segunda-feira, julho 31, 2006

Haste Makes Waste

Dizem que vivo no passado. Certo. Gosto mesmo de lembrar, de buscar na memória coisas que aconteceram. Sentir saudade faz parte de minha personalidade. Tento o mais que posso não comparar as épocas. Seria injusto com o presente.
Há muitos anos, quando comecei na informática, o mundo impressionava-se com as velocidades obtidas.
O diretor chegou cedo. Nós, os operadores do turno, fôramos prevenidos. Viria conhecer as novas impressoras adqüiridas pelo banco. As mais rápidas do mercado, capazes de imprimir uma enormidade de linhas por minuto.
Olhar sério, mãos para trás, caminhava ouvindo atentamente o matraquear ensurdecedor das máquinas. O papel, puxado com extrema velocidade, acumulava-se nos escaninhos. Às vezes o executivo parava, fixava o olhar, franzia o cenho. Depois continuava, sempre muito sério, sem falar com ninguém.
Então ouvi um palavrão. Um de meus colegas não se contivera. O papel se acumulara de maneira incorreta em um dos equipamentos até rasgar. O tampo que fechado, tornava o processo um pouco mais silencioso, abrira-se automaticamente, denunciando a falha decorrente da ação extremamente rápida e contínua.
Então o homenzinho, do alto de seu poder, aproximou-se do acidente. Aparentemente ignorando o impropério, analisou o ocorrido, curioso. Balançou a cabeça, coçou o queixo, suspirou e afastou-se, concluindo:
- A pressa é inimiga da perfeição.

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