Recebo um telefonema de minha tia Luísa. Pergunta se li o artigo do João Ubaldo que saiu no domingo. Ao saber que não, dana-se:
- Como não leu? O Estadão de domingo deveria ser comprado sempre, vale pelas crônicas dele.
Explico que concordo, mas não tive tempo.
Divido com vocês o texto. Humor característico que me fez cair uma vez de uma cadeira, em Salvador, de tanto que ri. Poucos têm um riso tão contagiante como João Ubaldo. Quando se juntava com o saudoso artista plástico Calasans Neto, enfileirando piadas, em uma espécie de competição doida e divertida, não havia que conseguisse ficar sério.
*
*
Gil, sem Jorge você talvez fosse só uma hipótese
João Ubaldo Ribeiro (Estadão - 14/10/2007) *
*João Ubaldo Ribeiro (Estadão - 14/10/2007) *
*****Acho que tenho de dar umas explicações antes de começar, principalmente para os que não gostam muito de baianos. O que vou escrever pode parecer até uma carta — e, de certa forma, é —, mas uma carta de interesse público. E interesse de todo o Brasil, razão por que não merece ser tida como apenas um papo da baianada, que devia ficar circunscrito a ela, sem chatear quem não tem nada com isso. Mas podem crer que todos os brasileiros têm alguma coisa com isso, até mesmo os que não a enxerguem ou admitam.
*****O feriado me obrigou a escrever com mais antecipação e não sei se, nos dias decorridos até hoje, o ministro Gil se manifestou sobre o problema. E, se se manifestou, não o fez através daqueles arabescos verbais abstratos e sonorosos em que adeja sua mente de artista, às vezes bonitos de ouvir, mas de árdua decifração, pelo menos para as limitações de meu entendimento. Se falou o que pelo menos eu esperava que ele falasse, tal como o resto da baianada, alvíssaras, mas, mesmo assim, o que vai dito abaixo precisa ser dito.
*****Lembrei de Glauber, uma vez, na casa dele, em Sintra, Portugal. Entrei e ele estava furioso com alguma coisa, nunca vou saber o quê. Me encarou carrancudo e esbravejou:
****— Vou telefonar para o ministro da Cultura! Ele é ministro da Cultura, eu sou cultura e ele tem que me ministeriar!
*****Nada mais lógica e claramente expresso. E agora Gil tinha que estar ministeriando Jorge Amado, mas, que eu saiba, não está. E com isso se arrisca a entrar para a História como o ministro da Cultura em cuja gestão o insubstituível acervo de Jorge Amado foi tirado da Bahia e entregue à Universidade de Harvard. Ou seja, o Brasil não queria manter o acervo de um de seus filhos mais ilustres, um dos escritores mais importantes do mundo (sei que há quem discorda, mas para mim quem discorda é burro e, se quiser, pode dizer que o burro sou eu) e um dos vultos mais importantes de nossa História. Ele gostava muito da gente, os “meninos” de então. Não esqueço do olhar dele, todo ancho, um sorrisão que quase lhe tomava a cara inteira, nos mirando como um patriarca orgulhoso. Não houve um de nós que ele não incentivasse, de quem não exigisse trabalho, sempre dando um jeito de botar o nome da gente em tudo quanto era entrevista que dava, sempre dando um conselho sábio. Gil deve ter muitas lembranças disso, até da casa do Rio Vermelho, hoje quase uma tapera — e foi lá, no chão de seu quintal, que Jorge quis que lhe derramassem as cinzas, como quis que seu tesouro ficasse sempre com seu povo e sua terra.
*****E Gil sabe também que, pouco depois de ele e eu nascermos, Jorge Amado era constituinte e, embora ateu como sempre foi, fez inserir na Constituição um dispositivo que garantia a liberdade de culto. Antes disso, a vastíssima população de origem africana da Bahia era obrigada à humilhação de ter que tirar licença na polícia para praticar suas religiões e, ainda assim, terreiros e casas de culto eram invadidos pela polícia, com destruição de casas e de objetos sagrados. Jorge não só alterou a Constituição como foi à luta. Não foi à luta somente criando heróis e protagonistas negros, antes quase inteiramente ignorados, mas militando, com amigos também negros, pela efetiva concretização da liberdade de culto e a restauração da dignidade das religiões de origem africana. Não foi demagogia nem vontade de aparecer que fez com que o honrassem com títulos elevados no mundo do candomblé. Foi por amizade e gratidão a um permanente companheiro de luta.
