore apagavam e acendiam, monotonamente. Gotinhas de suor no buço. Fazia calor, quase quarenta graus. Parou de repente olhando o crucifixo na parede. Tinha que se comportar para ganhar presentes. Sentou quietinha ajeitando o vestido, compenetrada. As mãozinhas no joelho. Ao primo que não parava:<br />- Fique quieto, senão Deus mastiga!<br />***<br />A criança levantou os olhos. No alto da árvore, lá na pontinha, uma estrela brilhando. Último enfeite colorido. Maior. Quase no céu que era o teto da sala. Será que podia tapar a visão e fazer um desejo?<br />Um movimento de cabeça e o ornamento pareceu tombar, cadente. Fez o pedido bem rápido. Quase num susto.<br />Ganhou o autorama.<br />***<br />Missa do Galo. A igreja está cheia.<br />- Ave Maria, cheia de graça, senhor é convosco...<br />- Mãe!<br />- Bendita sois vós entre as mulheres...<br />- Manhê!<br />- Não percebe que estou rezando?<br />- O que é convosco?<br />***<br />Véspera de Natal. Os meninos foram dormir preocupados. No filme, Papai Noel entrava pela chaminé. Que chaminé?<br />Não adiantou a mãe explicar que o velhinho dava um jeito.<br />***<br />Sentiu pena do homem gordo vestindo aquelas roupas quentes. Tudo vermelho, inclusive o rosto. Devia estar sentindo muito calor. O que se via atrás dos cabelos e barba brancos estava coberto de suor. Não era um olhar feliz. A loja morna e abafada.<br />Ficou inseguro quanto aos presentes que pediu.<br />***<br />O primo insiste que Papai Noel é invenção. Fantasia. Coisa de criança. O menino altera-se. “Diabo de garoto burro!”. Nem parece mais velho. Busca ansioso o apoio do tio. “Não é verdade que existe?”. Ele apenas sorri.<br />***<br />Amigo secreto. Os braços do pinheiro são de plástico. Flocos de algodão. As luzes piscando hipnotizam. Grande é o sono. Castanhas, nozes e frutas cristalizadas. As pessoas passam. O tempo também. </div>Unknownnoreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-29239761070317930272010-11-02T08:48:00.003-02:002010-11-02T12:21:42.908-02:00Sakineh Mohammadi Ashtiani<div align="justify">Amanhã, no Irã, apedrejarão Sakineh Mohammadi Ashtiani. Tentarão acertar o seu rosto tendo a cabeça como alvo. A primeira pedra, quem sabe, atingirá o nariz provocando imensa dor. Seus olhos se encherão de lágrimas e de susto. O gesto natural e instintivo de proteger-se será impedido. Estará enterrada com as mãos presas. A segunda, pode ser, passará de raspão e abrirá um corte em sua orelha, oferecendo-lhe um brinco de sangue. Uma outra irá ferir-lhe a testa. Certeiros arremeços arrancar-lhe-ão dentes que ficarão soltos, brincando com a língua, perdidos e tristes na boca amarga. Suas duas vistas, então caladas e vazias, já não mais poderão enchergar corpos masculinos. Nunca. Em seguida, confusa e desesperada de medo, respirando aos trancos o ar que ventila grosso e salgado os pulmões apavorados, ouvirá um baque surdo e distante. Coração pulsando nas têmporas. Um peso áspero e pontudo afundará sua garganta. E o choro engasgado borbulhará gotinhas vermelhas delicadas num chiado estranho de panela de pressão. As próximas pedras já não serão sentidas. Embalarão sono profundo e dormente, lânguido, quase sonho. Alá, meu bom Alá. </div>Unknownnoreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-15087536111330899872010-10-31T16:41:00.005-02:002010-11-01T08:49:45.266-02:00Papai Sabetudo<div align="justify">Acabo de ver o Lula defendendo o palhaço Tiririca na Internet. Embora seja uma das raras vezes em que concordei com o conteúdo de sua fala, fiquei ainda assim pouco confortável. Talvez pela forma com que ele invariavelmente se manifesta. Entre outras coisas afirmou ser cretinice o que estão fazendo com o sujeito. Acho a palavra um pouco forte, inadequada para um estadista. Além disso, o atual presidente coloca-se sempre irritado, como se as perguntas dos jornalistas fossem estúpidas, fazendo muito favor em responder aos dispostos a usufruir de sua santa sapiência. Ele me lembra um personagem de minha infância: o Papai Sabetudo. Pois é, mas como ia dizendo, assisti o filho de Dona Lindu defendendo o palhaço Tiririca. Incrível como esse negócio de corporativismo funciona.