segunda-feira, julho 30, 2007

Light As A Feather

Sou de família alagoana pelo lado paterno. Ouvi durante toda minha vida algumas preciosidades que vêm de lá, nem sempre politicamente corretas. Coisas que o tempo e a vontade popular se encarregaram de manter inalteradas. Relativamente aos homossexuais, por exemplo, desde que eu era bem menino, e os critérios com o que se dizia bastante reduzidos, havia máxima que meu bisavô Américo repetia, com certa freqüência, ao menor descuidado que tivessem com a masculinidade, quase como uma sentença:
- Não pareceu pode ser que seja, pareceu é.
Ainda hoje a frase, embora não mereça ser repetida, parece-me curiosa.
As feministas que me desculpem, mas papai dizia que na terra dele, mulher só estava autorizada a dizer três coisas: "Pra dentro menino!"; "Xô, galinha!" e "Sim, senhor.".
As coisas mudaram um pouco de uns tempos para cá. Em casa quem manda é Lady Cordélia, falo pouco mais do que as valorosas nordestinas.
Sábado, o frio comendo solto, recebi a ordem. Deveria descer o edredom que estava guardado no armário. Como manda quem pode, obedece quem tem juízo, executei a tarefa. Busquei a coberta que estava embutida no ponto mais difícil de se alcançar, bem no alto. Quase despenquei da escada durante o esforço, conseguindo queimar a orelha no lustre.
O ninho ficou lindo. Nosso belíssimo acolchoado de penas de ganso, lençóis e fronhas novos, dignos das melhores revistas do ramo. Fomos dormir certos de que o frio não nos alcançaria. Lembrei-me até do jingle antigo, aquele das casas Pernambucanas:
- Não adianta bater, eu não deixo você entrar...
Como sou bom de cama, durmo praticamente antes de encostar a cabeça no travesseiro, caí imediatamente nos braços de Orfeu, bivô que não me ouça.
Nada como um aconchêgo. Os sonhos começaram tranqüilos, calmos. Aos poucos, não me perguntem a razão, foram ficando mais agitados. Estava em uma casa que não conhecia. As chamas, labaredas enormes, haviam me cercado. Pesadelo. Acordei suando, o corpo inteiro queimando, sem entender direito o que acontecia. Não demorei muito sem explicação. A porcaria do cobertor tinha cumprido sua função, me aquecido até quase o cozimento. Passei o resto da noite entre o inferno e o pólo Norte. Quando me cobria, escaldava, se me afastava das cobertas, morria de frio.
Pela manhã, acabrunhado, ouvi o comentário feliz da patroa:
- Você não adorou minha idéia de pegar o edredom?
Sinto demais pelos gansos. Não entendo como carregam aquelas penas o tempo todo.

sexta-feira, julho 27, 2007

Smoke Gets In My Eyes

Desconfio de médicos. Já vi coisas de arrepiar o cabelo, sem entender ou saber explicar, mistérios para minha pobre compreenção. A palavra sedar passou a me assustar. Deveria ter apenas o sentido de acalmar aquilo que estava excitado ou perturbado, mas ganhou significado diferente. Tem para mim propósito de sentença de morte. Pessoas após muito sofrimento são controladas, "desligadas" quimicamente do mundo, depois de concenso médico, e caridosamente encontram "paz", morrendo em poucas horas. Estranho.
Sexta-feira. Entrei no quarto do hospital com medo. Penumbra. Recebera a notícia de que meu pai, finalmente, havia sido internado. Haviam me garantido que seria assim, tudo exato e planejado. Apenas deixaria nossa casa quando estivesse próximo do momento derradeiro. Cuidariam para que não sofresse. Mamãe, sentada em uma cadeira no canto, tinha aparência triste, resignada. Meu irmão em pé, sem saber direito onde colocar as mãos, nariz vermelho, calado. Paredes brancas, enrugadas de gesso. Pedi licença, dirigi-me ao banheiro à direita, aliviei-me longa e demoradamente, sem pressa, nervoso. Voltei e com susto sempre maior, depois de ter evitado ao máximo o contato visual, fixei os olhos no leito. Dormindo, entubado, respirando forte e pausadamente, fazendo ruídos que não mais esqueci, alongava um gesto amplo, mão e braço atuando juntos. Trazia um cigarro imaginário até os lábios, aspirava o sabor fictício tragando com visível deleite, expirava como tantas vezes o vira fazer. A cena inusitada teve efeito esmagador sobre mim. Nunca soube muito bem como lidar com o inesperado, detesto surpresas. Devem ter percebido. Explicaram-me ser aquela espécie de ritual macabro normal. Demonstrava que, mesmo sedado, meu pai sentia falta do vício de tantos anos.
E então a fumaça daqueles cigarros imaginários começaram a dominar o ambiente. A solidão daquele corpo esparramado no colchão, rodeado de aparelhos, cutucou-me nos pontos mais sensíveis. Senti os olhos arranhando, ardendo, garganta inflamada. Pouco consegui enxergar depois. E realmente, como estava determinado, ele não sofreu. No dia seguinte estava morto.