*****Gil sabe que a principal razão por que muita gente, aqui e no exterior, quer conhecer a Bahia não é praia. Quem quiser praia, só não tem praia em Minas. Em compensação tem muito barroco e quem quer ver barroco pode se fartar em Minas. Quem quiser igreja idem. O que distingue a Bahia é sua identidade, sua fala, o jeito de seu povo, sua mística, sua sensualidade espontânea, sua mitologia. Dirá um dos sabidos que por aí abundam: se Jorge não desse esse e outros passos, outro daria. Talvez, mas acontece que foi Jorge quem deu. E foi ele também, Gil se lembra, que, junto com Érico Veríssimo, brecou a decisão do governo militar de impor censura prévia aos livros. Se fizerem isso, disseram os dois grandes homens, não escrevemos mais uma linha.
*****Não sei se a cegueira e a surdez seletiva do chefe de Gil são contagiosas, mas parece que ele não sabe nem viu nada. E esqueceu que, sem baianos como Jorge Amado e Dorival Caymmi, a Bahia podia perfeitamente ser mais uma cidade portuária e de negócios, com a população majoritária ressentida ou francamente revoltada e racista. De novo pode vir o blablablá de que, se não fossem eles, seriam outros. Mas, de novo, acontece que foram eles.
*****Ou seja, sem Jorge talvez a Bahia fosse muito diferente do que é hoje. Talvez a arte não fosse a mesma, talvez Gil não tivesse régua e compasso (que podem estar precisando de manutenção, isso acontece), talvez seu talento não pudesse desabrochar, nem tivesse os ombros mais antigos em que todo talento novo se apóia. Era capaz até de surgir um sociólogo levantando a hipótese de que, se aquela sociedade não houvesse se tornado tão materialista, mercantilista e dividida, poderiam ter surgido artistas com o perfil de Gil. Foi isso que eu quis dizer, quando afirmei que Gil (não faça isso, Gil, não seja o ministro da Cultura sob cuja gestão o Brasil efetuou uma bela troca com Harvard, ela com os 250 mil itens do acervo de Jorge e nós com Mangabeira Unger) podia hoje não passar de uma hipótese. E eu também, claro. Aliás, no meu caso, nem mesmo chegar a hipótese, praticante que sou do mesmo ofício que Jorge. Mas não somos hipóteses, somos quem somos, Gil, é claro, muito mais belo e brilhoso. Só tenho a meu favor estar cumprindo minha obrigação e ele não.
*****O feriado me obrigou a escrever com mais antecipação e não sei se, nos dias decorridos até hoje, o ministro Gil se manifestou sobre o problema. E, se se manifestou, não o fez através daqueles arabescos verbais abstratos e sonorosos em que adeja sua mente de artista, às vezes bonitos de ouvir, mas de árdua decifração, pelo menos para as limitações de meu entendimento. Se falou o que pelo menos eu esperava que ele falasse, tal como o resto da baianada, alvíssaras, mas, mesmo assim, o que vai dito abaixo precisa ser dito.
