terça-feira, dezembro 26, 2006

Boxing Day

Diferentemente do velho Noel, não tenho mais saco para o Natal. Felizmente chegamos ao dia vinte e seis. Ultrapassamos as aborrecidas festas de todo o ano com uma chateação adicional: não há aqui o Boxing Day. Estivéssemos em UK e teríamos mais um feriado. Algumas teorias explicam a existência dessa data celebrada em alguns países da comunidade britânica. A que mais me convence diz que nos tempos feudais os lords presenteavam seus súditos, depois das festas natalinas, com uma caixa (daí o box) com: roupas, grãos e ferramentas. Como tinham trabalhado no dia anterior, servindo os seus senhores, recebiam o dia para estar com as famílias.
Uma sobrinha declara, sorridente e feliz, ser a festa que mais espera no ano. Não sabe bem a razão. Talvez os inúmeros presentes, quem sabe os deliciosos pratos, fica dividida na hora de escolher. Agradeço pela parte que me toca. Imaginava, tolamente, que pudesse ser o fato de estar com os tios.
As televisões forçam a barra. Mostram uma cabelereira emocionada. Para ela, um dia especial. Em um hospital maternidade faz gratuitamente o cabelo de algumas jovens mães pobres. É recompensador vê-las com seus bebês e bonitas, explica. Voluntários levam brinquedos para as crianças de uma favela. Impressionante a volúpia com que se atiram às caixas coloridas, estapeando-se, depois de aguardar horas em uma fila. Tudo emocionante e adequado.
Músicas, corais, árvores enfeitadas, luzinhas piscando, comerciais vendendo de tudo por conta do bom velhinho, exploração barata dos sentimentos, estaremos livres disso até o próximo ano. Perdoem-me os que gostam de ser piegas.

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