terça-feira, julho 24, 2007

Phone Call

- Alô!
- Oi, mãe. Você está ocupada, pode falar?
- Tanto faz.
- Tudo bem com você, tanto faz é resposta?
- Tudo. É que eu estou um pouco rouca.
- Resfriada?
- Por falar muito é que não é. Vivo aqui nessa solidão, sem ver ninguém.
- Só falta um fundo musical de violinos...
- Você pensa que minha vida é fácil, fechada nesse apartamento o dia inteiro?
- Mãe, eu conheço você. Mal pára em casa, está sempre na rua, dirige, tem carro, não sai do cinema.
- E você queria que eu vivesse trancada?
- Qual a razão desse mau humor, está mesmo gripada?
- Qua nada, não sei o motivo dessa rouquidão besta.
- Então o que é?
- Um pouco preocupada?
- Com o que? Fala logo.
- Eu só me preocupo com meus filhos e netos.
- Comigo não há de ser, estou em casa, deitado em minha cama.
- Sua irmã é maluca!
- Isso eu sempre soube.
- Viajaram para a praia nesse fim de semana.
- Eles viajam o tempo todo.
- Acabaram de sair para o Rio, pela Rio-Santos.
- Qual o problema, estão em férias?
- A Joana e a Manu queriam ver alguma coisa do Pan, compraram ingressos para a final feminina do basquete. Eles sempre fazem as vontades das meninas, ainda vão estragar as coitadinhas.
- Que programa bacana!
- Você é louco?
- A Mariana maluca, eu louco, só faltou o Rogério.
- Ele é débil mental...
- Você está bem de filhos.
- Não é culpa minha.
- Mas qual o motivo da preocupação?
- Você sabe que eu não gosto deles por essas estradas.
- Seria melhor se fossem de avião, saindo e voltando para Congonhas?
- Aí eu internava todos.
- Então qual é problema?
- Logo no Rio? Lá é tão perigoso...
- Mãe, você é carioca, nunca imaginei ouvir isso.
- Nem eu queria ter que dizer.

sexta-feira, julho 20, 2007

My Favourites!