*****Lembrei de Glauber, uma vez, na casa dele, em Sintra, Portugal. Entrei e ele estava furioso com alguma coisa, nunca vou saber o quê. Me encarou carrancudo e esbravejou:
****— Vou telefonar para o ministro da Cultura! Ele é ministro da Cultura, eu sou cultura e ele tem que me ministeriar!
*****Nada mais lógica e claramente expresso. E agora Gil tinha que estar ministeriando Jorge Amado, mas, que eu saiba, não está. E com isso se arrisca a entrar para a História como o ministro da Cultura em cuja gestão o insubstituível acervo de Jorge Amado foi tirado da Bahia e entregue à Universidade de Harvard. Ou seja, o Brasil não queria manter o acervo de um de seus filhos mais ilustres, um dos escritores mais importantes do mundo (sei que há quem discorda, mas para mim quem discorda é burro e, se quiser, pode dizer que o burro sou eu) e um dos vultos mais importantes de nossa História. Ele gostava muito da gente, os “meninos” de então. Não esqueço do olhar dele, todo ancho, um sorrisão que quase lhe tomava a cara inteira, nos mirando como um patriarca orgulhoso. Não houve um de nós que ele não incentivasse, de quem não exigisse trabalho, sempre dando um jeito de botar o nome da gente em tudo quanto era entrevista que dava, sempre dando um conselho sábio. Gil deve ter muitas lembranças disso, até da casa do Rio Vermelho, hoje quase uma tapera — e foi lá, no chão de seu quintal, que Jorge quis que lhe derramassem as cinzas, como quis que seu tesouro ficasse sempre com seu povo e sua terra.
*****E Gil sabe também que, pouco depois de ele e eu nascermos, Jorge Amado era constituinte e, embora ateu como sempre foi, fez inserir na Constituição um dispositivo que garantia a liberdade de culto. Antes disso, a vastíssima população de origem africana da Bahia era obrigada à humilhação de ter que tirar licença na polícia para praticar suas religiões e, ainda assim, terreiros e casas de culto eram invadidos pela polícia, com destruição de casas e de objetos sagrados. Jorge não só alterou a Constituição como foi à luta. Não foi à luta somente criando heróis e protagonistas negros, antes quase inteiramente ignorados, mas militando, com amigos também negros, pela efetiva concretização da liberdade de culto e a restauração da dignidade das religiões de origem africana. Não foi demagogia nem vontade de aparecer que fez com que o honrassem com títulos elevados no mundo do candomblé. Foi por amizade e gratidão a um permanente companheiro de luta.
*****Gil sabe que a principal razão por que muita gente, aqui e no exterior, quer conhecer a Bahia não é praia. Quem quiser praia, só não tem praia em Minas. Em compensação tem muito barroco e quem quer ver barroco pode se fartar em Minas. Quem quiser igreja idem. O que distingue a Bahia é sua identidade, sua fala, o jeito de seu povo, sua mística, sua sensualidade espontânea, sua mitologia. Dirá um dos sabidos que por aí abundam: se Jorge não desse esse e outros passos, outro daria. Talvez, mas acontece que foi Jorge quem deu. E foi ele também, Gil se lembra, que, junto com Érico Veríssimo, brecou a decisão do governo militar de impor censura prévia aos livros. Se fizerem isso, disseram os dois grandes homens, não escrevemos mais uma linha.
*****Não sei se a cegueira e a surdez seletiva do chefe de Gil são contagiosas, mas parece que ele não sabe nem viu nada. E esqueceu que, sem baianos como Jorge Amado e Dorival Caymmi, a Bahia podia perfeitamente ser mais uma cidade portuária e de negócios, com a população majoritária ressentida ou francamente revoltada e racista. De novo pode vir o blablablá de que, se não fossem eles, seriam outros. Mas, de novo, acontece que foram eles.
*****Ou seja, sem Jorge talvez a Bahia fosse muito diferente do que é hoje. Talvez a arte não fosse a mesma, talvez Gil não tivesse régua e compasso (que podem estar precisando de manutenção, isso acontece), talvez seu talento não pudesse desabrochar, nem tivesse os ombros mais antigos em que todo talento novo se apóia. Era capaz até de surgir um sociólogo levantando a hipótese de que, se aquela sociedade não houvesse se tornado tão materialista, mercantilista e dividida, poderiam ter surgido artistas com o perfil de Gil. Foi isso que eu quis dizer, quando afirmei que Gil (não faça isso, Gil, não seja o ministro da Cultura sob cuja gestão o Brasil efetuou uma bela troca com Harvard, ela com os 250 mil itens do acervo de Jorge e nós com Mangabeira Unger) podia hoje não passar de uma hipótese. E eu também, claro. Aliás, no meu caso, nem mesmo chegar a hipótese, praticante que sou do mesmo ofício que Jorge. Mas não somos hipóteses, somos quem somos, Gil, é claro, muito mais belo e brilhoso. Só tenho a meu favor estar cumprindo minha obrigação e ele não.
