terça-feira, agosto 14, 2007

Father

Quando acabei tinha certeza que tinha ficado bom. Caprichara nas rimas. Imaginei-me poeta com orgulho. Ia fazer sucesso com as meninas. Faltava agora o mais difícil, ouvir opiniões. E se não gostassem? Começaria com mamãe. Menos dura, seria fácil de agradar. Leria o poema e certamente elogiaria. Será? Ao diabo com as dúvidas. Era homem ou não? Enchi-me de coragem.
Observei a leitura ansioso. Não dava para antecipar nada pela expressão. O rosto sereno, testa franzida, leve movimento dos lábios sussurrando o texto. Atenta.
- E aí? - perguntei assim que ela ergueu os olhos do papel.
Entusiasmo deu para perceber que não havia.
- Gostou? - insisti.
- Não entendo muito de poesia. Acho que tem coisas boas, outras menos, fale com seu pai.
- Só?
- Sei lá, filho, é ele quem escreve. Mostre pro seu pai. Que medo bobo!
- Medo! Quem disse que estou com medo?
- Não está?
- Não.
- Então simplesmente mostre. Ele vai gostar de ler.
Agora a coisa complicara. Com o velho era diferente. Tinha medo sim. De não agradá-lo. Da opinião que certamente daria. Favorável ou não. Ele era assim, sério. Teria inclusive que aguardar uma brecha. Não podia ir mostrando sem mais nem menos.
O momento adequado chegou antes do que previa. Domingo. Sala de estar depois do almoço. A família reunida ouvindo música. Entreguei o trabalho meio sem graça. Papai, surpreso, começou a ler imediatamente. Quando terminou não falou nada. Ficou um tempo quieto fumando, talvez procurando palavras. Já nem sabia o que pensar quando a pergunta veio de longe:
- O que você já leu de poesia, filho?
- Como assim? - balbuciei.
- Cite um poeta de sua preferência.
Senti o calor tomar-me o rosto. Avermelhei até a raiz dos cabelos. Não havia o que mencionar. Nenhum autor conhecido.
- O problema está aí - prosseguiu o velho. - Como você quer escrever poesia se não lê poesia? Fazer poema não é apenas colocar uma linha sobre a outra e rimá-las. É muito mais.
- Então não está bom? - perguntei.
- Não, e nem poderia estar. Você gostaria de aprender?
- Sim.
- Venha cá.
Papai levantou e levou-me à biblioteca. Mostrou toda uma estante dedicada à poesia. Era só escolher.
Iniciei-me. Vinícius de Morais, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. De Vinícius apaixonei-me pelos sonetos e preferi Bandeira a todos, decorando as palavras de Pasárgada. Sentia-me amigo do rei. Memorizei tanta coisa... Exibia-me para as colegas nas reuniões de sábado à noite. Havia sempre um violão por perto. Música e poesia rolando soltas. Encantado com a Tabacaria de Fernando Pessoa e quase tudo o que o poeta português escreveu. Um livrinho dele virou meu companheiro de cabeceira, lia sempre antes de dormir. Com Camões pude entender ainda melhor os sonetos. Já tinha agora o quê e quem citar.
A segunda vez que procurei meu pai foi mais fácil. Sentia-me mais seguro.
O ritual foi parecido. Ele levantou e chamou-me. Pegando papel e lápis, convidou-me a sentar-me à mesa.
- Você sabe o que é um verso? - perguntou.
- Sei - respondi - ,é cada linha de um poema.
- Ótimo. E o que é ritmo?
- Eu sei, mas não consigo explicar. É meio intuitivo, não é?
- Sim e não. Num poema, os sons devem se repetir a intervalos regulares, ou a espaços sensíveis quanto à duração e acentuação. E métrica?
- Métrica? Nunca ouvi falar - respondi.
- São os elementos necessários à feitura dos versos medidos.
Papai falava e escrevia os conceitos.
- Para mantermos o ritmo, devemos escrever os versos com o mesmo número de sílabas. Os versos, quanto ao número de sílabas, têm nomes particulares. A redondilha menor tem cinco, a maior tem sete. Os alexandrinos têm doze. Existem também os decassílabos. Lembrando que contamos as sílabas de um verso só até a sílaba tônica da última palavra.
Papai pegou livros, mostrou versos e pediu-me que contasse as sílabas. Falou sobre sonetos, de quatorze versos dispostos em dois quartetos e dois tercetos. Que esta forma, a mais cultivada, era o soneto italiano. Que havia o inglês, composto por três quartetos e um dístico. Deu a aula que nunca tivera na escola.
Então, ao final, insisti:
- E o meu poema, pai. Ficou bom?
- Melhor - respondeu. Trabalhe agora sobre ele, refazendo-o com tudo o que ensinei.
Fiz então o que sugeriu. O sonêto que escrevi ficou assim:
*
Soneto da Vontade Distante
*
Até onde a vista escuta
Vou viver vivendo a morte
Vou jogar fugindo à sorte
Vou secar a mesa enxuta
*
Até onde a boca cheira
Disparado vou parando
Então sem ver fico olhando
A beber a carne inteira
*
E sorrindo aos inimigos
Agredirei meus amigos
Que a razão já não sou eu
*
E chorando de alegria
Comemoro então o dia
Do vermelho luto meu
*
Papai por fim gostou. Foi o primeiro poema que escrevi. Achei muito difícil e trabalhoso.

