terça-feira, novembro 28, 2006

Ungodly

Somos de fato uma nação infeliz. Quando parece que alguma coisa está decente, nos conformes, andando com se deve, claro que por acaso pois nada é planejado, alguém percebe e resolve mexer para piorar.
O Ministério da Educação fará, no início do próximo mês, um evento para discutir temas ligados à diversidade e à inclusão educacional. Até aí tudo bem, ponto para eles. Acontece que aproveitarão para debater a volta, de forma facultativa, do ensino de religião em escolas da rede pública. Está previsto na Constituição e na LBD (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Bacana, não é mesmo?
No Rio de Janeiro, desde o final de março, metade dos alunos da rede pública, graças à Rosinha (que não é a Minha Canoa), estão às voltas com o criacionismo. Aprendem que o homem foi criado do barro e a mulher da costela de Adão, 145 anos depois de Charles Darwin publicar "A Origem das Espécies".
Desde que eu era pequenininho, muito tempo faz, essa coisa absurda de aula de catecismo nas escolas tinha sido abandonada. Até por não fazer sentido. Além do Estado dever se abster de palpitar nessa seara, somos um povo com múltiplas crenças. Ensinaríamos qual religião nas classes?
Parece que os intelectuais do governo, responsáveis pela educação do país, não perceberam que o assunto é sempre foco de tensão no mundo inteiro. Morre-se em muitos lugares por divergência de credos. Seria o fim começarmos essas disputas em nossos colégios. Tínhamos, fortuitamente, de forma natural e mansa, chegado ao estado atual. Religião se aprendia em casa, com os pais, cada um a sua e na sua. Depois o fulano podia virar carola, trocar de crença, desacreditar, pregar em qualquer freguesia. Liberdade de culto sempre foi uma bênção em plagas brasileiras. Pelo visto os pensadores do modelo futuro não são macacos velhos, estão loucos para por a mão em cumbuca.

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