quarta-feira, novembro 22, 2006

Free Hugs

Já recebi o filminho pela Internet, já vi pela televisão. Um rapaz carregando uma placa onde se lê: Abraços Grátis, posta-se em uma rua de grande movimento. O fundo musical tem letra bonita, o todo é comovente. De início nos choca a solidão do moço. Oferece-se com sorriso tímido, magro, frágil, cabeludo, movimentando-se e olhando para todos que passam. Há que se enternecer com a figura. Os olhares que lhe dirigem são curiosos, às vezes até debochados. Afastam-se balançando a cabeça, divertidos.
Então um senhora muito pequena, vestida pobremente, se aproxima um pouco encabulada, relutante. Dirige-se ao jovem e abre os braços. Estreitam-se carinhosamente. Embora não se conheçam há muita emoção no jesto, parecem velhos amigos. O primeiro encontro catalisa os próximos. De repente o homem não está mais só. Pessoas param para receber o brinde que é de graça. Passamos a assistir a uma exuberância de estreitamentos das mais variadas matizes. Gente que nunca se viu apertada em braços estranhos, aconchegada. Gostando do próximo. É como se tivéssemos diante dos olhos uma performance psicodélica dos anos sessenta.
A cena funciona como laboratório. Estamos mais acostumados a ver violência explodindo. Os linchamentos, outra manifestação coletiva, iniciam-se também por imitação, só que do ato espúrio. Ainda não tinha testemunhado o povo ampliado assim por um sentimento bom, preocupado em receber e dar amor gratuitamente. Nem sempre ele é assim incondicional. Foi bonito de ver essa festa de paz.

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