58 comentários:

MLopes disse...

Adorei,

O Post e o Poema.

Parabéns!!!

Beijo,
Mario.

Lord Broken Pottery disse...

Mario,
Obrigado, amigo.
Grande abraço

Marion disse...

Lord, não sei escrever poesia. Nem me atrevo, acho que não conseguiria. Gostei muito do post. Muito bonito seu pai te ensinando.
Meu pai era assim, tinha muita paciência em ensinar a mim e a minha irmã.

Beijos

Anônimo disse...

Lord,
Bela lembran�a, belo primeiro poema. Mas faltou o Quintana nessa sua lista, oh my god. Kisses, Lady Madonna

O Meu Jeito de Ser disse...

Bom, eu já conhecia parte da história.
Imagino que foi um momento difícil prá você, porém de muita sabedoria de seu pai.
Ele sabia o que estava fazendo.
Eu teria te dito que estava perfeito, mas quem sou eu, não entendo nada de poesia, apenas entendo de plavras bonitas que me soam bem aos ouvidos e me fazem bem aos olhos. Nada mais.
Mas tenho certeza que ele soube lhe abrir caminho para a sua vitória.
Devemos à dureza dele o fantástico escritor que temos.
Parabéns aos dois.
Um beijo

Lord Broken Pottery disse...

Marion,
É bom lemprar, tão perto di Dia dos Pais, de como eles foram importantes.
Beijo

Lady Madonna, querida,
Só fui conhecer o Quintana mais tarde, bem mais tarde. Aí eu ainda era muito novo.
Beijão

Aninha,
Concordo com você. As vezes, quando somos submetidos a padrões mais rígidos e exigentes, podemos crescer. É claro que tudo foi feito com muito carinho, tanto que deixou boas lembranças. Obrigado pelas palavras que atribuo à nossa amizade.
Grande beijo

Vivien Morgato : disse...

Lord, não sou leitora sde poesia...conheco um pouco, quase nada.Um pouco de Pessoa, Florbela Espanca, Vinicius, não serei um crítica efetiva, porque não sei "ler" poesia.
Mas o que li aqui, gostei. Gostei mesmo.

Vivien Morgato : disse...

Além disso...bacana sua coragem, vamos combinar, pra mostrar pro seu pai precisou de coragem...
Mas fico pensando quando seu pai mostrou algo para seu avô.
Caraca...tb nao deve ter sido fácil!
De qq forma, adorei a forma como ele apresentou a poesia pra vc.
beijos.

jayme disse...

Milord, os difíceis e trabalhosos são os mais gostosos.

Ricardo Rayol disse...

Meu caro Lord, irretocável. Uma biografia instantanea de um fato que o tornou o que é. Maravilhoso.

Anônimo disse...

Olhos marejados leram seu post.

Sem mais o que falar...

Beijos imensos.

dade amorim disse...

Dessas lembranças pra toda vida. Se todos os pais soubesses da importância deles para os filhos, o mundo seria mais feliz.
Beijo.

Anônimo disse...

Lord, muito bom o post, adorei a aula do seu pai, e a poesia em si, muito boa e séria para a idade! Parabéns!

Mudando um pouco de assunto: Você já assinou o manifesto contra a CPMF? Ou é a favor??
É a PROVISÓRIA que já dura 11 anos!
Pense nisso, assine, se for contra, e ajude a divulgar!

