terça-feira, novembro 07, 2006

Cecília Meireles

Ainda não disse que gosto de poesia. Gosto muito. Novembro é para mim, e deveria ser para mais gente, um mês dedicado a Cecília Meireles. Ela nasceu no dia 07, hoje, em 1901, e morreu depois de amanhã, no dia 09, em 1964. Considero a poesia dela linda, delicada, de uma força extraordinária, e frágil ao mesmo tempo. Ela escreveu uma vez: a vida só é possível reinventada. Os poetas não cansam de nos ensinar. A poesia, sobrevivendo, nos completa.
Cecília Meireles
Depois do sol...

Fez-se noite com tal mistério,
Tão sem rumor, tão devagar,
Que o crepúsculo é como um luar
Iluminando um cemitério . . .

Tudo imóvel . . . Serenidades . . .
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!

Oh! Paisagens minhas de antanho . . .
Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . .
— As nuvens passam desiguais,
Com sonolência de rebanho . . .

Seres e coisas vão-se embora . . .
E, na auréola triste do luar,
Anda a lua, tão devagar,
Que parece Nossa Senhora
Pelos silêncios a sonhar . . .

2 comentários:

Anônimo disse...

Lord,
Outro dia ouvi uma frase assim,de um poeta famoso, que dizia mais ou menos isso - a realidade está lá. E precisa do olhar de um poeta para que se faça luz e ela desperte, acenda. Bonito isso, tão bonito quanto o olhar de Cecília Meireles.
Kisses, Lady Madonna

Lord Broken Pottery disse...

Lady,
O olhar de Cecília Meireles é mais real que a realidade. Em todos os sentidos.
Kisses