quarta-feira, dezembro 27, 2006

Burning Hot Weather

Quem é que agüenta uma temperatura dessas? Varo as noites despido, o ventilador zunindo, e acordo grudado de suor. Pela manhã, mal saio do banho, sinto-me encharcado antes mesmo de vestir o terno. São Paulo já foi a terra da garoa. Era fresquinho por aqui, clima ameno, podia-se trabalhar engravatado sem maiores problemas. Agora é esse inferno, essa África, verdadeiro deserto de concreto. A impressão que tenho é que piora a cada ano. Um grau aqui, outro ali, caminhamos para o derretimento total. Na próxima década, do jeito que vamos, estaremos todos liqüefeitos.
Eu quero a minha camada de ozônio intacta de volta! Andar sentindo o vento frio no rosto. Subir os ombros e aquecer as orelhas no cachecol. Tomar um chá fumegando e me perceber aquecido, reconfortado. Dormir abraçado com a patroa, parar de me esgueirar na cama horrorizado ao menor contato febril, corpos em fogo. Morro por um mundo de sombras e água fresca, longe desse sol que me persegue, se intromete, inunda tudo dessa claridade morna, pegajosa, espécie de mau hálito em três dimensões. Desejo a compostura de um dia de inverno. Roupas sóbrias e pesadas. Poder tirar os óculos escuros sem franzir a testa. Calor não é comigo. O tempo, como tudo nesse mundo, enloqueceu.

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