Abraços, e o povo do Brasil agradece.

valter ferraz disse...

Lord,
Acho que todos nós "cometemos" as nossas. Alguns, como eu descobrem que não têm jeito nenhum para a coisa e desistem a tempo. Outros, como voce têm um pai que o ajuda, aí descobrem a veia. De uma forma ou de outra, o texto hoje que escreves, é pura poesia. Ricardo Ramos deve estar muito orgulhoso. Fez um bom trabalho.
Um dia se tiver coragem, conto das minhas.
Grande abraço, mano

ps: uma coisa me intriga. Rogério, não escreve?

Lord Broken Pottery disse...

Vivien,
O velho descreve a reação de Graciliano aos seus primeiros textos em Gracilian: Retrato Fragmentado, de Ricardo Ramos, que será reeditado pela Cosac & Naify. Eram contos, mostrados pelo filho que foi criado pelo avô, em Maceió, quando passou a morar com os pais, no Rio, aos quatorze anos. É uma longa e interessante história.
Beijo

Jayme,
Concordo. É quase um jogo, lúdico, precisa de muito jeito. Você o tem de sobra.
Abraço

Ricardo,
Quando estava escrevendo pensei em você, sabia que ia gostar. Faz parte do seu universo.
Abraço

Sandra,
Puxa! Fico contente quando um texto meu é lido com emoção. Obrigado pelo carinho.
Beijo

Adelaide,
Concordo. Com a vantagem que o velho, embora exigente com as coisas da literatura, era muito paciente e carinhoso conosco quando se tratava de abordar assuntos ligados a textos.
Beijo

Eduardo,
É claro que sou contra. Em um país que não mostra o que faz com os impostos, acredito até que não faz nada, e tem a maior carga tributária do mundo, ser a favor de imposto é burrice. Em frente a FIESP há um ponto de coleta de assinaturas. Já tentei assinar algumas vezes, mas está sempre cheio.
Grande abraço

Valter,
O Rogério escreve muito bem. É, na minha opinião, o melhor escritor vivo da família. Participou do N@ve de Noé com os Primos Ramos Amado. Já escreveu prefácios, orelhas de livro, lida com isso o dia inteiro. Foi e é o meu maior incentivador. Palpita nos meus textos, corrige, dá idéias, converso muito com ele a respeito. Trabalha na editora Moderna e já reescreveu livros pra muita gente. É um profissional com muito tempo de experiência.
Grande abraço

marilia disse...

Lord, não vou repetir o obvio...admiro vc e sua obra!
e vc ainda arrebatou minha filha maria julia, com o livro Computador sentimental, e ela adorou especialmente o texto "Redação escolar'... rsss disse para mim que a proxima dela,terá 15 linhas e ponto final...( eu vivo mandando ela redigir...rsss)!
Sim, tb eu me identifico em algumas coisas com vc... talvez seja a origem ...como vc disse: familia organizada, pai e mãe juntos sempre, estrutura , clase média, ah..o discreto charme da burguesia...
só que eu nasci gauche.. e ainda fui morar lá pras bandas do moliere.
bandeira, ainda é meu etern predileto,juntos com outros muitos...
adorei o post. virei fã inconteste do Lord...
bjão!

james emanuel de albuquerque disse...

Interessantíssimo.

Grande palestra.

Um abraço.

Anônimo disse...

Lord, seu pai exercia maravilhosamente a inteligência. Fico sempre comparando atitudes que vejo de muitos pais. Sempre existe uma forma carinhosa de dizer ao filho que precisa melhorar, sem ofendê-lo, mas o que se vê, na maioria dos casos, são pais iludindo seus filhos. Além de ensinar um pouco mais sobre o assunto, quem tem a coragem e o jeito certo de dizer ao filho que "ainda não está bom" ou "precisa melhorar, etc", também está ensinando o que seja sinceridade. No futuro ele será um indivíduo exigente consigo mesmo, praticante da excelência. Seu post permite que a gente veja todas estas coisas. O texto, como sempre, perfeito. Abraço.

Anônimo disse...

Querido Lord Caco,
pai, pra valer, � assim. D� aula todo dia, toda hora.
Filho, pra valer, n�o perde o pai de vista. Aprende todo dia, toda hora.
Parab�ns a voc�s dois, comoventes professor e aluno.
Beijo da amiga
Vivina.