55 comentários:
Primor de texto, Lord! Só como João Ubaldo sabe fazer. Encanta-me sua imensa capacidade com as sutilezas. Memorável! Obrigado por tão belo presente. E a tia Luísa, hein! Também sabe das coisas. Abraço.
Ery,
Tinha certeza que você ia gostar. Quando coloquei o texto, você era um dos que eu esperava que lesse com especial agrado.
Grande abraço
Lord, obedeça a tia Luíza, já!
João Ubaldo é um dos poucos que nos restam. Em lucidez e talento e a pena que sabe muito bem o que colocar no papel. Um país de desmemoriados como o nosso acaba por merecer os Mangabeira Unger que nos impõem.
No final, acabamos por dar razão ao Willian Bonner e viramos todos Hommer. Saco isso.
Parabéns pela postagem. Jorge Amado foi o primeiro autor que lí todas as obras que tive alcance, em sequência. Esvaziei as prateleiras da biblioteca do ginásio. E lí Farda, Fardão Camnisola de dormir no mesmo mês em que foi publicado. Acho até (pretenciosamente, claro) que o abuso que faço de palavras de baixo calão é fruto dessas leituras ou então é pura falta de educação mesmo.
Forte abraço, mano
Valter,
Também aprecio os palavrões embora raramente, por deficiência minha, os escreva. Graciliano afirmou, em seu auto-retrato (leia em www.graciliano.com.br), que gostava de plavrões falados e escritos. Achou que herdei esse gosto. Também li muito Jorge, gostava muito dele, considero-o dos nossos melhores escritores. Não sou burro.
Grande abraço
Concordo com sua tia, imperdível qualquer palavra dita por João Ubaldo, esse testo está fenomenal!
dias lindos,
beijos
Lord, obrigada por ter colocado esse texto aqui. Ontem mesmo sai procurando por ele na web e nao consegui acha-lo. Bom saber que podemos sempre contar com Joao Ubaldo pra puxar a orelha de quem merece.
Como baiana, como brasileira, me envergonha essa situacao toda.
Desculpe a falta de acentos, meu computador so fala ingles :)
www.baianices.wordpress.com
Lord, também conheci o JoãoUbaldo, há muito tempo, e sempre gostei dele. Mas de uns tempos pra cá, nosso amigo parece haver perdido a 'embocadura'. O exemplo mais recente é exatamente esse texto em que ele desanca o Gil. Apesar de muito bem escrito (como sempre), é totalmente desinformado, não tem nada a ver com o que está acontecendo 'na real'.
Adoro essa ironia contida nas entrelinhas! Ironia me faz rir!
Na verdade, nesse caso, só mesmo na base do "rir pra não chorar"....
Acho que vou telefonar pro ministro e falar como o Glauber falou!
Só acho que não vai adiantar....
Infelizmente!
Beijucas Lord.
E que a arte SOBREVIVA!!!!!!!!
E Permaneça!
Lord Caco,
eu já tinha lido.
Como Luísa, assino ponto no Estadão, e não só aos domingos. Estadão e Folha, assinamos os dois, leio os dois. Tudo, acredita? Às vezes, até anúncios. Sou neuroticamente viciada em jornal. "Perco" - ou ganho? - umas duas horas diárias, passando de um caderno pro outro, voltando, relendo. À maneira antiga, que antiga sou, recorto crônicas, artigos, e guardo-os em pastas que, talvez, nunca mais venha a abrir.
Bom, divaguei além da conta.
Diga à Luísa que ela acertou, te convocando à leitura deste último João Ubaldo, imperdível.
Beijo da
Vivina.
