sexta-feira, dezembro 01, 2006

Merry Christmas!

Feliz Natal! Perdoem-me a pressa. Tenho medo de esquecer de enviar meus votos. Dezembro começou trazendo o desatino de fim de ano. Correria muita. Trânsito pesado, comércio ensandecido, um frenesi que não se explica. Todos querendo encontrar o melhor presente mais barato, exercício prático popular da relação custo-benefício. Graças aos malefícios que infrigimos à mãe natureza temos, pelo menos esse ano, uma folguinha no calor. O clima tem estado ameno, chovendo como nunca choveu nessa época, o meio ambiente completamente descontrolado. Que bom!
Acho que já deu para perceber que não sou muito fã de Papai Noel. Tenho um sentimento ambíguo com relação às festas natalinas. Se estou fora do país, longe da família, consigo até emocionar-me. Principalmente se me encontro em lugar frio. O ar sombrio do inverno, emoldurado pelas luzes coloridas dos enfeites tradicionais, tem para mim charme especial. Gosto de caminhar pelas calçadas sentindo o vento gelado no rosto, bem agasalhado, observando a maneira toda particular e diferente da nossa com que o europeu, por exemplo, se comporta nessa época. Tornam-se crianças, fantasiam-se de bons velhinhos ingenuamente excitados, alegres, incorparando coletivamente o espirito da paz. Aqui e ali se agrupam em pequenos corais e cantam bem ensaiados. As músicas, por sinal, nos lembrando que é tempo de fraternidade.
Por aqui é diferente. O povo quer mais é trocar presentes e se empanturrar. Nada mais desagradável que a noite do dia vinte e quatro. Vestiremos roupas novas e partiremos para o sacrifício. Ano após ano participamos desse jogo com regras tão bem estabelecidas. Na casa do parente da vez chegaremos carregados de presentes. As crianças estarão muito mais barulhentas que o razoável, de olho nos embrulhos sob a árvore. O ar estará carregado de odores fortes, salgados e doces, já que uma profusão enorme de pratos estará sendo preparada. E então, sorrisos tatuados no rosto, conversaremos. Quando estivermos cansados de conversar, com fome, loucos para comer as delícias que a fartura de cheiros anuncia, conversaremos mais um pouco, aguardando os retardatários. Haverá sempre aquele que precisou passar na casa de alguém antes. A fome, com certeza, ficará cozinhando. Quando estivermos prestes a atacar o pé da mesa, chegará a hora mais esperada: amigo secreto. Horas ouvindo explicações estúpidas sobre como nos vêem. Ganharemos o que não queremos e daremos o que gostaríamos que quisessem. Chegará enfim o momento da ceia, e o que mais sentiremos é sono e vontade de ir embora. Será que faltou alguma coisa? Acho que não. Então, mais uma vez: Feliz Natal!

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