Anunciação disse...

Lindo poema,lindo post e lindo pai.O talento precisa ser incentivado,trabalhado;que bom quando o é por alguém assim,paciente e pai.Parabéns.

Lord Broken Pottery disse...

Marilia,
Boa ter encontrado uma leitora, é pra isso que escrevemos. Também gosto muito de sua sinceridade, alegria, jeito de ser. Tivemos histórias parecidas. Também sou seu fã.
Beijo

James,
Obrigado. Foi talvez a aula que qie mais aproveitei.
Grande abraço

Ery,
Você tem razão, exerceu a paternidade com muita inteligência, embora tenhamos sempre tendência a idolatar nossos pais. Não vou dizer que ele acertava sempre, que nunca tenha falhado. Só que hoje, quando olho o passado, vejo um saldo muito positivo.
Grande abraço

Vivina,
As aulas todas estão aí, o tempo não apagou. A memória do aluno já não é tão boa, mas o que ficou ainda é enorme.
Beijo grande

Anunciação,
É assim mesmo, tudo pode ser ensinado. O carinho e a paciência são bons professores.
Beijão

Anônimo disse...

Ricardo, achei interessante você dizer "o que não aprendeu na escola", he he. Olha, eu ensino isso pros meninos lá, mas confesso que prefiro os versos brancos, livres, completamente irreverentes, sem a prisão quase parnasiana. Olho com respeito e admiração os sonetos, mas vibro mesmo é com os modernos.
A propósito, o texto Redação escolar, citado pela Marília, foi alvo de muita diversão em outra classe em que o li. Depois te conto o resultado.
abraço, garoto

Lord Broken Pottery disse...

Denise,
Acredito que você ensine. No meu tempo (imagine a idade da professora) as coisas eram diferentes. Tínhamos gramática e redação. Lia-se José Mauro de Vasconcelos e Memórias de Um Sargento de Milícias. Redação era um tema pra se escrever. Não muito mais do que isso. Nunca se falou em poesia na classe, embora eu estudasse no Dante Alighieri. Acho, porém, que antes de escrevermos como escrevem os modernos, precisamos do conhecimento que coloquei aí em cima como base.
Beijão

Anônimo disse...

A vida é nossa melhor escola, se assim se quiser...

Adorei ler-te...

Doce beijo

ana v. disse...

Engraçado, Lord, acabei de responder ao seu comentário lá no Porta do Vento, dizendo que foi o meu pai quem me ensinou a poesia. E agora vejo aqui este texto maravilhoso e cheio de ternura, sobre você e seu pai, e lembrei-me tanto do meu... que saudades dele, e das suas lições preciosas!
Obrigada por me ter feito sentir tudo isso outra vez.

Um beijo
Ana

Lord Broken Pottery disse...

Cõllybry,
Escola maravilhosa. Bom que você gostou.
Beijo

Ana,
Essas memórias são a nossa arma contra o tempo. Mito bom essas coincidências.
Beijo

Anônimo disse...

Pai que incentivava e sabia que seu filho é inteligente.Deu certo.

Lord Broken Pottery disse...

Magui,
Concordo que o velho me incentivava.
Grande beijo

Anônimo disse...

Belo exemplo de pai e de biblioteca, ajuda muito.

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Bem lembrado o papel da biblioteca, ia passando batido.
Abraço

Anônimo disse...

Trabalhoso, difícil, belo, emocionante e digno. Amei a postura do seu pai e a cumplicidade em rimas e versos.
Obrigada por compartilhar.
beijoss

Anônimo disse...

Lord,

Tua historia me fez recordar quando eu descobri que o avô paterno conhecera um poema meu.
Eu tive medo...e vergonha, um pudor descontrolado. Mas meu pai me disse apenas que ele gostara muito do soneto. E aí, eu sorri.

Anônimo disse...

Lord,
voltando de vez em quando às voltas com q escreve. Impossível impassível.
Este vejo como se fosse necessário levitar chafurdando mais o cão, o chão chafurdado; mais chão que traz num mesmo movimento o próprio vôo de viver; de ir pelo avesso. As incongruências vista/escuta; vida/morte; "secar o enxuto"(acho q ñ é bem assim, mas q frase linda essa!), disparo com parar. Parece comemorar rimas tão bonitas, tão sentidas: a alegria de o agradar e de já não ser tão-somente a imagem do PAI. Bjs, como disse a Aninha, salpicados de quem agora de vez em qdo, mas com tempero, aquele, seu sempre q aqui. Bjs.