</div>Unknownnoreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-47238188813931940262010-10-23T21:08:00.003-02:002010-10-24T00:17:12.390-02:00A Criatura<div align="justify">Só falta mais uma semaninha. Se por um lado terei a alegria de ficar livre do criador, por outro, muito provavelmente, terei que engolir a criatura. São os ossos da democracia. O problema é que ultimamente, já lá se vão oito anos, tenho engolido muito osso. Fica para mim um consolo até certo ponto grande: o de ser minoria. Sempre tive simpatia pelas minorias. Desde <em>Nelson Rodrigues</em> sei que a unanimidade é burra. Mas deixa eu meter a viola no saco e calar a minha boca. Depois sobra alguma coisa na minha testa, vão dizer que é bolinha de papel, sempre dão um jeitinho de virarem o jogo. Desde os dólares na cueca essa turma se especializou em ilusionismo. Verdadeiros <em>David Copperfields.</em> E enquanto isso os nossos descamisados, bolsas família a tiracolo, aplaudem as bravatas do palhaço vestido de vermelho e vão às urnas onde compraram os ingressos do circo em que vivem. Estão felizes. O gigante pela própria natureza vai bem obrigado e já não dorme em berço esplêndido. Vocês querem bacalhau?</div>Unknownnoreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-1450437342174049842010-10-04T17:40:00.004-03:002010-10-04T17:56:25.180-03:00Ufa!<div align="justify">Ufa! Podemos respirar, o jogo ainda não está perdido, fomos para o segundo turno. Nele começa tudo novamente. Bacana ver o Lula afastado de Dilma na derrota, visivelmente não queria respingos. É na crise que a verdadeira personalidade das pessoas aparece. Novas lideranças surgiram. Marina Silva destaca-se com montanhas de votos. Ela merece, tem uma história bonita. Aos quatorze anos era analfabeta. Hoje é uma pessoa culta, bem articulada, que se esforçou muito para chegar aonde está. Prefiro gente assim. Mostra aos inimigos da educação que é possível recuperar-se o tempo perdido. O Aloysio Nunes é outra referência que desponta no PSDB. Fazia tempo que o partido não via surgir em seus quadros alguém que pudesse trazer alternativas competitivas. Com o Alckmin eleito, a máquina paulista estará disponível para ajudar o Serra. Muito bom ver o Mercadante derrotado. Agora é trabalhar sério, buscar a maioria dos votos verdes que pertence aos tucanos, botar o Aécio para trabalhar, e encerrar o pesadelo que vivemos nos últimos oito anos. É claro que a diferença ainda é grande, e que a possibilidade de a candidata oficial ganhar enorme, mas não custa nada sonhar. Hoje acordei muito feliz. </div>Unknownnoreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-84915307355877881152010-09-23T10:23:00.002-03:002010-09-23T10:52:09.302-03:00Se As Eleições Fossem Na USP<div align="justify">Ouvi ontem no rádio do carro os resultados de mais uma pesquisa IBOPE. Não guardei os números, até por não prestar muita atenção neles. Mas o resutado me chamou a atenção. Se o Brasil fosse a USP - pena que não somos - a Marina Silva estaria eleita. Em segundo lugar viria o Serra e a Dilma apenas em terceiro. Embora vote no Serra, escolho sempre quem tem mais chances de impedir o mal pior, entendo com muita simpatia a opção dos estudantes da maior universidade do país. Quando se verifica que os dois candidatos principais não apresentaram, por razões diferentes, seu programa de governo, é de se estranhar que estejam tão bem posicionados. A Dilma teve o seu plano vetado pelo PMDB que o considerou muito à esquerda - já estão mandando antes de assumirem - e o Serra, por sua vez, por ser centralizador demais, preferiu não ter de submeter suas intenções ao restante dos tucanos. Sempre muito cético com relação ao futuro de nosso país, e nunca raivoso como alugumas pessoas acham que sou, acredito em um futuro melhor se, e apenas se, um dia investirem em educação.</div>Unknownnoreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-75414024630093088852010-09-09T16:41:00.003-03:002010-09-09T17:30:29.572-03:00Eleições II<div align="justify">Eu estou convencido - também sou capaz de me convencer - que não vivemos uma democracia adequada. Aliás, considero que estamos muito longe de viver um processo de escolha de nossos representantes minimamente conveniente. Enquanto tivermos grupos de pesquisa divulgando estatísticas, e ranqueando os candidatos durante todo o processo eletivo, o resultado estará amplamente comprometido. Não basta fechar as torneiras numéricas apenas nas vésperas das eleições. Elas influenciam, ajudam as pessoas a decidirem, criam falsas expectativas. Infelizmente, muitos ainda preferem votar com a maioria, enxergam a coisa toda como um jogo em que precisam sair vitoriosos. A