Gosto desse tipo de brincadeira. O amigo Adelino, do Mais Ou Menos Nostalgia, pediu-me que revelasse os cinco livros que mais me agradaram. Depois deverei escolher cinco amigos que terão o mesmo trabalho. Para mim é diversão. Nada é capaz de mobilizar-me mais. Meu entusiasmo pela leitura só faz aumentar, virou espécie de febre. Mergulho no assunto sempre com prazer renovado. Vamos lá!
*
A Montanha Mágica - Thomas Mann
Li o livro em fase importante de minha vida, ainda jovem. Era momento de estabelecer valores, encontrar referências, crescer como indivíduo. A história de Hans Castorp, combatendo solitário nos Alpes suiços uma tuberculose, desligando-se gradativamente do tempo, da carreira e da família, misteriosamente atraído pela doença e morte, fascinou-me. A crescente introspecção do rapaz, fez-me compreender e aceitar que a solidão muitas vezes era necessária. Os ideais liberais e conservadores, evidenciados e discutidos na obra, ajudaram em meu posicionamento. É muito difícil explicar uma paixão, declarar de bate-pronto qual a melhor experiência, mas aqui não tenho dúvida, foi a leitura que mais me impressionou. Até por ser sempre a primeira que conscientizo quando me fazem essa pergunta.
*
Guerra e Paz - León Tolstói
Costumo recordar onde estava, o que fazia, o que senti ao ler um livro que me foi importante. Talvez pela força da emoção. Cresci ouvindo falar desse "tijolo". Meu pai sempre foi um entusiasta da literatura russa. A alegria dele, quando me viu interessado por essa história de duas famílias durante as guerras napoleônicas, encheu-me de coragem. Enfrentei a empreitada com muita disposição. Passava férias em Itanhaém, na praia, casa de amigos. A noitinha sempre me encontrava na varanda, esparramado em uma rede, o vento acalmando minha pele queimada de sol, virando o número interminável de páginas. Completamente apaixonado por Natasha Rostova, personagem maravilhosa, concluí o romance. Final das férias de fim de ano.M
*
Em Busca do Tempo Perdido - Marcel Proust
Encontrei em Proust o detalhe, a surpresa ante o bem escrito, o entendimento dos limites que o ato de escrever podia atingir. Nenhum outro escritor me fez prestar tanta atenção nos cenários, no entorno, na força que a descrição podia ter. Nele, a sofisticação e o evidente esnobismo, sempre me pareceram completamente adeqüados, inseridos em um contexto delicioso. Sempre que me imagino aposentado, podendo ficar tranqüilamente lendo, é a obra que tenho nas mãos. Imagino meu fim relendo Proust.
*
Orgulho e Preconceito - Jane Austen
Acho divertida a maneira como muitos se referem ao texto. Não é, tenho a mais forte convicção, apenas uma história de amor. São muitos os aspectos que poderiam ser discutidos. O livro mereceria uma leitura mais cuidadosa. Os afoitos, certamente, mudariam de opinião. Para mim, sempre interessado nos aspectos humanos e nas relações entre as pessoas, fica muito marcada a lição que Elizabeth, a heroína, uma das cinco filhas dos Bennet, nos ensina. Ao evidenciar que a primeira impressão nem sempre é a mais certa, amplia nossos horizontes. A pressa no julgamento pode nos levar a erros. Aqueles que num primeiro contato despertam nossa antipatia, nem sempre são o que achamos.
* E*
A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón
Não poderia deixar de falar sobre alguma coisa lida mais recentemente. Estrondoso sucesso de vendagem, ambientado na Barcelona franquista da primeira metade do século XX, é ao mesmo tempo poético e irônico. Fiquei preso praticamente do início ao fim da leitura, interessadíssimo nas aventuras de Daniel, às voltas com o cemitério dos livros esquecidos. Recomendo!
*
Para completar a brincadeira indico os amigos:
A Vida Em Palavras - Alena Cairo
Sturm Und Drang! - Denise Rangel
Infinito Positivo - Ery Roberto
ontanha

quarta-feira, julho 18, 2007

A Complete Disaster

Trabalho em uma empresa que presta serviços na área de informática para um banco. Uma das coisas mais importantes nessa área, e estou no ramo há cerca de trinta anos, é analisar os riscos. Tudo o que puder ser feito para que os desastres não aconteçam, deve ser cuidadosamente elaborado. Sabemos que os problemas ocorrem basicamente por dois motivos: mudanças mal planejadas e ausência de manutenção preventiva. Toda uma estratégia tendo como foco essas duas variáveis, está no cotidiano de quem trabalha com IT (Information Technology). As autorizações para que os ambientes sejam modificados são dadas após farta documentação, rigoroso estudo, processos que o tempo vem apurando, melhorando, tornando cada vez mais precisos. Basicamente não se mexe em nada sem que a direção da companhia entenda a razão daquela solicitação e permita. Sempre nas madrugadas de sábado para domingo, quando a utilização dos sistemas é menor. A razão presente no coração de todos é preservar o ambiente para o cliente do banco. Aquele que tem conta na instituição merece todo o respeito do mundo, é a razão de nossa existência pois paga, em última instância, nossos salários.
O governo desse país não nos vê do mesmo jeito. Nossas vidas há muito deixaram de ser importantes, se é que algum dia foram consideradas. Não consigo entender como permitem o uso de um aeroporto como o de Congonhas. Colocar a existência de pessoas em cheque, diariamente, sem a menor possibilidade de defesa, é de uma irresponsabilidade ignóbil. Não há carinho, nem consideração, por quem vota e paga os impostos. A falta de amor pelos brasileiros é de uma crueldade com a qual, cada vez mais, tenho dificuldades em conviver. O povo é um estorvo que precisa ser enganado, ludibriado, calado. Que se explodam os aviões, percam-se todas as balas em peitos inocentes, chorem lágrimas até que sequem. Os mortos não podem vaiar.