Anônimo disse...

Oi, umas das frases anteriores era para sair assim: alegria de o agradar e o luto de já não ser tão somente a imagem do Pai. Vermelho vida.

Anônimo disse...

Lord, para mim , este é um texto difícil de comentar. Não sei ser sintética, vc já sabe.
E sou, infelizmente, muito analítica. Divido, separo, cada coisa vem e me apanha e eu falaria horas sobre elas.
Sempre fico imaginando sobre o que é realmente o post e procuro me afastar o mais que posso da *diretiva* (nem sei se esta palvra existe) mas quero dizer que um título é muito importante e perigoso pois induz ou nos afasta.
Sim, é sobre o seu Pai.
E sobre seu Pai e suponho que tenha adiado este post pra hoje (se me faço entender).
Mas é também sobre o sofrimento, a angústia de quem cria e sabe que a criação não é para si próprio.
É também sobre quem (numa acepção menos conhecida mas em inglês mais é mais fácil: a authority, a instância, a jurisdição mais importante.
Lindíssimo, o momento do exame materno: Sei lá filho, é ele que escreve!
--
Como está vendo, eu sofro ao ver um post magnífico desses que vcocê escreve.
---
E uma coisa que não sei se você notou (ai, a Cosac & Naify, já devemos muitas coisas boas a eles. Certa vez, ao ver um belo livro deles, eu disse que se o sonho de todo autor é ser editado, o sonho de todo livro é ganhar uma edição Cosac & Naify:-) - mas como eu ia dizendo: o Pai fostou mesmo doprimeiro, pois se não lhe reconhecesse o jeitoe o dom, nem levaria pra conhecer os Poetas. Isso eu acho. :-)
-=-=-=
E mais, como é posível deixar de comentar que entre todos os poetas apresentados vc foi escolher logo, o meu!
O *meu* Bandeira, sagrado, profano e devasso Bandeira.
=-=-=
E depois, co o perdão da Denise, sim hoje se quer os versos livre, mas ainda hoje é que mais se fortificou o apelo ao Soneto. O site do Vinícius de Moraes fez há coisa de dois anos um Concruso só para Sonetos.
E é mesmo Dante e Camões que mandam no pedaço: de fato, o nosso atual mais aprimorado sonetista é o maravilhoso e pratiamente escatológico: Galuco Matoso.
Estivemos há poucos dias a conversar sobre isso: ele está chaegando cada vez mais da perfeição imposível.

--=-=-
Por fim, me perdoe , já que tem um crítico na família, mas este post, repito meg-avilhoso, deveria se chamar Pai e Filho.
=-=-=
Não é o só que tinha a dizer, mas posts como esse me emocionam demais, mexe comigo ais do que eu deveria.
Parabéns, meu Pai também sempre achava oh!Lord, que eu podia fazer melhor:-)
(you can do better than that! parece que estou vendo) .
Um beijo, milord.
Um grande e emocionado beijo, milord!
E que coisa linda *Vontade Distante*
Meg

Anônimo disse...

Lord, desculpe ficar tanto tempo longe da sua casa. Sabe como é, né? Vida corrida...rs. Achei duper interessante este diálogo que manteve com seu pai e o métodoque ele usou para que você compreendesse/percebesse todo o esforço de escrever poemas/sonetos.
Não tenho esse dom, meu amigo. Faço lá os meus versinhos, casuais, sem qualquer técnica; a maioria imprestáveis...rs.
Um grande abraço,
Mário.

Maria Helena disse...

Lord,
bela a forma de seu pai ensiná-lo, apesar do seu receio respeitoso.
Lembrei-me bastante dos meus tios irmãos de minha mãe, refinados, cheios de reverências, de certa forma causava temor, mas eram pessoas maravilhosas.
O meu pai era diferente, homem simples, sabedoria intuitiva, relacionamento aberto sem formalidades.
Quanto a métrica, lembrei-me de Seu Olegário meu professor de português, no ginásio:
A/té/on/de a/vis/ta/ es/cu
Vou/vi/ver/vi/ven/do a/ mor
Vou/jo/gar/fu/gin/do à/sor
Vou/se/car/ a/ me/sa en/xu
Gostava de acróstico e haikai(não
lembro como se escreve).
Sempre gostei de poesia, apesar de ter dificuldade de entendimento.
Parabéns, voce tem o dom de comover os corações.
Bjs

marilia disse...