questão se agrava quando pensamos na fragilidade ética de nossas instituições. Elas facilmente são corrompidas, a possibilidade de manipulação de dados é sempre muito concreta. A única forma de garantirmos isenção e lisura é proibindo todo e qualquer anúncio de posições de candidatos desde o início, até o conhecimento do resultado final. Já li a respeito de trapalhadas realizadas pelo IBOPE, que partidos pagariam para verem seus quadros melhor posicionados, que os institutos procuram agradar aos seus clientes da melhor maneira possível. Basicamente há uma boa margem de manobra já que o período eleitoral é longo e só há necessidade de exatidão naquilo que os jornais publicam nas vésperas de irmos às urnas. Não adianta sermos adiantados em termos de tecnologia, proclamarmos os vencedores num piscar de olhos, se o STE ainda não percebeu - ou será apenas mais conveniente? - que eleição é uma coisa muito séria, diferente das apostas que o povo faz na Megasena.</div>Unknownnoreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-38664575721803350922010-08-23T18:25:00.002-03:002010-08-23T19:10:29.348-03:00Eleições<div align="justify">Escrevo com a certeza de que irei desagradar muita gente. Paciência, já passei da idade de precisar andar enturmado. Embora o momento político atual me dê engulhos, vejo com tranquilidade a quase certa eleição da Dilma. É claro que prefiro o Serra, disparado, e nele irei votar, mas é apenas uma opção pessoal e não política. Qual a a real diferença entre PT e PSDB no terreno das ideias? Nenhuma. Os dois são partidos que abandonaram a esquerda e se posicionaram ao centro, quase sobrepostos. Talvez esteja aí a maior dificuldade entre eles. O incômodo de disputarem a mesma posição, a falta de espaço. Lula e Fernando Henrique fizeram governos idênticos. Gastos públicos exorbitantes, violência, saúde precária, educação ridícula, denúncias de corrupção, falta de uma eficiente reforma política, juros altos e impostos estratoféricos. As diferenças correm por conta de conjunturas mais ou menos favoráveis. Se o momento atual coloca na mesma canoa - furada? - o atual presidente, a sua candidata, Sarney, Collor e Maluf, além de quadros oportunistas do PMDB, seguem no mesmo barco tucano o ex-governador, Quércia, Cesar Maia e as raposas velhas de sempre do DEM. Cadê a ideologia? Não cabe mais em nosso mundo, não dá tempo. Somos agora o país do futuro. Enquanto a China fabrica tudo o que se consome por aí, e a Índia segue seu destino de <em>back-office</em>, alguém precisa plantar para o mundo comer, não é mesmo? Dilma, ou muito improvavelmente Serra, irão tocar nossa fazendinha verde e amarela exatamente do mesmo jeito. </div>Unknownnoreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-28371682482502441602010-08-13T16:46:00.002-03:002010-08-13T17:14:50.712-03:00Bloody Stones<div align="justify">Enquanto a Farah Diba, que acaba de completar setenta anos, vive exilada há mais de três décadas, o governo revolucionário iraniano, visto com tanta simpatia pelo nosso país, prepara-se para executar mais uma mulher. Incrível como o mundo dá voltas. O regime monárquico anterior era bem menos violento, matava com maior parcimônia. Talvez minha lógica seja canhestra, mas consigo entender melhor a rivalidade quando é no campo político. O homem sempre fez guerras no terreno das ideias, acho mais natural, embora nunca justificável, que regimes totalitários cometam excessos, enfrentem aqueles capazes de subverter a ordem imposta por eles, com exagero. Quando a violência, porém, resolve punir comportamentos, enxergo o mundo com tamanho desprezo, que chego a ter vergonha de ser gente. Que não me venham dizer que estamos em seara religiosa, que a coisa toda faz parte da cultura de um povo. Cultura de merda! Esse negócio de jogar pedra em mulher só cabe em música do Chico. A Geni dele era ficção, liberdade poética e crítica. Acusar alguém de adultério e matar por isso é uma desgraça medonha e assustadora. Prefiro o Irã do Xá. Dos males o menor.