sexta-feira, março 23, 2007

Prejudice

Recentemente envolvi-me em gostosa polêmica com a Aninha, de O meu jeito de ser, sobre educação e preconceito. Eu havia afirmado num comentário em seu blog, considerar o preconceito uma das demonstrações mais abjetas da falta de educação. De lá para cá pensei muito sobre assunto, revi um pouco meu conceito. A minha afirmação talvez seja preconceituosa. Parte do princípio que é condição necessária para quem tem preconceito não ter educação. Será?
Como sempre faço quando quero pensar fui ao dicionário. Precisamos primeiro definir o que é preconceito. Está lá no Houaiss:
preconceito

■ substantivo masculino
1 qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico
1.1 idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão
2 atitude, sentimento ou parecer insensato, esp. de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância
Pressupõe-se que o preconceito apareça sem exame crítico, maior conhecimento, ponderação ou razão. É assumido em conseqüência de generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio.
A pergunta é: alguém com boa educação pode ter preconceito? Me parece que sim. Indo mais a fundo todos nós, de alguma forma, temos os nossos. Em maior ou menor grau as dificuldades com o diverso, com tudo o que não pertence ao nosso mundo e ao nosso entendimento, ao nos assustar nos faz menores. Temos que humildemente aceitar esse fato e tomar cuidado, estar constantemente vigilantes, para não sermos pequenos demais.

13 comentários:

valter ferraz disse...

Caro Lord Broken-pottery, foi ao ponto. Pré-conceito já é per sí, preconceito. Desconhecimento não é desculpa para nossos preconceitos diários. Quem diz não ter preconceito algum, corre o risco de ter/ser sem se dar conta. Um olhar arrevezado, uma pequena intolerância com o colega que sempre dá bola fora no ambiente de trabalho, aquele porteiro que sempre tem uma piadinha inconveniente ou até para não sair do nosso mundinho aqui, aquele postzinho que faz o maior sucesso entre os amigos blogueiros sempre tráz consigo um preconceito por menor que seja.
É isto.
Ah, a Aninha leu comigo e comenta assim que eu desocupar a moita, sabe como é, não?
Abraço grande

Anônimo disse...

Pessoas com boa educação, no mínimo, tem preconceito em relação à pessoas sem educação.

Anônimo disse...

Lord, teminha bom para uma longa discussão. Sabe por que? Depende muito de que preconceito estamos tratando.Há os sociais, étnicos, religiosos, políticos, de raças etc...Ser preconceituoso como princípio é falta de tudo, e sobre-tudo de inteligência, mas alguns pré-conceitos são transmitidos exatamente pela educação recebida. Dos pais, das Igrejas ,das escolas etc. Não é fácil ver isso aqui entre nós no Brasil, mas nos Estados Unidos, em Israel, alguns paises africanos, na França, opa, tem muito de preconceito vindos da educação. Ou não?

Anônimo disse...

Concordo com o Edu, mas, fora os hábitos arraigados, há uma perversidade no preconceito, e quem o tem, sabe que ele existe. E tenta disfarçá-lo, ou manifesta-o afrontosamente.
abraço, garoto

O Meu Jeito de Ser disse...

Lord, obrigada por voltar ao assunto.
Como disse o Eduardo, o tema é interessante e dá muito que falar.
Ponto fundamental citado por você: Temos que ficar vigilantes,pois podemos ser preconceituosos sim à qualquer momento e por qualquer motivo.
Então percebe aí, que podemos dizer que isto está muito mais arraigado à nossa formação do que própriamente à nossa educação?
Sim, porque eu poderia citar aqui um milhão de exemplos, mas vou citar este: Uma família tem um filho (a) homossexual. Prá quem é mais fácil aceitar isso? Ao pai ou a mãe?
Eu digo que à mãe, porque o pai foi criado para ser macho. (formação)
Ainda assim, não discordo que a ignorância engrossa o cordão de preconceituosos. É fácil falar de preconceito em pessoas que não tiveram oportunidde de ter uma formaçã cultural melhor.
Mas isto já me deu idéia, e talvez vire outro post.
Quem sabe vamos envolver mais gente no assunto,é interessante.
Um beijo e bom final de semana.

Lord Broken Pottery disse...

Valter,
Acho que me aproximei mais da verdade. Às vezes, no calor da emoção, afirmo coisas que depois, melhor pensadas, revelam-se não verdadeiras. De qualquer maneira valeu pelo quanto o assunto é instigante (tenho preconceito com relação a essa palavra).
Abração

Peri,
Muito verdadeira a sua afirmação. Qual de nós já não se pegou com esse tipo de preconceito?
Abraço

Eduardo,
Interessante a sua observação sobre as divesas matizes de preconceitos. Por que será que alguns são mais bem tolerados? É claro que o racial nos agride a todos, mas estamos cansados de, muitas vezes, exibirmos, mesmo que veladamente, preconceito social. Meu pai, nordestino, queixava-se muito do ambiente anti-nordestino que encontrou em São Paulo. Assunto para muitos posts.
Grande abraço

Denise,
É o que mais me incomoda no preconceito: a perversidade. O preconceito tem uma base vil.
Beijão

Aninha,
Eu é que tenho de agradecer a você. Os temas que nos fazem pensar, refletir sobre nossas atitudes, nos fazem melhor. É um dos motivos de estarmos aqui nos comunicando, trocando idéias, exercitando saudavelmente nossa argumentação e inteligência.Quando você me citou no seu blog, me fez reconsiderar o que havia dito, repensar minha afirmação. Isso foi muito importante para mim. Nem sempre consigo, num primeiro momento, rever adeqüadamente meus conceitos, mas quando isso acontece é sempre enriquecedor.
Obrigado!
Beijo

Anônimo disse...

É verdade, Mani. Todos nós temos alguns, embora lutemos contra, ou não reconheçamos públicamente. Mas que aflora de quando em quando, é inevitável, e vergonhoso.

Anônimo disse...

e julgar para ser julgado pode? batida igual e combinada.

Lord Broken Pottery disse...

Mani,
Concordo com você. Também os tenho e me faz mal constatá-los. Me sinto pequeno, burro, ridículo.
Beijão

Eduardo,
Talvez seja a vergonha que sentimos um caminho de aprendizado. Cada vez que nos envergonhamos com nossos próprios preconceitos evoluimos um pouco.
Abraço

Eliana,
Não deveria poder mas é o que mais fazemos. Julgamos o tempo todo.
Beijão

Anônimo disse...

Fecho total c/ a Aninha e acho q uma maneira de superarmos os pré-conceitos é tentar nos colocar no lado do outro, ver o q há do outro (será q tão outro ?) em nós e tb. reconhecê-lo em si. Formação e informação para podermos refletir sobre o q recebemos como formação e informação. E muito contato com as emoções, os sentimentos + recônditos. Bj.

Lord Broken Pottery disse...

Sibila,
É por aí, bem resumido.
Beijão

Anônimo disse...

nossa, as vezes é super difícil não dar foras nesse sentido, principalmente para gente bocuda como eu.

Lord Broken Pottery disse...

Lucia,
Que de nós não deu algum?
Beijão