Sou romântico, desde criança acumulo heróis pela vida. A maioria é de ficção, conheci em livros que me apaixonaram. Outros, bem poucos, são reais.
Acho importante que tenhamos nossos exemplos, referências, pessoas que admiramos e que fizeram pelo próximo, com bravura, o que a maioria não fez. É através do olhar colocado neles que conseguimos valorizar o mundo em que vivemos. Sempre que minha fé pela humanidade diminui, o que é cada vez mais freqüente, lembro dessa gente com valor acima da média.
O que aconteceu com o rabino Henry Sobel me comoveu. Por tudo o que representou no período da ditadura, pela dignidade com que enfrentou o aparato militar denunciando, resistindo, arriscando-se em favor da justiça. Há muitos anos o vejo como um dos símbolos do que há de melhor em nossa sociedade. Sempre o vi falando, com seu imutável sotaque americano, coisas decentes. Como não sou judeu fico à vontade para afirmar: é um de meus heróis vivos.
Prefiro acreditar que esteja doente, com algum problema que lhe afete a percepção das coisas, a memória, a capacidade de discernir. Não me digam outra coisa.