</div>Unknownnoreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-30054602644407477992010-07-14T11:36:00.004-03:002010-07-14T12:16:39.760-03:00Whore-house<div align="justify">Não sei se é a tala no dedo mindinho de minha mão direita que me tolhe os movimentos ou apenas o mau humor provocado pela chuva, mas acho que o mundo virou um lugar insuportavelmente chato. Pouco me interessa se Brunos mataram alguém, se cachorros comeram mãos, pés ou sei o que lá de Elizas, se existem polvos capazes de acertarem o campeão de uma Copa do Mundo, se as ações da Petrobrás estão terrivelmente desvalorizadas, se Fideis Castros reapareceram em público - achava que já tinham morrido -, se é mais arriscado fazer ou receber sexo oral, se Penélopes Cruzes e Javieres Bardens se casaram no início do mês, se Larissas Riquelmes - o que são mesmo Larissas Riquelmes? - torcem para o Paraguai, se existem programas chamados American Idols, ou se apareceram <em>serial killers</em> matando cães em cidades do interior. Vou lá para dentro ler Machado de Assis. </div>Unknownnoreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-53270157027372293782010-06-24T13:59:00.002-03:002010-06-24T14:35:29.044-03:00Maria<div align="justify">Maria morreu recentemente. Era minha amiga, perdeu para o câncer e deixou um <em>blog</em>. Outro dia fui visitá-lo, procurar um pouco de alegria. Ela era bastante divertida, tinha verve. Os donos passam e eles ficam, embora assombrados. Encontrei palavras tristes que me fizeram chorar. As mesmas que me faziam rir. Letras e imagens de luto. E ficarão lá, guardadas na blogosfera para sempre. Nada mais estranho que entrar em uma casa eletrônica morta. Os dedos vacilam no <em>login, </em>tremem desconfiados. Os posts, já frios, me deixam sem graça. Sinto vontade de fazer um comentário. Para quem? Um vento gela minha nuca. Tudo está lá e estará. Abandono involuntário, sem despedidas. Não encerramos blogs antes de partir. </div>Unknownnoreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-72160621061932148272010-06-14T20:00:00.002-03:002010-06-14T20:06:16.626-03:0012o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens<div align="justify">Os cariocas agora não podem reclamar. Estarei lançando <em>O gato que cantava de galo</em> no Rio de Janeiro, na próxima quarta-feira, 16/06/2010. Para quem tiver interesse, mando o link do evento:</div><div align="justify"> </div> <a href="http://www.fnlij.org.br/salao/">http://www.fnlij.org.br/salao/</a>Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-13671319859807704412010-04-15T20:09:00.003-03:002010-04-15T20:33:09.363-03:00O Gato Que Cantava De Galo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYb0T8B_PBmEnF_say-gvTBT1v34g4E9Y5pEp3H9behHnkXEfJIsjp034VzyH-RvYnjm6niIYBoFXNBg9PqVx9D89Km6UvAhl2e6EEcf6P4AbjeiiDv50PezUpZxVHYLBi5FBFZQ/s1600/Convite_Gato_que_cantava%5B2%5D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460508963066017074" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 385px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYb0T8B_PBmEnF_say-gvTBT1v34g4E9Y5pEp3H9behHnkXEfJIsjp034VzyH-RvYnjm6niIYBoFXNBg9PqVx9D89Km6UvAhl2e6EEcf6P4AbjeiiDv50PezUpZxVHYLBi5FBFZQ/s400/Convite_Gato_que_cantava%5B2%5D.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Mais um livro! Lançamento é sempre uma oportunidade bacana de reencontrar os amigos. Ocasião em que a gente tenta, numa curta fração de tempo, dizer nas dedicatórias tudo o que sentimos pelas pessoas de quem mais gostamos. E normalmente falhamos, ficamos afobados, mortos de medo de esquecer os nomes daqueles que sabemos prefeitamente quem são. Letra horrível, agonia boa!<br /></div><br /><div></div>Unknownnoreply@blogger.com39tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-49205222718650414362010-03-12T14:42:00.003-03:002010-04-06T21:50:36.112-03:00Women<div align="justify">Deixei passar batido a oportunidade de homenagear as mulheres no dia adequado. Faço-o agora. Ando cada vez mais impressionado com a força do chamado sexo frágil. As meninas estão arrebentando, quebrando tudo, não vai ficar pedra sobre pedra. Nós, os marmanjos, não damos nem para o cheiro. Em todos os campos elas levam vantagem. Cada vez que tenho a oportunidade de avaliar um grupo misto, lembrem que trabalho agora analisando potencial de candidatos a cargos diversos nas empresas, surpreendo-me com as diferenças. A gente perde feio. Elas estão mais bem preparadas, ganham em inteligência, perspicácia, sensibilidade, em praticamente todos os quesitos. Percebo um ritmo que as levará ao domínio total de nosso mundo. E ainda bem, há esperança para a humanidade. Já vamos tarde! Quem sabe elas conseguem corrigir os erros que cometemos? Boto a maior fé.