quinta-feira, setembro 09, 2010

Eleições II

Eu estou convencido - também sou capaz de me convencer - que não vivemos uma democracia adequada. Aliás, considero que estamos muito longe de viver um processo de escolha de nossos representantes minimamente conveniente. Enquanto tivermos grupos de pesquisa divulgando estatísticas, e ranqueando os candidatos durante todo o processo eletivo, o resultado estará amplamente comprometido. Não basta fechar as torneiras numéricas apenas nas vésperas das eleições. Elas influenciam, ajudam as pessoas a decidirem, criam falsas expectativas. Infelizmente, muitos ainda preferem votar com a maioria, enxergam a coisa toda como um jogo em que precisam sair vitoriosos. A questão se agrava quando pensamos na fragilidade ética de nossas instituições. Elas facilmente são corrompidas, a possibilidade de manipulação de dados é sempre muito concreta. A única forma de garantirmos isenção e lisura é proibindo todo e qualquer anúncio de posições de candidatos desde o início, até o conhecimento do resultado final. Já li a respeito de trapalhadas realizadas pelo IBOPE, que partidos pagariam para verem seus quadros melhor posicionados, que os institutos procuram agradar aos seus clientes da melhor maneira possível. Basicamente há uma boa margem de manobra já que o período eleitoral é longo e só há necessidade de exatidão naquilo que os jornais publicam nas vésperas de irmos às urnas. Não adianta sermos adiantados em termos de tecnologia, proclamarmos os vencedores num piscar de olhos, se o STE ainda não percebeu - ou será apenas mais conveniente? - que eleição é uma coisa muito séria, diferente das apostas que o povo faz na Megasena.

13 comentários:

Anônimo disse...

Ô Caco,

como você é lúcido e objetivo! Como apreende a realidade! E como, infelizmene, tá coberto de razão!
As exclamaçãoes se justificam. A cada dia, fico mais alarmada com tudo.
Beijo solidário
Vivina.

Lord Broken Pottery disse...

Vivina,
Que pena que você tenha que concordar comigo...
Beijo carinhoso

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Ricardo,

Eu também me convenci, mas foi no sentido contrário. Antigamente, estava convicto da manipulação que se fazia dos resultados das pesquisas pelos institutos. Acredito, aliás, que isso, realmente, acontecia.

Hoje, esta coisa das pesquisas virou um negócio tão lucrativo, que já não vale a pena para os institutos manipularem os resultados, já que a credibilidade é o maior fator de sedução para vender seu produto.

Além do mais, eles conseguiram aumentar muito o leque de clientes que, antigamente, eram os meios de comunicação e hoje são muito mais diversificados, incluindo os partidos, de todas as cores.

Quanto à influência que eles exercem, acho-a menos maléfica do que aquela exercida pelo programa eleitoral gratuito, os debates e as entrevistas, muito menos verdadeiros e mais manipulados do que os resultados das pesquisas.

Lord Broken Pottery disse...

Arnaldo,
É claro que estamos especulando, que falamos a respeito de nossas impressões, já que nada pode ser provado sem muito esforço e vontade política. Mas acredito que seria melhor procurar influenciar o menos possível, deixar o povo escolher sem o entusiasmo positivo ou negativo das pesquisas.
Grande abraço

Meg disse...

" Embora o momento político atual me dê engulhos, vejo com tranquilidade a quase certa eleição da Dilma. É claro que prefiro o Serra, disparado, e nele irei votar, mas é apenas uma opção pessoal e não política...
Lord, isso é tudo que eu gostaria de dizer ou ter dito a quantos me perguntam - aflitos - o que fazer no atual estado de coisas. São alunos, ex-alunos, amigos, pessoas que "fazem opinião ou formadoras de opinião" de outras tantas pessoas...e que estão como baratas tontas, pois parece não haver escapatória. Tudo parece estar já definido antes mesmo de ter começado ou de acabar o jogo.
Eu queria falar com essa sua clareza e essa objetividade que, prolixa como sou, me falta e me faz falta.
Quando vc diz que esse modo de jogar com a opinião pública, através de índices de pesquisas alardeados,todos os dias, incessantemente, tem toda a razão. Mas é terrível falar sem canal de escuta e resolução.
Além das pesquisas usadas de modo tendencioso, somos bombardeados pela insensatez dos falastrões que nos impingem uma idéia de que tudo está uma beleza, um "chuá" (como se dizia antes, no tempo do Zé Trindade), num país de magnos avanços sabe-se lá quais e para quem.
É isso que, a partir de agora, vou dizer - roubando-lhe, confessadamente -, a idéia tão bem exposta no post anterior e neste, claro.
Que bom que tenha dito. Que bom que eu tenha lido.
Então, com a alma lavada, deixo-lhe um beijo e minha gratidão, por ter falado o que se precisava ouvir.
---
No mais, parabéns, também pelo post em que menciona a Farah Diba e seu (dela) Xá.
Deixei lá umas palavras.
Um beijo, queridíssimo milord.

Lord Broken Pottery disse...

Meg,
A minha alegria em receber os seus comentários é antiga. Fico sempre felicíssima em encontrar as suas ideias por aqui.
Beijo carinhoso

Maria Helena disse...

Lord
O meu desagrado maior é sem dúvida com relação aos candidatos que jogam sujo quando se vêem perdido nas pesquisas.
Bjs

valter disse...

Caco,
pesquisas servem para enriquecer os institutos que as promovem e para eleger quem estiver disposto a pagar mais. É o balcão de negócios que espertamente move-se de um lado para outro como a banquinha do camelô (pode estar instalada no plenário do senado como em frente à boca da urna).
Pode-se ver que não discordo uma vírgula do que voce diz. Só não tenho a fineza no trato com as palavras e nem a lucidez com que voce coloca suas idéias.
Forte abraço desde Pres.Prudente(novo refugio do clã)
Beijo, mano

Lord Broken Pottery disse...

Valter,
Vou escrever pra você.
Grande abraço

Lord Broken Pottery disse...

Valter,
Vou escrever pra você.
Grande abraço

Aninha Pontes disse...

Já desisti de querer um futuro melhor para o nosso país. Mesmo me beneficiando disso, desisti.
Quando uma população resolve perder tempo votando em "tiririca", o que esperar?
Bom senso e inteligência, seria querer demais.
Um beijo, de longe.

psicologo@ricardomardegam.com.br disse...

Escrevi um livro sem a letra A - Ele se chama A- (lê-se a negativo). Ricardo Mardegam

Um livro surpreendente.
Diz de um filósofo que emerge e sucumbe em seus conceitos
teóricos e ressurge como um ícone incompreendido.
Seus conhecimentos, ensinos e conteúdos podem muito
nos dizer sobre questões do existir, sobre o Ser e sobre o
universo dos homens.
Foi escrito de modo que um dos signos do nosso uso
comum (o A) fosse excluído e que, mesmo com esse
jeito diferente de escrever, houvesse o entendimento do
conteúdo nele exposto.
É com muito gosto que ofereço este texto... E espero que
gostem, pois gostei de escrevê-lo e quero crer no seu
percurso promissor no mundo dos novos escritos.
Bom divertimento e, em breve, nos veremos, de novo, em
um outro delírio de escritor que quer o diferente, o novo,
o (im)possível como desejo.

psicologo@ricardomardegam.com.br

Lord Broken Pottery disse...

Oi, Aninha,
O futuro será negro, pode apostar.
Beijo grande

Ricardo,
Só espero que você não resolva escrever um livro sem a letra u. Aí não vou resistir à piada.
Abraço