O tempo passa nos trazendo surpresas. O futuro quase inexiste tão intimamente está ligado ao presente. O ritmo frenético dos acontecimentos vomita, diariamente, novidades difíceis de digerir. Sem muito questionamento abraçamos tudo, moderninhos, loucos para parecermos atuais, perfeitamente adaptados ao existir-tecnológico. Tudo isso tão naturalmente arraigado ao nosso cotidiano, que vez em quando nos surpreendemos, se o inusitado acontece.
Estar desplugado é condição assustadora, virou pesadelo.
Fico sabendo de um escândalo em família. Minha sobrinha, estudiosa, chegou em casa programando realizar um trabalho para o colégio. Encontrou, desespero dos desesperos, o computador sem acesso à Internet. Fez o que sempre faz, correu para casa de minha mãe, a avó, pretendendo chorar as pitangas em colo quente. Lá, acalmada a gritaria de queixas, mergulhada em carinho abundante, ficou sabendo de uma coisa estranha, a existência de enciclopédias. Foi apresentada aos livros que os tios utilizavam quando tinham a sua idade. Mal pode acreditar. Aqueles tomos amarelados possuíam tudo o que precisava. Índice, acesso rápido, independência total de eletricidade, comodidade, podiam ser carregados para todo o canto. Sentou-se, acomodou o grande volume sobre a mesa da sala, pesquisou, achou o que desejava. Com letra bonita e caprichada, exigência de quem é obrigada a evitar o velhaco copiar-colar, escreveu a lição.
Adoro quando o passado chega de mansinho pregando peças.