</div><div align="justify">Li outro dia um artigo que me deixou revoltado com o nosso jeito de ser. Vocês sabiam que em dias de visita os presídios femininos ficam às moscas? Nós, os machos, não visitamos as mulheres presas, pois rapidamente procuramos esquecê-las. Pais, filhos, namorados, todos as abandonam à própria sorte. Não há necessidade de encontros íntimos. Imaginem se um homem vai confessar publicamente que só transa em datas predeterminadas? Somos realmente pequenos demais.</div><div align="justify">Só espero que não considerem minhas palavras um declaração de voto na Dilma. Como tudo na vida, existem exceções.</div>Unknownnoreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-21421413404849167822010-01-27T12:47:00.003-02:002010-01-27T12:58:16.581-02:00Escola do Escritor<div align="justify">Sempre gostei de dar aulas. O contato mais próximo com as pessoas é para mim estimulante, gente é o meu grande barato. É portanto com bastante alegria que terei oportunidade de trabalhar na <a href="http://www.escoladoescritor.com.br/home.php">Escola do Escritor</a>, ministrando oficinas de texto no mês de março. Se alguém quiser participar, acho que passaremos momentos agradáveis e produtivos. As inscrições podem ser feitas através do link citado.</div>Unknownnoreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-54035723929495955502010-01-09T18:37:00.003-02:002010-01-09T20:31:22.378-02:00A Dream Band<div align="justify">Imaginem uma banda com John Lennon no vocal e guitarra base, Eric Clapton na guitarra solo, Keith Richards no baixo (quem diria!) e na bateria o lendário Mitch Mitchel. Acho que dá para fazer um som legal, não é mesmo? Começo o ano fugindo a uma norma que criei neste blog, a de só postar textos, nunca imagens. É que quero fazer uma homenagem ao amigo Márcio Gaspar, que sempre nos brinda com boa música no <a href="http://http//www.quasepoucodequasetudo.blogspot.com/">Quase Pouco de Quase Tudo</a>. A conversa entre John Lennon e Mick Jegger é divertida, ouçam até o final. Curtam! </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxzgI26mY6mqariC1HXR7YdPGbKS1G0YR2kKZTUtqck2hSTb81KV52-oVzz8s6AJaJ9x7tNM5_p30o' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe>Unknownnoreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-7035259044511431482009-12-24T07:07:00.003-02:002009-12-24T08:09:35.893-02:00Atribulações de Papai Noel<em><span style="font-size:85%;">Graciliano Ramos Dez/1939</span> </em><br /><span style="color:#ffffff;"><em>*</em></span><br /><div align="justify">Batida meia-noite, pingados os primeiros minutos de 25 de dezembro, Papai Noel estirou o braço, apertou na parede o botão do comutador, espreguiçou-se e, chateado, bocejando, sentou-se na cama. A luz da lâmpada iluminou-lhe a cara vermelha e raspada, as sobrancelhas brancas, a calva brilhante.</div><div align="justify">Ainda uma vez aquela obrigação anual e cacete de enfeitar-se, deixar o cômodo apartamento do arranha-céu e largar-se pelas ruas, a oferecer brinquedos aos meninos. Entrado em anos, começava a enjoar-se da profissão: desejava aposentar-se e fazia tempo que pedira um substituto.</div><div align="justify">Levantou-se, escancarando a boca, exibindo a brancura sã dos dentes postiços. Dirigiu-se ao banheiro, deitou pasta de dente na escova, ficou algum tempo ocupado com a higiene.</div><div align="justify">Voltou enxugando-se, os beiços contraídos pelo gosto excitante do dentifrício. Tirou o pijama, vestiu a camisa e as cuecas, arreliado, lançando um olhar rancoroso ao calendário que se pendurava por cima da mesa, junto a um <em>crayon</em> de Portinari. Meteu-se na roupa encarnada, ajeitou a gola de arminho ao espelho e calçou as botas, resmungando: por que era que o Estado Novo não lhe suprimia as funções, conservando-lhe os vencimentos?</div><div align="justify">Enquanto pensava em redigir algumas notas sobre a reorganização do serviço, pregou a barba na cara descontente, arrumou no crânio o chinó, tomou o cajado, foi ao quarto vizinho e atirou às costas o enorme saco cheio de brinquedos. Veio de lá, capenga e corcunda, apagou a luz, saiu, trancou a porta, encaminhou-se ao elevador. O ascensorista, incomodado, àquela hora da noite, desceu-o rosnando.</div><div align="justify">Papai Noel pisou na calçada e, batendo solas no asfalto, andou em muitos bairros, entrou em muitas moradas, distribuindo convenientemente os objetos que levava.