terça-feira, agosto 29, 2006

You Are Fired!

Tenho visto maus exemplos na televisão. Embora exista uma grande confusão nas empresas com relação à maneira adeqüada de se tratar os funcionários, o que tem sido exibido nos reality shows é no mínimo um mau exemplo. Em tempos de metas apertadíssimas, ânsia desesperada por participações nos lucros, competição por fatias de um mercado dificílimo, ainda é o capital humano o diferencial capaz de alavancar os negócios, situando as companhias em patamares mais elevados.
O "Você está demitido!", tantas vezes veiculado, é uma aberração. Em primeiro lugar pela ameaça explícita. Não se trabalha assim. É evidente que todos sabemos da conseqüência imediata a que estamos sujeitos, quando não exercemos com a qualidade necessária nossas funções. No cotidiano, porém, esse fardo não é assim tão evidente. Além disso, nossos empregadores sabem que um bom ambiente é fundamental para os ganhos de produtividade. Não são bobos. Valorizam o trabalho em equipe. Incentivam a união entre as pessoas, o foco no resultado, o espírito de cooperação. Martelam em nossa cabeça toda sorte de conceitos para nos tranqüilizar: fazemos parte de um grupo vencedor, pertencemos a uma das melhores empresas para se trabalhar, o RH está sempre atento às nossas mínimas necessidades. E nos julgam pela performance, empurrando para que façamos cada vez mais, com menor custo.
Aí está o maior problema. Nem sempre quem produz mais é melhor funcionário. Discuto muito sobre isso. O que faz o grande trabalhador é o entusiasmo. O prazer em levantar diariamente, o orgulho em pertencer a uma organização, a facilidade no relacionamento com seus pares, a disposição em cooperar. O sentimento que aflora ao vestir-se a camisa de uma empresa é o carinho por ela, a alegria por integrar no seu mais puro significado: o de tornar inteiro, completo, incorporado, ser integrante. A performance é conseqüência desse estado. Quando aparece em estado bruto, muitas vezes, é acompanhada de egoísmo. Vejo muita gente difícil, com altos índices de produção. Isolam-se, esquivam-se do convívio com os colegas, viram máquinas. São, quase sempre, um calvário para seus gestores. As empresas, nem sempre, percebem essa contradição. Valorizam esses indivíduos problema.
Recentemente reencontrei um rapaz com quem trabalhei no ano passado. Na época a mulher dele estava com câncer. Um caso complicado, gente muito jovem, com um filhinho de dois anos. Lembro da conversa que tivemos. Combinamos que ele daria total prioridade à vida particular. Hoje, muito tempo depois, a esposa recuperada e com saúde, falou-me da importância que eu tive para ele naqueles dias tão difíceis. Declarou-se religioso e me contou que eu estava sempre em suas orações.
Acho que é por aí. A gestão tem de ser antes de tudo fraterna. Não pode gerir gente, quem não gosta de gente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lord,
Apoiado!nada como ser um homem justus digo, justo. Quer trabalhar comigo? Kisses, Lady Madonna

Lord Broken Pottery disse...

Lady,
Se você me arranjar um emprego por aí, vou correndo.
Kisses