Volto amanhã para comentar, estou às pressas... Olha, a tia acertou em te convocar a ler Ubaldo.
Assim como sua tia, também não perco os textos de João Ubaldo e também muitas vezes me acabo de rir com ele. Esse foi especialmente bom. Beijo pra você.
João Ubaldo, o grande!
Estou com o Valter, Lord obedeça a titia!
Abçs
O acervo de Jorge Amado vai pra Harvard????!!!! Céus, isso pede uma mobilização de verdade!
Lord,
O ministro da cultura tem autonomia para fazer isso, mesmo sabendo que todo um povo seria contra esse desatino???? Jorge Amado não é somente patrimônio baianao, é brasileiro.
A Bahia de Jorge Amado é fasceira,
sensual, tem molejo próprio, eu só a conheço através dele. Entregar essa obra,há troooco de que!!???
Será que entendí o assunto do post?????
Bjs
Tomara que o puxão de orelhas chegue até o ministro e que ele se dê por puxado e obedeça.
Acho o João Ubaldo uma figuraça!
Lord Ricardo,me permite falar uma coisa?mais já falando,naõ aguento(ô língua!) a primeira vez que eu li xoxota num livro de Jorge Amado você não imagina o quanto eu ri!
Pra infelicidade de mamãe e felicidade'' de papaique adorava palavrão e besteira'',tanto Jorge quanto João Ubaldo são prato cheio!
Beijão Lord!Ps;me empolguei tanto que o beijo foi depois!rs
excelente, excelente... Grande Ubaldo, só ele para "xingar e chamar a ordem" o Gilberto Gil, com tanto palavrorio bunito e interessante!!
Olhe, essas campanhas que se fazem nos blogs são muito boas, mas a bandeira que o Ubaldo desfraldou merece respaldo e alarde!!!
Passe isso pra frente Lord!!1
( la venho eu e minhas empolgações...)
Um beijão, estou com saudades!
Sua tia estava certa ao lhe chamar à razão, para ler alguém tão inteligente e com a cabeça no lugar como Ubaldo.
Não se pode perder, alguém que fala com a razão, que fala com conhecimento.
Um beijo
Excelente.Boa reprodução.Sua tia tem razão .É preciso que outros conheçam o texto.E, Gilberto Gil há muito deixou de ser baiano, quiçá brasileiro.Só interessa-se pelos aplausos de outras plagas .Fica com o olahr bestificado de quem pensa.-Eu mereço!
Lord,
correção: faceira
Há troco????? De que?????
A língua portuguesa nos prega cada peça?????? Desculpe o escorregão.
Bjs
que absurdo! que idéia mais louca essa? só posso me acalmar se acreditar que o gil não sabia de nada. e que depois do texto do ubaldo vá tomar providências.
Questão de ordem : eu tenho a péssima mania de me divertir com os comentários da moçada, e o Marcio que é um cara muito bem informado, lançou a semente da dúvida e disse que a coisa não é bem assim. Marcio, cadê você prá detalhar o andar da carruagem e em qual direção ela está indo?
O Ubaldo não é mole : ... " E, se se manifestou, não o fez através daqueles arabescos verbais abstratos e sonorosos em que adeja sua mente de artista, às vezes bonitos de ouvir, mas de árdua decifração... " , uma maravilha este trecho.
Márcia,
Concordo com você. O Ubaldo superou-se.
Beijão
Carla,
Obrigado pela visita, fiquei honrado com ela. Colocarei um link para poder visitar o baianices com mais facilidade.