Amigo lord!
bom dia... a minha maneira, estou protestando tb lá no meu cantinho. Sua opinião sempre foi respeitada por mim...
passe lá.
Um abraço!

Anônimo disse...

Lord,

Emocionante o seu post. E que legal a poesia. Parabéns! Parabéns!

Eu tomei gosto por poesias cedo. Ainda no colégio decorei Versos Íntimos de Augusto dos Anjos (olha por onde comecei!) e depois seguiram-se muitas outras: Poema de Sete Faces, Passargada, José (talvez a mais desafiadora) e, mais recentemente, Motivo.

Gosto de recitar. Depois de muita insistência das pessoas ou de algumas taças de vinho perco a timidez e vou em frente. É uma sensação única, por um instante toda a atenção é voltada para quem recita, olhos e ouvidos atentos (os familiares com olhares orgulhosos) e por alguns segundos você se torna todo poderoso, é um momento realmente mágico.

Por escrever nunca me aventurei. Talvez aí esteja o verdadeiro desafio.

Um abraço,

Fabiano

Anônimo disse...

Lord,
quase natural eu me desdizer, funciono assim.
Acho q o poema é um tanto triste. talvez o viver não vivendo. Mas o relato é do medo de estar saindo da casca do ovo. Do encarar-se no mundão através do primeiro e tão viril anteparo. Poema de incongruências, impossibilidades, do longínquo q, no entanto, trouxe tanto encontro, possibilidade pra perto.
O trabalho, atenção e elogio de seu pai é epelho do trabalho, atenção e elogio seu a ele.
Bem freudianas as figuras materna e paterna, não? Assim como pra nós filhos é um tanto difícil conquistar o amor e a tão almejada admiração do pai, eles também devem sentir certa insegurança e expectativa. Com as mães, sei lá, a fusão quase sempre é imediata, total, incondicional. Bjs. Tento retiros a fim de tentar me desdizer menos. Longa jornada vida adentro.

Anônimo disse...

Caro Lord,

É como eu sempre digo, vir aqui e ler-te é um previlégio!
Lindo post,linda conversa com o seu pai, que bela aula não?

E que belo soneto...Parabéns!

Te espero lá no Fragmentos para uma pequena e simples comemoração, sua presença muito me honrará, e é indispensável tá?

Um beijo e um bom fim de semana!

Lord Broken Pottery disse...

Márcia,
Sou eu quem tem que agradecer o carinho e o compartilhamento.
Grande beijo

Mani,
A lembrança desses sorrisos vale muito. Tenho certeza que o poema era bom.
Beijo

Sibila,
Adoro os seus comentários. Você é muito importante para o que escrevo. Tem sempre um olhar emotivo. Obrigado!
Beijo

Meg, querida,
A angústia maior seja talvez não saber porque escrevo. Quando resolvi, lá atrás, ir estudar matemática, estava decidido a não fazê-lo. Já tinha gente demais na família escrevendo, seria falta de imaginação. Depois... Bem estamos aqui. Existe esse blog que denuncia a incapacidade de manter o compromisso. Tenho quase certeza, o que é muito incerto, que o que escrevo não é para mim. Aliás o que leio algum tempo depois, sempre me parece estranho, psicografado. Penso sempre na impossibilidade de escrevermos sobre a mesma coisa duas vezes, do mesmo jeito. Se escrevesse novamente um livro que já escrevi, contando a mesma história, seria outro livro. Isso me parece terrível e nunca entendi a razão desse sentimento. Não somos donos nem de nosso próprio texto, já que somos incapazes de repetí-lo. Podemos fazer melhor, pior, quem sabe? O que seu pai e o meu ensinaram, com sabedoria justa, é que é possível fazer melhor. Este ensinamento, porém, preguiçosamente, insiste em me faltar muitas vezes. Termino antes do que deveria, elaboro menos do que poderia, sou negligente, trabalho pouco as palavras, não aprendi direito com o velho. Sou pouco prolixo para economizar esforço.
Grande beijo

Mário,
Não se subestime, isso não é bom. Tenho certeza, vejo quando leio o que você escreve, que a coisa vem de dentro, sentida, carregada de verdade. Técnica, o que é isso? O importante, já disseram, é que nossa emoção sobreviva. Você é sempre benvindo e não precisa se desculpar. Como todo amigo, tem lugar guardado no lado esquerdo do meu peito, reservado, venha quando for possível.
Abração