</div><div align="justify">Às criança ricas ofereceu bicicletas, álbuns de figuras, cavalos de rodas, bonecas falantes, automóveis e estradas de ferro em miniatura; às pobres deu espingardas de folha, apitos, balãozinhos, cornetas, bolas de borracha e outras miudezas da casa de CR$ 4,40. E todas as crianças ficaram satisfeitas: porque as primeiras não saberiam brincar com espingardas e cornetas, as segundas teriam receio de sujar os cavalos e os livros de figuras. A distribuição era razoável: não prejudicava hábitos adquiridos, não atentava contra a natural diferença que há entre os meninos, não estabelecia confusão no espírito deles.</div><div align="justify">- Porque enfim, refletia Papai Noel, apitos e gaitas valem uma fortuna para o garoto que não possui nada; automóveis e estradas de ferro pouco interesse despertam no pequeno que tem um quarto cheio de trapalhadas semelhantes. Assim, o que devemos fazer é dar coisas preciosas aos indivíduos que não precisam delas e deixar trastes sem valor aos necessitados. Acho que há muita sabedoria nisto. </div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">*</span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><em> <span style="font-size:85%;color:#000000;">trecho de Atribulações de Papai Noel, extraído do livro Linhas Tortas, Record, 10a Edição, 1983</span> </em></span></div>Unknownnoreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-589484890606342892009-11-22T13:33:00.006-02:002009-11-23T19:14:02.490-02:00Epílogos<div align="justify"><span style="color:#000000;">Meu querido tio James Amado publicou, em 1965, as obras completas de Gregório de Matos. O grande poeta baiano nasceu em 1635. Dedico este poema ao meu amigo Jayme Serva, do </span><a href="http://http//www.ditoassim.blogger.com.br/"><span style="color:#000000;">Dito Assim</span></a><span style="color:#000000;">, também ótimo versejador. Incrível como nosso país não muda, permanece ainda na época do Boca do Inferno.</span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span></div><div align="justify"><span style="color:#000000;"><strong><span style="color:#cc6600;">Epílogos</span></strong></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Que falta nesta cidade?................Verdade<br />Que mais por sua desonra?...........Honra<br />Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />O demo a viver se exponha,<br />Por mais que a fama a exalta,<br />numa cidade, onde falta<br />Verdade, Honra, Vergonha.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.<br /></span>Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio<br />Quem causa tal perdição?.............Ambição<br />E o maior desta loucura?...............Usura.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Notável desventura<br />de um povo néscio, e sandeu,<br />que não sabe, que o perdeu<br />Negócio, Ambição, Usura.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Quais são os seus doces objetos?....Pretos<br />Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços<br />Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Dou ao demo os insensatos,<br />dou ao demo a gente asnal,<br />que estima por cabedal<br />Pretos, Mestiços, Mulatos.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos<br />Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas<br />Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Os círios lá vêm aos centos,<br />e a terra fica esfaimando,<br />porque os vão atravessando<br />Meirinhos, Guardas, Sargentos.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />E que justiça a resguarda?.............Bastarda<br />É grátis distribuída?......................Vendida<br />Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Valha-nos Deus, o que custa,<br />o que El-Rei nos dá de graça,<br />que anda a justiça na praça<br />Bastarda, Vendida, Injusta.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Que vai pela clerezia?..................Simonia<br />E pelos membros da Igreja?..........Inveja<br />Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Sazonada caramunha!<br />enfim que na Santa Sé<br />o que se pratica, é<br />Simonia, Inveja, Unha.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />E nos frades há manqueiras?.........Freiras<br />Em que ocupam os serões?............Sermões<br />Não se ocupam em disputas?.........Putas.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Com palavras dissolutas<br />me concluís na verdade,<br />que as lidas todas de um Frade<br />são Freiras, Sermões, e Putas.