Amanhã, no Irã, apedrejarão Sakineh Mohammadi Ashtiani. Tentarão acertar o seu rosto tendo a cabeça como alvo. A primeira pedra, quem sabe, atingirá o nariz provocando imensa dor. Seus olhos se encherão de lágrimas e de susto. O gesto natural e instintivo de proteger-se será impedido. Estará enterrada com as mãos presas. A segunda, pode ser, passará de raspão e abrirá um corte em sua orelha, oferecendo-lhe um brinco de sangue. Uma outra irá ferir-lhe a testa. Certeiros arremeços arrancar-lhe-ão dentes que ficarão soltos, brincando com a língua, perdidos e tristes na boca amarga. Suas duas vistas, então caladas e vazias, já não mais poderão enchergar corpos masculinos. Nunca. Em seguida, confusa e desesperada de medo, respirando aos trancos o ar que ventila grosso e salgado os pulmões apavorados, ouvirá um baque surdo e distante. Coração pulsando nas têmporas. Um peso áspero e pontudo afundará sua garganta. E o choro engasgado borbulhará gotinhas vermelhas delicadas num chiado estranho de panela de pressão. As próximas pedras já não serão sentidas. Embalarão sono profundo e dormente, lânguido, quase sonho. Alá, meu bom Alá.
terça-feira, novembro 02, 2010
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12 comentários:
Caco, meu amigo
sobre a violência desnaturada, nenhum comentário, a não ser o de que a humanidade não deu certo.
Sobre seu texto, idem, a não ser o de que ele dá cada vez mais certo.
Dessa vez, lindo, triste. Incrivelmente lindo e triste.
Beijo
vivina.
Oi, Vivina,
Pois é, a notícia estragou-me o feriado. Fiquei muito triste.
Beijo grande
=´[
Sem comentários. Elza
Faço minhas as palavras da Vivina!
Abçs.
PS A humanidade não deu certo!
Uma tristeza acrescida de agonia.
Livrou-se agora, mas novo processo no horizonte.
Como dizia em Macbeth:"... something wicked this way comes".
:-')
beijos, milord
Oi, Raiza,
Beijo grande!
Elza,
Você tem razão. Não há muito o que dizer.
Beijão
Eduardo,
Definitivamente não!
Grande abraço
Meg,
Talvez a verdadeira tortura esteja aí.
Beijo enorme
Saudades!
como se dizia antes: muito silêncio, o que está acontecendo?
Espero que tudo esteja bem, beijos
Meg,
Estou me tornando um cara muito óbvio. Quando sumo, normalmente, é por estar trabalhando demais. Agora mesmo estou arrumando as malas para ir fazer um trabalho em Bauru. Junte isso às aulas, e à correria normal cotidiana, acaba sobrando pouco tempo para a nossa blogosfera. Mas estou bem. Obrigado pelo carinho, viu?
Beijo grande
Lord
Ouvi os gemidos.
Tristeza profunda.
Bjs
belíssimo texto de uma repugnante realidade...
Obrigado, Solange. Beijo!
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