Maria Helena,
Você falou em receio respeitoso e eu lembrei de temor reverencial. Sempre gostei dessa definição. O medo que se caracteriza pelo respeito, admiração. Nunca tive, porém, medo de meu pai. Não precisava. Ele era carinhoso o suficiente para não me assustar. Quanto se tratava de texto, no entanto, a admiração era tamanha que me travava um pouco. Ainda me paraliza quando o leio. Volto a ser menino e fico muito pequeno comparando as produções. Ele era um escritor enorme, com um pai maior ainda, foi difícil demais para ele.
Já não existem mais Olegários. Que pena...
Gostaria de ter o dom a que você se refere.
Beijo grande

Marília,
Já estou indo opinar. Adoro dar opinião.
Beijo

Fabiano,
Augusto dos Anjos, que começo!
Tenho essa mesma sensação ao recitar. A emoção dos olhos postos em mim, o medo de esquecer, errar alguma passagem e, ao mesmo tempo, conseguir dominar a emoção que emana das palavras, quase recriando o que foi escrito. Imagino que deva ser assim que o ator se sente, talvez por isso revelem-se tão apaixonados quando falam de suas profissões.
Você irá escrever, não tenho a menor dúvida sobre isso. Não acredito na força dos genes, mas creio que os ambientes nos moldam, ensinam. Você, da mesma forma que eu, cresceu entre livros. Viu seu pai e sua mãe amarem os textos, leu bastante, está quase pronto para o desafio. Quando sair, sairá. AInda irei em algum lançamento seu.
Grande e carinhoso abraço

Sibila,
Todos nós, de alguma forma, vivemos não vivendo. O medo de sair da casca do ovo, em fase remota de nossa existência, está sempre presente. Não é claro encarar o futuro e o que ele traz de desconhecido. Com relação ao relacionamento com minha mãe, e com a figura feminina, você tem razão. Sempre achei mais fácil, e mais gostoso, é óbvio, o relacionamento com as mulheres. Consigo ser mais verdadeiro, menos defendido, raramente entro em conflito. A vida inteira competi com meu pai querendo superá-lo. Essa possibilidade, remotíssima, me estimula. De certa forma, o orgulho que sinto por ele, gostaria de sentir por mim próprio. Você falou em Freud e eu comecei a me analisar. Desculpe-me.
Beijo

Cris,
Já fui lá, dei os parabéns, vida longa ao "Fragmentos de Mim".
Grande

Alice disse...

Lord,
Nunca me esqueço do meu pai me ensinando Ciências,era exporro direto!rs.. Chegava a ser engraçado o qto ele dizia q eu nao prestava atenção...
Seu pai devia ser uma pessoa sensível e compreeensiva o bastante para te ensinar e te ajudar,fiquei emocionada com seu relato!
Outra coisinha, Tenho 2 colegas de faculadade que estao com umm espetáculo de ballett contemporâneo que foi inspirado no Livro ''Vidas Secas' do seu avô Graciliano Ramos,vc se importaria de me mandar seu e-mail para que eu possa te enviar o folder do espetáculo?
Beijos Alice

Lord Broken Pottery disse...

Alicinha,
Será que seu pai não tinha razão, ciências é meio chato, não é? Meu e-mail é rramosfilho@uol.com.br.
Grande beijo

valter ferraz disse...

Lord, permite-me falar ao Fabiano?
Tive a mesma intuição, Fabiano. Você é um escritor. Pelos poucos comentários que lí por aqui, sentí isso. Discordo do Lord: genes, contam, acho. Aliados à muita transpiração, resultam em grandes obras.
Tenho absoluta certeza que estarei num lançamento seu também.
Um abraço.
Grato, Mano pelo espaço

Anônimo disse...