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />O açúcar já se acabou?..................Baixou<br />E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu<br />Logo já convalesceu?.....................Morreu.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />À Bahia aconteceu<br />o que a um doente acontece,<br />cai na cama, o mal lhe cresce,<br />Baixou, Subiu, e Morreu.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />A Câmara não acode?...................Não pode<br />Pois não tem todo o poder?...........Não quer<br />É que o governo a convence?........Não vence.</div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">.</span><br />Que haverá que tal pense,<br />que uma Câmara tão nobre<br />por ver-se mísera, e pobre<br />Não pode, não quer, não vence.<br /></div></span><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;"><blockquote><div align="justify"><span style="color:#000000;"><blockquote><blockquote></blockquote></blockquote></span></div></blockquote></span></div>Unknownnoreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-87307990744054043452009-09-14T10:44:00.003-03:002009-09-14T12:29:26.274-03:00Stone Age<div align="justify">A Idade da Pedra não acabou por falta de pedras. Ouvi a frase outro dia e achei ótima. Ilustra bem a situação em que nos encontramos. Quando todos sabemos que é necessário, para que o mundo sobreviva ao aquecimento global, investir-se em energias limpas, não poluentes, corremos atrás de mais petróleo, com toda soberba que caracteriza nosso governo. Para variar estamos, mais uma vez, na contramão da história. Não dá pra engolir o Pré-sal, até por ser salgado demais, em todos os sentidos.</div>Unknownnoreply@blogger.com39tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-9448836727096491182009-08-22T14:55:00.004-03:002009-08-29T17:31:56.565-03:00Taxi<div align="justify">Acabo de ler o delicioso <a href="http://www.taxitramas.com.br/">Taxitramas, diário de um taxista</a>, livro do Mauro Castro, conhecido e competente bloggeiro. Talvez por ser invejoso, querer escrever com a mesma fluência, arrisco também um pequeno relato. </div><div align="justify">Outro dia peguei um taxi. Corrida curta que o tráfego complicado transformou em oportunidade de prolongado bate-papo. O motorista era jovem e falava pelos cotovelos. A mesma reclamação de todos. O entusiasmo com que o município vem multando as infrações de trânsito em São Paulo tem sido tão grande, que as queixas aparecem em cada esquina. Contou-me sobre um médico conhecido dele. A figura comprou um carro e registrou como sendo da sogra, velhinha entrevada e desabilitada, para tentar fugir do acúmulo de pontos que acabaria por suspender-lhe a licença para conduzir o veículo. Achei a idéia boa, ainda não tinha pensado nela. No trajeto passamos por alguns radares. Agora em cada esquina existe um, com diversas funções: punir excesso de velocidade; verificar se o indivíduo está burlando o dia do rodízio; se ultrapassou o farol vermelho. É claro que como tudo em nosso grande país desimportante, o intuito não é educar, ensinar o povo a andar dentro de normas civilizadas. O negócio é faturar, encher os cofres da administração, autuar o cidadão. E então o Jurandir, nessa altura já sabia o nome do rapaz, fez-me uma confissão, em tom um pouco mais baixo. Contou-me que à noite, na madrugada fria paulistana, reune uns camaradas e sai detonando os delatores eletrônicos. Quebram o maior número possível, em um valente olho por olho, dente por dente. Fiquei calado ouvindo. Meu primeiro impulso foi condenar a atitude. Afinal são equipamentos caros, comprados com o dinheiro de nossos impostos. Mas já estávamos chegando ao meu destino. Paguei a corrida, nos despedimos. Desejou que eu fosse com Deus. Sempre acho engraçado quando falam assim. Dentro do elevador, senti vontade de quebrar a câmara que me vigiava.