Beijo
Márcio,
Respeito sua opinião. O Ubaldo fala, sim, com conhecimento de causa. É baiano e muito amigo da família Amado. Conheci tanto ele como o próprio Gil (são amigos, o Ubaldo avisou que escreveria o artigo e leu pra ele antes) na casa do meu tio James Amado, irmão de Jorge, marido da tia Luísa a quem me referi (Luísa Ramos Amado). Fala constantemente com os filhos de Jorge (Paloma e João Jorge) e com Zélia. Que conhecimento maior de causa você precisa? A preocupação com o acervo de Jorge é real, não é política partidária. Gil, aliás, não é filiado ao PT, você não precisa se preocupar. Eu não quis aqui, também, criticar esse governo. A minha preocupação, tanto como a do Ubaldo, é manter o acervo de Jorge Amado aqui no Brasil. O sectarismo político às vezes pode ser muito inconveniente. Che Guevara, por exemplo, ficou famoso pela frase em que dizia ser preciso endurecer sem perder a ternura. A frase dele, porém, que mais me causou espécie é aquela onde afirmava que não poderia, nunca, ser amigo de quem não compactuasse com suas idéias. Eu nunca poderia concordar com isso.
Grande abraço
Van, querida,
A arte, ainda bem, sempre sobrevive.
Beijão
Vivina,
Gostaria de poder ler mais jornal do que leio. Quando liguei para avisar tia Luísa que tinha feito essa postagem, ela estava falando, pelo telefone, com o João Ubaldo. Ele contou que esse artigo estava repercutindo muito.
Beijão
Alena,
Estou curioso de saber o que você acha disso tudo.
Beijo
Adelaide,
Também rio e me divirto bastante com o humor dele.
Beijo
Eduardo,
Já obedeci. Obedeço sempre.
Abração
Mani,
Também acho.
Beijo
Maria Helena,
Qualquer universidade importante do mundo gostaria de ter esse acervo. O problema é que por falta de interesse da cultura oficial brasileira, chega-se a um impasse: ou doa-se para fora, ou perde-se o material por falta de preservação.
Beijo
Anunciação,
A impressão que tenho é que Gil ouviu o chamado. Vamos ver como reaje.
Beijo
Alice,
Achei seu relado um barato. Bem Jorge Amado.
Beijão
Marília,
Pelo visto houve alarde. O barulho chegou ao ministro. Vejamos o que faz. Ele costuma ser meio lerdo.
Beijo
Aninha,
Com muito conhecimento, tenha certeza.
Beijo
Anna,
É o que todos esperamos.
Beijo
Peri,
O Ubaldo, realmente, não é mole.
Grande abraço
Caro Lord, não falei de política, do governo e nem do PT, partido ao qual também não sou e nunca fui filiado. E seus laços com o pessoal todo são indiscutivelmente mais fortes que os meus - que tenho relação de amizade de 30 anos com Gil, mas não conheço ninguém da família Amado e só estive com o Ubaldo uma vez, há muito tempo. Mas mantenho o que escrevi, ou seja, que nosso ilustre escritor - de quem sempre fui fã -, para o meu paladar, ficou um tanto amargo nos últimos anos. Não sei se foi pq ele parou de beber, ou se porque fui eu que mudei. E retribuo o grande abraço, dear Lord.
Lord,
Jorge Amado foi meu escritor preferido em um determinado momento
de minha vida.Perder esse acervo para qualquer universidade, seja lá da onde for,é um desatino.
Zélia Gatai,sempre gostei!!!!
Luísa Ramos Amado???Tiro o chapéu!!
Bjs
Lord, acho que já tudo foi dito aqui.
Por cá (em Portugal) também acontecem coisas dessas. Uma das maiores - se não a maior - biblioteca Pessoana está nos States, vendida sem que o estado português se interessasse por ficar com ela. A cultura é uma coisa engraçada, não é? Parece que os outros estimam melhor do que nós o que é nosso. Enfim... Obrigada por este texto magnífico do João Ubaldo sobre o ENORME Jorge Amado - o escritor com quem primeiro aprendi a amar o Brasil. Vou pôr lá na Porta do Vento uma pequena homenagem que lhe fiz, há anos.
Um beijo
Ana
Lord,
embora não concorde sempre com ele, aprecio muito o estilo, a fluência, certo sarcasmo. Por isso mesmo, por não concordar e apreciar, é que leio sempre sua coluna. Exercita o que restou de minha cinzenta massa cerebral. Nesse, arrasou: o contraste entre a exportação do acervo do Jorge AMADO com a importação do Mangabeira sem-eira-nem beira U(R)nger é de uma desproporção e descabimento!