sexta-feira, julho 13, 2007

Jogging

Cresci em casa onde se abominava o esporte. Meu pai, uma das pessoas de hábitos mais sedentários já vista, fumante inveterado, dizia ser o esporte coisa de gente burra. Precisei impor-me para ser diferente. Eram outros tempos. Não havia o respeito pela atividade física existente hoje. Provavelmente, se passássemos por alguém correndo ao ar livre, acharíamos singular, tomaríamos o indivíduo por louco. Freqüentemente, quando me via saindo para jogar futebol o velho, sarcástico, questionava-me sobre se já ia machucar-me. Tudo por conta de uma ruptura de ligamentos no tornozelo sofrida em ocasião jamais perdoada.
Gosto de corridas de rua. O esporte oferece-me dois prazeres, desafia-me estabelecendo limites a serem vencidos a curto prazo, coloca-me em contato próximo com pessoas que têm o mesmo objetivo. Quem nunca participou de uma dessas provas não pode imaginar o quanto são divertidas. Há nelas um clima de afabilidade não encontrado facilmente. Todos ajudam-se, incentivam-se, preocupam-se verdadeiramente com quem está ao lado, cúmplices. Os mais velhos declaram sua respectivas idades como troféus, orgulhosos de si próprios. Ouve-se muita risada, comentários sobre provas anteriores, estranhos conversam como se fossem amigos.
Uma das provas mais bacanas é a São Silvestre. Por tudo que a envolve: dificuldade do percurso, quantidade de participantes, calor intenso e data. Considero a mais charmosa de todas e dificilmente perco a chance de disputá-la.
O frenesi da largada é diferente. A excitação, comum no início de todas as corridas, vai num crescente quase insuportável. Quando chega o grande momento, e soa a sirene liberando a turba, explodem músculos e pernas em movimentos outrora represados, agora livres. O sentimento de euforia e felicidade é quase tangível. Gente dos mais variados tipos, muitos fantasiados, iniciam 15 quilômetros de sacrifício. Amanhã o ano será novo.
*
Subindo a Brigadeiro Luiz Antônio encontro-me em dificuldades. Meu poder de negociação está quase esgotado. Aquela vozinha interior, imperativa, emudeceu. Já não consegue manter-me repetindo os movimentos, continuar, perdeu toda autoridade. O corpo dói-me inteiro. Levanto a cabeça, vejo a subida que ainda falta. Desanimo, começo a caminhar. Ouço então um grito. Uma senhora idosa salta da calçada, muito séria, sacodindo-me pelo braço cheia de razão:
- Você está louco! Se já chegou até aqui continue, a Paulista está pertinho.
Sou preenchido por uma força anônima. Reinicio o galope entre o agradecido e envergonhado. Não paro mais. Atinjo a mais bonita das avenidas feliz, cruzo a chegada correndo, baixando o tempo do ano passado. É tudo o que planejei. Sinto-me o mais inteligente dos homens.