</div>Unknownnoreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-78232098947450660392009-08-08T17:16:00.003-03:002009-08-08T17:44:18.804-03:00Síndrome de Down<div align="justify">Já contei aqui outras vezes, quem me lê sabe que tenho um hábito bem paulista: freqüento padarias (ainda vou usar o trema por um tempinho). Além de ser fanático por pão, gosto de provar os mais variados, tenho enorme curiosidade em observar as pessoas. Sou mais ou menos assíduo em uma chamada La Plaza, que fica na avenida Sumaré. Tem um astral muito agradável, o atendimento é simpatissíssimo, as meninas que servem beijam a gente, tudo muito informal. Há também a vantagem de que as mesinhas ficam ao ar livre, de frente para uma praça. Normalmente tomo cafá da manhã lá, às vezes almoço. Hoje, estava saboreando o honesto filé à parmeggiana que fazem, quando uma cena me paralizou. Um casal jovem sentou-se à minha frente. Chegaram de mãos dadas, acomodaram-se, pediram refrigerantes. Os dois tinham síndrome de Down e usavam aliança na mão esquerda, mostravam-se bem carinhosos entre si, casados. Só mesmo em Sampa. Alguém já tentou calcular a probabilidade deste casório acontecer? Seria legal pedir para a minha antiga professora Albanezi, craque na matemática, temida no Dante Alighieri, calcular. Lembrei-me também de minhas aulas de biologia no colégio, com o professor Cezar: trissomia do cromossoma vinte e um. Mas quem disse que amor precisa de ciência?</div>Unknownnoreply@blogger.com40tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-84301974674771392592009-08-05T19:42:00.002-03:002009-08-05T20:28:56.269-03:00Break On Through<div align="justify">Tenho saudade da minha juventude. A gente transgredia, quebrava regras, não compactuava, morria se fosse preciso. E era gostoso poder desaparecer, contestar, arriscar o pescoço até o limite da razão. Muitos de nós partiram para melhor coerentemente íntegros, plenos de idéias. Tínhamos o que dizer. Dava orgulho poder argumentar, discutir, ter fé nas palavras, crer no futuro impossível. Desafiávamos. Hoje os meninos são bonzinhos, verdadeiros santos. Fazem caridade e trabalham em ONGs. </div>Unknownnoreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-41285436335501906282009-07-30T16:53:00.002-03:002009-07-30T17:58:43.914-03:00Bullying<div align="justify">O menino ficou nu na frente do espelho. Fechado em seu quarto, procurou em cada pedaço da carne exposta. Olhou debaixo dos arranhões, apalpou os vergões, seguiu com o dedo a ferida purulenta mais antiga, a casca começando a se formar. Sentiu na boca o gosto amargo do coração machucado de morrer. Limpou do rosto, com a palma da mão cortada, o sangue diluído nas lágrimas. Engoliu um soluço que teimou em subir, invadindo a garganta rouca de gritos. E antes que o corpo se desfizesse, insistiu em buscar onde desligar a dor. Nada encontrou. Solitário, resolveu desistir. Abriu a janela e voou para longe dali, arrepiado de frio.</div>Unknownnoreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-56941534917374301602009-07-24T15:06:00.004-03:002009-07-24T15:12:58.313-03:00Reforma Ortográfica<span style="font-size:130%;">- Cadê o seu chapeuzinho, </span><br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#ffffff;">x</span><br />não me diga que perdeu? </span><br /><span style="font-size:130%;color:#ffffff;">x</span><br /><span style="font-size:130%;">- Quem, eu? Fui mais é roubado, </span><br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#ffffff;">x<br /></span>só me deixaram o nexo.</span><br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#ffffff;">x<br /></span>- Sigo agora meu <strong><span style="color:#cc6600;">voo</span></strong>, </span><br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#ffffff;">x</span><br />estranhamente pelado, </span><br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#ffffff;">x</span><br />saudoso do circunflexo.</span>Unknownnoreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-30800849.post-49884702915734885762009-07-20T09:56:00.002-03:002009-07-20T10:33:24.678-03:00Back To The Blog<div align="justify">Em uma de suas músicas Cazuza diz: "adoro um amor inventado". Outro dia peguei-me pensando nestes versos. Os bons poetas nos fazem refletir sobre as palavras. Não seria todo amor, antes de qualquer coisa, fruto de nossa imaginação? Creio que sim. Primeiro acreditamos que gostamos e somos correspondidos, encontramos então quem tenha a mesma fé com relação a nós mesmos e, inspirados, antecipamos em nossos corações as mais variadas alegrias: teremos a melhor transa, receberemos o mais belo sorriso, passearemos de mãos dadas, ouviremos, apaixonados, os sinos tocarem junto da mulher amada, até que morte nos separe. A emoção nos afastando da realidade, plenos de expectativas criadas e recriadas, felizes. O bom do amor é que é irreal em sua origem. E permanece, para sempre, se for verdadeiro, inventado, e inventando-se.</div>Unknownnoreply@blogger.com35