Eu mew sinto sem jeito, pela anterior ousadia que muito me afligiu.
Mas, agora, que estou um pouco mais respirando menos:-) menos opresa, vim dizer que sim, sei e tenho a certeza de qeu seu Pai gostou.
(aliás hpa coisa de dois dias estive slendo sobre Ricardo Ramos, imagine a serendipity)
e olhe, não que eu queira me exibir e dar uma de crítica, mas o Poema é bonito,
belo e muito, muito bem feito
A forma, como já foi mostrada
e, perdoe-me dirigir-me a você Sibila, que sempre a encontro em vários lugares: admiro-a mesmo.
Então deixe-me que lhe dida: Desdizer-se é bom, mas neste caso não e desdiga.
O que é belo nesse poema é o trabalho de ourivesaria da palavra cuidadosamente transposta em idéias:
E sim, o que vc resaltou é o maior tesouro deste soneto:
Uma outra , uma diferente espécie de *OXÍMOROS*!!!!
É absurdamente belo:
Começa pegando o leitor pelo braço da surpresa:
Até onde a vista=escuta
a boca=cheira
até o chorande de alegria.
edepois os oxímoros propriamente ditos
viver a morte,
beber a carne
olhando sem ver...

O luto "encarnado" outro nome para vemelho.
É o verdadeiro fingimento do poeta: escrever à sombra (n)do sol.
----
Um beijo , milord, um pouco menos aflita.
P.S não há número suficiente, nem demais para criar beleza.
Obrigada!
M.

Anônimo disse...

Milord,
irrito-me bastante, fico constrangida, mas não posso brigar mais com meus olhos então peço que me perdoe pelos meus *TYPOS*, OK?
Obrigada
Meguita

Claudia Lyra disse...

Delicioso texto! Tenho sérias dificuldades em entender - e gostar de - poemas e poesias. Provavelmente me faz falta a aula que seu pai te deu.

ana v. disse...

Lord, com a emoção das lembranças esqueci-me de dar-lhe os parabéns pelo magnífico poema. E acho que o soneto continua a ser a mais sublime forma da poesia.

marilia disse...

Lord...A aninha me indicou, e eu sempre achei seu blog 5 estrelas...então, indiquei vc! passe lá e pegue seu selinho!
bjão

Lord Broken Pottery disse...

Meg,
Obrigado pela análise. É sempre bom ler sobre o que escrevemos. Muitas vezes nos ensina, mostrando-nos coisas ocultas que saíram sem que percebêssemos.
Bom que você esteja menos aflita, até por não ter feito nada que justificasse a aflição.
Grande beijo

Claudia,
É, sem dúvida, uma leitura diferente da que estamos acostumados. Também me causa certo estranhamento, às vezes, requerendo um certo "warm up".
Beijo

Ana,
Obrigado. Com relação aos sonetos, pelo menos relativamente à emoção que me provocam, são realmente a forma mais sublime.
Beijo

Marília,
Obrigado, passarei lá.
Beijo

anna disse...

lord, sinto que seja bem difícil ter um pai que trilhou antes o caminho artístico/poético/profissional que o filho começa a trilhar.
penso como num filme do woody allen, que toda vez que o filho produz algo, o pai está ao lado na sua imaginação.
sentado na mesa do café, deitado na cama, ao lado no carro...

Lord Broken Pottery disse...

Anna,
É verdade. No meu caso a influência é, porém, positiva. Até por achar que existe espaço para todo mundo, e considerar que dificilmente chegarei aos pés dele, na boa.
Beijão

Saramar disse...

Lord, a aula foi uma beleza.
E o poema, ah! adorei.
(acho que jamais serei poeta de verdade. Falta-me a paciência do refazer infinitamente).

beijos
P.S. Por onde anda?

Anônimo disse...

Valter,

Que supresa, seu post.

Deste jeito vou acabar acreditando que realmente levo jeito para coisa... Quem sabe um dia não me arrisco e saí alguma coisa?

De qualquer maneira obrigado pela força e pelo comentário.

Um abraço,

Fabiano

PS: Lord, obrigado pelo aluguel do espaço!

Lord Broken Pottery disse...

Saramar,
Você tem muito talento. Ando correndo demais, trabalhando muito, tentando atender (dar conta de) todas a obrigações que se avolumam sempre mais. Aqui no trabalho não se cansam de me passar mais responsabilidades.Em resumo, ando atolado até o pescoço. Vou ver se hoje consigo visitar os amigos.
Beijo

Fabiano,
O Valter tem razão, ele sabe das coisas. O espaço é sempre seu.
Abraço

Van disse...

Quem sabe, sabe!
Talento exige esforço.
Dói. Mas nasce!
Beijuca

Lord Broken Pottery disse...

Van,
É isso mesmo, sem esforço nada se faz. Tudo é parto difícil.
Beijo