Onde o genial e bem-intencionado Gil estava com a cabeça?
Beijo.
Marcio,
O que quis dizer é que você está sempre pronto a defender esse governo, incondicionalmente. Se não é do PT, e você já declarou isso várias vezes, em muitos blogs, parece. O Ubaldo nã ficou amargo. Está apenas muito crítico ao que se anda fazendo em termos de política no Brasil atualmente. Parou de beber por questões de saúde e espero que, realmente, mantenha-se afastado da bebida. Volta e meia, com o humor ácido que lhe é característico, tira um sarrinho do Lula e dos amigos dele. É claro que isso deve incomodar aqueles que, volto a dizer, defendem incondicionalmente esse governo. Eu, particularmente, não defendo ninguém, nem nada, incondicionalmente. O incondicional me tolhe a liberdade de criticar, de escolher, de optar. Não concordo com o governo que está aí em muitas coisas. Acho que é tão corrupto como a maioria dos governos que tivemos, o anterior, inclusive. Tem, porém, gente boa. Gosto, por exemplo, do ministro da saúde, um cara sério. Com relação à cultura, e especificamente ao Gil, talvez por ser o grande artista que ele é, a espectativa seja maior. No meu caso, sempre serei mais duro com os ministros da cultura. Até porque cultura, para mim, é a maior prioridade.
Espero, de coração, que você não se chateie com essa conversa toda. É papo de amigos.
Grande abraço
Maria Helena,
Também cresci lendo Jorge Amado. Jubiabá e Capitães de Areia são livros que me ensinaram muito.
Beijo
Ana,
A gente critica os americanos num monte de coisas, são dificílimos de se aceitar, mas em matéria de preservação são muito sérios. Não sabia do Pessoa, o único autor que mantenho na cabeceira. Leio sempre, quase que diariamente.
Beijo
Sibilia,
Também não concordo sempre com o João Ubaldo. Acho que não concordo sempre nem comigo mesmo. Acho que o Gil cochilou. E cochilou o cachimbo cai.
Beijão
Claro que não me chateio com essa conversaiada, Lord, pelo contrário! Pra mim, é um grande prazer discutir com tão nobre interlocutor. E defender incondicionalmente alguém ou alguma coisa? Acho que também não tô nessa não... 'Last but not least': não estou defendendo que o Ubaldo volte a beber, imagina só! Apenas levantei a possibilidade deste fato ter alterado o seu humor, a sua relação com a vida - algo muito comum em pessoas que beberam - e se divertiram com isso - por toda a existência e, de repente, têm que parar. Abração aí, amigo!
Lord, depois de ler este texto tão claro do João Ubaldo, só posso mesmo agradecer à sua tia e a você por compartilhá-lo conosco. Obrigado. Bom fim de semana.
Sou fã do João Ubaldo Ribeiro. Super fã! E, como sempre, a lógica demonstrada no texto é pra deixar Gil numa saia justa.
Márcio,
O prazer é todo meu.
Grande abraço
Mário,
Grande abraço, estou te devendo uma visita. Desculpe-me.
Cláudia,
Mais do que justas. A saia e a bronca.
Grande abraço
Triiiiste, e tanto quanto, nada triiiiste, Bahia: o quão desemelhante. E, ó mundo tão desigual tudo é tão desigual ô, ô, ô. Mas que a Bahia (e a baiana)tem um jeito, ah isso só ela tem!
Tem, acho, jeito, my Lord.
Outra, só pra encompridar:
"She has given her soul to the devil and the devil gave her soul to god."
Essa música popular e esses nossos escritores nos fazem uns otimistas!
Bjs again.
Sibila,
Triste Bahia! Se não me engano essa letra é do Gregório de Matos, outro baiano porreta.
Beijo
Lord, essas questões de troca de acervo e/ou doações são mesmo muito complicadas.
Eu sou defensensora de que o material fique no seu país de origem, a princípio, mas preciso ler mais sobre isso para entender o motivo ( equivocado ou não) dessa mudança.