terça-feira, julho 10, 2007

Punk Baby

Estação Trianon do metrô, hora de voltar para casa. Caminho cabisbaixo carregando o dia difícil nas costas. Ouço a campainha chamando assim que deixo a escada rolante. Corro e pulo dentro do vagão, a porta fecha-se atrás de mim em um estrondo mal educado, já não as fazem como antigamente. Respiro fundo, recomponho-me, equilibro-me desengonçado depois que o carro arranca. Ao meu lado um ser estranho. Pele escura coberta de tatuagens, brincos nas orelhas e nariz. Os pêlos ralos do rosto, escondidos, foram substituídos por desenhos sem nexo. Falsas costeletas azuis torneadas em arabescos entrelaçados descem quase até o queixo. Uma lágrima negra, fixada para sempre, posicionada abaixo da pálpebra direita, dá um ar triste e divertido ao indivíduo. Responde alguma coisa à mulher que o acompanha. Conversam cúmplices embalados pelo balanço morno da condução, pendurados. A enorme pena colorida enfiada nos cabelos da moça dá-lhe um ar apache, saia comprida e blusa curta, umbigo com pingente à mostra, dizeres escritos nos braços e pernas. Feitos um para o outro. Surpreendentes. Nisso um grito fino de criança vem quase do chão. Baixo os olhos curioso, ainda não tinha reparado naquele detalhe. Em um carrinho prosaico o menino novinho ri olhando o pai que lhe faz um agrado, anéis em todos os dedos, carinhoso. Os cabelos, cuidadosamente penteados e coloridos, formam enorme crista engomada. Mal contenho a vontade de rir. O bebê é punk.

sexta-feira, julho 06, 2007

Vinicius de Moraes

"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."
*
Encontrar gente famosa às vezes me confunde. É difícil separar as lembranças. Aumenta com os anos a minha dificuldade em distingüir lendas da realidade, o prensenciado do ouvido, a memória pregando-me peças o tempo todo. Freqüentemente sou corrigido por pessoas afirmando não ter aquilo acontecido, provavelmente ciladas de uma vocação para ficcionista. Encanto-me com histórias muitas vezes irreais, altero-as de maneira tênue à cada repetição, acabo transformando-as em verdades convenientes à minha imaginação.
Tenho quase certeza de ter conhecido Vinicius de Moraes na casa de Jorge Amado, em Salvador, no verão de 1978. O poetinha era sujeito afável, mais para o gozador, forte sotaque carioca chamando-me a atenção. Aos quatorze anos, fã incondicional do artista, fui incapaz de falar muito. Fiquei observando de longe, basbaque. Percebi o carinho com meu pai, admirado. Conheciam-se?
As meninas do meu tempo gostavam de poesias. Cedo percebi que recitá-las poderia ser um diferencial. Sabia de cor, por exemplo, a parte falada do Samba da Bênção. Era comum, ao tocarem a música, pedirem para que eu dissesse as palavras. Conquistei, com Vininha ao meu lado, algumas mocinhas.
Mais tarde, um pouco mais velho, após sua morte, escrevi e dirigi um show em homenagem a ele. Coisa de menino apaixonado, inconsolável com a perda prematura. Ainda hoje recordo a emoção que senti, no clube Paineiras do Morumbi, ao ver meus amigos cantando no palco.
Certa vez papai esteve na casa do poeta. Quando tocou a campainha, foi recebido por um cão São Bernardo enorme, vindo lá de dentro latindo. Vinicius, atendendo, pediu ao bicho que se calasse:
- Quieto, Graciliano!
O velho estranhou:
- Puxa, Vinicius, você pôs o nome do meu pai no cachorro?
Rindo, ele respondeu:
- Você conhece melhor nome para um São Bernardo do que Graciliano?
No próximo dia 9 de julho não irei trabalhar, farei feriado. A maioria aqui em São Paulo estará comemorando o dia do Soldado Constitucionalista. Eu, um pouco rebelde, prestarei homenagem a Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes que, aos nove anos de idade, pressentindo o poeta que seria, foi com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e alterou seu nome para Vinicius de Moraes.
*
Vinicius de Moraes: 19/10/1913 - 09/07/1980

segunda-feira, julho 02, 2007

Sete Maravilhas da Blogosfera

Fui homenajeado pelos amigos: Mário, Cris, Marília, Vivien, Aninha e Valter com o prêmio Sete Maravilhas da Blogosfera. Agradeço a todos o carinho que me dão. Pelo regulamento do concurso devo fornecer minhas sete escolhas, o que sempre me é difícil. Vamos lá:
Abraços a todos.