quinta-feira, julho 20, 2006

Help!

Não se trata de música dos Beatles, é mesmo um pedido de socorro, um grito de desespero, está muito difícil de agüentar.
Sempre fui um sujeito cuidadoso. Levo meus compromissos a sério. Não sou de chegar atrasado, pago as contas nas datas do vencimento, lembro de aniversários, guardo coisas nos locais adeqüados, tudo muito correto. Por isso mesmo sempre tive uma vida tranqüila, sem sobressaltos. De uns tempos pra cá, porém, a desordem se instalou. É como se um outro Lord Broken Pottery tivesse tomado conta de mim, menos britânico, sem a menor fleuma. Virei um cara atarantado, correndo atrás de consertar coisas que o destino, ou eu próprio, destruímos. Um inferno!
Desde ontem as coisas conseguiram piorar, atingiram um nível insuportável, motivo do meu desabafo.
Como qualquer mortal costumo usar o banheiro ao levantar. Dei descarga e vi a água subir, subir, até transbordar e molhar o assoalho. O vaso sanitário entupido. Corri para buscar pano e desentupidor. Quando passei pela cozinha e acendi a luz ouvi um estouro. A escuridão persistiu, lâmpada queimada. Abri o armário, tateando, para pegar uma nova. Não tinha.
Fui para a academia. Fazer ginástica é bom para tirar o stress, esfriar a cabeça. No vestiário, depois de duas horas malhando, abri minha mochila. Toalha, sabonete, cinto, lenço, desodorante... E os sapatos? Pois é. Um engraçadinho ainda sugeriu que eu fosse trabalhar de tênis. De terno e tênis ficaria mais fashion. Peguei o carro e fui banhar-me em casa.
Apesar de tudo atrasei-me pouco para o serviço, só que meu crachá não abriu a porta. Como é que eu tinha deixado vencer o prazo de renovação do acesso? Não sei. Trabalho há vinte e seis anos no mesmo lugar, foi a primeira vez que aconteceu. Só consegui chegar em minha sala duas horas mais tarde, depois de falar com todo o corpo burocrático da empresa. Abri a agenda e verifiquei os compromissos do dia. O que aquela conta vencida estava fazendo ali? Teria que enfrentar a fila do banco depois do almoço, nada de pagamento via Internet. Aproveitei para tentar comprar uma lâmpada nova, já que a função é minha. Em casa temos tarefas masculinas e femininas. Coisas relativas a eletricidade são para meninos. Quem souber me informe, pelo amor de Deus, onde acho uma lâmpada de 150 watts e 127 volts. Cansei de procurar. Quase enforquei uma chinesa, num mercadinho, que queria que eu levasse uma de 150 watts e 200 volts. Quando expliquei, em bom português, que precisava ser de 127 volts, me olhou como se eu fosse um jumento. Respondeu-me, em bom chinês, ou coisa parecida, que a "râmpada" que eu queria não existia, e que a de 200 volts era boa e "balata". Foi quando tive certeza que estava mesmo ficando maluco. Todo aquele tempo querendo comprar o que não existia, talvez por isso mesmo estivesse tão difícil.
Cheguei em casa ainda um pouco atordoado. Que dia! Lar, doce lar. Uma sopinha, um pouco de televisão e cama. A noite estaria salva. Esfeguei as mãos contente. E então percebi que faltava alguma coisa na minha esquerda. Por caridade: como é que uma aliança de ouro, que você não tira nunca, some de seu dedo? Não é de se arrancar os cabelos que não tenho?
O que será que vai acontecer hoje? Já comprei um anel novo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Lord,
Isso é pergunta que se faça? não precisa acontecer mais nada. Sugestão: vai dormir e esquece este pesadelo. Kisses, Lady Madonna

Anônimo disse...

Será que vc ao se limpar sujou o dedo e sua aliança caiu entupindo o vaso? A Lia não mandou vc, hoje, dormir no sofá?
Abraço solidário
Primo Iêhehe

Lord Broken Pottery disse...

Queridíssima Lady,
Já achei a lâmpada. Não tinha nenhum gênio dentro mas iluminou a cozinha. Bom que ela existisse, me senti menos louco. Estou quase esquecendo o pesadelo.

Lord Broken Pottery disse...

Caro primo Iê,
Isso aqui é um blog sério. Sem escatologias, imagens sujas, palavras de baixo calão. Lembre-se, é escrito por um lord.