A princípio, discordo dela e creio que o acervo deveria ficar no Brasil.
Vivien,
Só não fica no Brasil se o governo achar que cultura não é prioritário. Para fazer um parque em Recife, em homenagem à D. Lindu, com área de 33 mil metros quadrados existe dinheiro, e muito. Na Bahia, Jaques Wagner quer destruir grande parte das entidades culturais que eram sustentadas pelo grupo de ACM. Política é mesmo um bicho estranho.
Beijo
Lord, leio as crônicas do João Ubaldo no Segundo Caderno de O Globo. Mas esta eu acho que não vi. Ótima.
Grande abraço, e excelente final de semana.
Discussão boa, hein! Nunca na história desse país se tratou a cultura com tanto descaso. Aliás, quando interesses políticos ou econômicos estão em jogo, é provável que se negocie até a própria mãe. Desculpe, mas acho que estou ubaldianamente ácida.
abraço, garoto
Adelino,
Tinha esquecido que sai no Globo também, não apenas no Estado. Bom fim de semana pra você e um abração, amigo.
Denise,
Assino junto com você. Cultura parece ser considerada coisa de elite.
Grande beijo
Lord,
Você falou do Jorge, e eu aproveitei pra fala da Zélia, lá no Achados.
bjo,
Clélia
Clélia,
Gosto muito dela. Estou indo ler.
Beijo
Ops, esqueci do "r" no verbo falar... Vi que esteve lá!
bjo
Considerando quem é acho que ele optou por ter um comportamento meio odara... para quem tem uma filha como a preta gil meu amigo ele está sendo coerentemente incompetente.
POis é!
Sabe Lord, ainda bem que eu não sei xingar. Mas que me deu uma vontade danada de falar uns palavrões para o Gilberto Gil, digníssimo ministro, ah! isso deu mesmo.
Interessante é que Bruna Susfistinha conseguiu lá sua verbinha pública para fazer o filme de sua vida.
E nem adianta ninguém vir querer me engambelar dizendo que a verba é de empresas privadas, porque sei bem como funciona, com o devido abatimento nos impostos e tal.
Agora, abatimento mesmo é o da gente que se interessa por cultura, em especial, pela leitura e os escritores.
Se o líder não fosse analfabeto, seria diferente?
Se o ministro da cultura não fosse artista, seria diferente?
Não sei. Só sei que estamos perdidos.
beijos, boa semana para você.
Ricardo,
Também não simpatizo muito com ela.
Abraço
Saramar,
Perdidos e mal pagos.
Beijão
Ei Lord!! Muito bem calhou sua obediência á tia!! hehheh... tb adorei a crônica!
Beijooos
=^.^=
Polly,
Andava sentindo a sua falta.
Beijão
Lord querido!
Tem um presentinho pra você lá no blog!
Beijos!
Alice,
Já fui conferir, você é um anjo.
Beijo
Sr.Lord,
Gostei e concordo com o seu texto, é mais um alerta para que possamos valorizar o que temos, e temos muitos valores, tanto é, que no caso foi reconhecido no exterior.
Por isso e por outras coisas que deixamos acontecer (se valendo dos votos para os nossos representantes políticos)não temos ainda uma história para ser contada como ela é, e não ajustada, perdendo a memória. Estive recentemente na Argentina e constatei muitos museus, casas artisticas e teatros inclusive em cidades pequenas.
Abraços,
MEMOMAN
Caco, nem um postzinho? Magoei.
Brincadeira, mano.
Sentimos tua falta, é isso.
Bom final de semana.
Hey, tem novidades no Capão!
Abraço forte
Memoman ou Zé do Memo, os dois são meus amigos, por quem nutro especial carinho. Bom ver você por aqui. Depois te procuro pra ver as fotos.
Abração
Valter,
Postei só pra não passar em branco.
Grande abraço
Também amo o Jubaldo. E nessa campanha ele foi especialmente feliz. Ainda bem que deu resultado.
Anna,
Há um ditado que diz: quem não chora, não mama. No caso foi bom chorar.
Beijo
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