terça-feira, outubro 03, 2006

He Had a Narrow Escape Today

Sempre que um avião cai, ouvimos histórias sobre alguém que desistiu de voar no último instante, ou foi impedido de embarcar por algum motivo. Os comentários, invariavelmente, falam a respeito da sorte do fulano. O povão, sabiamente ingênuo, prefere repetir que ainda não tinha chegado a hora dele. Parece ser senso comum que existe um momento, previamente determinado, para que passemos dessa para outra, rotineiramente chamada de melhor. Agora não foi diferente. A televisão chegou a exagerar, descobrindo quem esteve em duas ocasiões nessa mesma situação e sobreviveu. Não adianta, quando não está escrito no destino, não há o que consiga causar dano, dizem.
No caso em questão temos mais um argumento a favor da tese. Um avião grande, enorme, choca-se contra um pequenino jato. Autêntico caso de David contra Golias. O maior despenca lá de cima, morrem todos os passageiros e tripulantes. O menor recupera-se, consegue estabilizar-se, descobre uma pista de pouso no meio da mata e aterriza. Sete sobreviventes. Mais uma vez a questão àcima. Não há registro de quem tenha sobrevivido a um choque aéreo entre aviões. A lógica não é clemente com dois corpos que se chocam a oitocentos quilômetros por hora cada, frontalmente, no ar. Desengana todos. Não era o dia dos americanos.
Difícil analisar essas questões de sorte e azar. Esforço-me bastante para não pensar nelas, desacreditando o mais que posso. Preferiria poder dizer que não existem, até por serem conceitos totalmente desvinculados da justiça. Não há justiça na sorte, nada mais injusto que o azar. Se realmente for uma questão temporal, se estivermos no local, naquele momento, por ter chegado nossa hora, que parem todos os relógios.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lord,
Que situação estranha essa. Também tive o mesmo sentimento de incredulidade que você tão bem soube dizer. Ou será escrever?
Bye, Lady Madonna

Lord Broken Pottery disse...

Dizer escrevendo, I hope.
Kisses