segunda-feira, novembro 12, 2007

By Bus

Sempre gostei de andar de ônibus. É quando a vida na cidade grande parece caminhar com menos pressa. Do ângulo superior em que nos encontramos, a paisagem parece espalhar-se preguiçosa, perdida no trânsito pesado, as pessoas vistas da janela, lá em baixo, passando quase em câmara lenta. Embalado nesse frear e acelerar, balanço dolente, para frente e trás, sinto o mundo acomadar-se em rítmo mais justo, normal.
Depois de ter ido morar perto do trabalho, quase vizinho ao metrô, perdera esse hábito. Agora, trabalhando um pouco mais distante, recuperei esse prazer. Voltei a ouvir as pessoas, observando os dizeres com a velha curiosidade. Nada mais fascinante, para mim, do que analisar pensamentos quase diferentes. Esse contraste entre o que é dito no silêncio apertado e espremido da condução, semelhante sentir de toda gente mas, ao mesmo tempo, particular na inflexão da voz, maneira de expor, semi-tons de emoções, me fascina. Ali, anonimamente perto das pessoas, conheço melhor o universo que imagino ser meu: o gênero humano.
Hoje falavam do feriado que se aproxima. Brincavam, é claro, os dois rapazes. Um, assumidamente negro, celebrava. O outro, gozador, loiro, explicava que iria trabalhar. A dele, dizia, era branca. E seguiam amigos, conversando, rindo, felizes com o dia de folga. Difícil explicar que haja uma data em homenagem à consciência, tenha ela a cor que tiver.

50 comentários:

valter ferraz disse...

Caco, observador atento que é, percebe a diferença, a distância que há, disfarçada, claro entre as peles. Vivemos segregados. Nossos "guetos" são impostos pela condição de vida. Um apartheid disfarçado, maléfico que nos aprisiona, cada um de nós num mundo que não escolhemos.
Eu, sempre frequentador de ônibus, metrô e trens sempre me sentí excluído. Não econômico, humanamente excluído. Nunca me sentí um deles; bicho estranho entre meus iguais. Estranho sentimento esse, o de não pertencimento.
Gostei do retorno.
Estou na correria. Correios, banco, um inferno.
Grande abraço, mano

anna disse...

pois é, lord, sempre achei estranho um dia da consciência. seja leve ou pesada, branca ou negra, de gente ou de bicho.
já me responderam que é uma ação efetiva a longo prazo.
tenho dúvida se ainda verei o resultado disso.
prá mim, discriminou é: teje preso!

Lord Broken Pottery disse...

Valter,
Não entendo o racismo. Pena que não seja apenas uma questão de cultura, educação. É alguma coisa mais profunda, invisível, triste. De qualquer forma, acho que tentar colorir a consciência é uma estratégia errada. Me pareceria mais adeqüado, mais visível, homenagear, por exemplo, Zumbi, que foi um negro que lutou contra as diferenças. Seria mais palpável. As crianças aprenderiam na escola o que foi a luta dele. Teríamos um herói conhecido e estudado, e uma data a comemorar, de fato.
Grande abraço

Anna,
Concordo com você. Preso inafiançável.
Grande beijo

Vivien Morgato : disse...

Lord,dois pontos:
* odeio andar de ônibus, prefiro meu carrinho esquisito mil vezes. Tenho implicância, andei muito, jurei que não andaria mais.
* o dia da consciência negra me deixa feliz, vejo um movimento interesaante de valorização da cultura negra/mestiça.
Apesar de todas as dificuldades histórias, pois nem mesmo seu sobrenome eles tem ( nome era perdido junto com a liberdade, em tempos de escravidão) e muito menos a um estudo aprofundado que fale de sua história sem cair no lugar comum.
Meu filho Daniel - que tem o apelido "Toddy" por motivos óbvios - adora a data e quer celebrar.
beijos.

Maria Helena disse...

Lord,
Gosto de andar de ônibus, tb sinto essa calma. Oportunidade de valorizar a beleza das acácias, dos flamboyant, dos ipês, e arquitetura da cidade.
No carro, apesar de reconhecer o talento do Toninho na direção, fico
sempre apreensiva, tensa.
Quanto a consciência negra, fico meio em cima do muro nesta questão,
porque de um lado acho um reconhecimento, do outro uma confirmação do preconceito.
Bjs

Aninha Pontes disse...

Lord meu querido:
Andar de ônibus, assim como rotina, não fiz tanto, durante uns quatro anos apenas, no meu último emprego. Os demais sempre foram perto de casa e não tinha necessidade de usá-los.
Nesse período em que andei de ônibus, sempre tinha um livro para ler, ou uma apostila para estudar, nessa época havia voltado a estudar, e meu tempo para ler as grandes apostilas de filosofia era curtíssimo.
Mas engraçado, que mesmo precisando estudar, muitas vezes as conversas ao meu redor me intrigava, me interessava, e mesmo não participando delas, não conseguia me concentrar, tinha que ouvir, e acabava por saber detalhes da vida alheia, que não se preocupavam em esconder.
A consciência? Acho desnecessária, uma vez que não vejo diferença entre as pessoas, somos iguais, acredito nisso, a cor da pele não os faz melhores nem piores que eu.
Um beijo

ana v. disse...

Milord, tive que ler os comentários para perceber esse feriado que não conhecia. Por cá não existe, mas acho que os portugueses adorariam mais um dia sem trabalhar! Que me desculpe quem o defende, mas um dia para a consciência negra (?!) é como um dia para a mulher: acho absurdo, porque deviam ser todos e não um em especial. Admitir que haja só um, já me parece redutor. Percebo que tem que se chamar a atençao para a luta contra o racismo - justíssima e sempre oportuna - mas um dia de ócio não me parece a melhor forma de fazê-lo. Antes, por exemplo, algumas horas de acção cívica nas empresas, dedicadas a essas causas. Porque não?
Quanto ao ônibus, há anos que não ando em transportes públicos. Desabituei-me, o meu carrinho leva-me exactamente onde eu quero ir, e quando... mas entendo que, para um escritor, os transportes públicos são uma fonte inesgotável de matéria prima. É por lá que passa toda a tragicomédia humana.

Um beijo

GUGA ALAYON disse...

Todo feriado deveria cair domingo.
abç

GUGA ALAYON disse...

...e toda quarta deveria ser de cinzas.

ahahah

Anônimo disse...

Lord,
tenho pra mim q é gostoso - e só é gostoso - quando do encontro com "o"(?) outro (?), alguém que não eu. Senão o eu multiplicado e multilado ad infinito, O Chato.
Como é gostoso e, acho, muita gente ainda não experimentou (ainda q achasse q o tivesse)há de haver o dia do outro, aqui o outro tão genéricamente chamado outro, mas q tão genéricamente assim foi chamado, e que, pois então, reivindica a diferença pro Ser diferente. Pró Ser. Bjs.
Você é uma pessoa gentil que me acolhe sem nem ao menos saber o que faz.

Anônimo disse...

Não consigo ver poesia nos ônibus de SP, lotados, atrasados e quebrados...

Unknown disse...

My Lord, my sweet lord,
Realmente é fascinante, deixar o carro de lado e tomar o onibus, mais ainda tomar o trem na Barra Funda e ir até a estação Anhanguera, completamente cheio.
De onibus, realmente é bom, ver pessoas, gentes simples, humildes, mas sempre pessoas. Sair da direção de um veículo, fugindo do trânsito infernal onde predomina a selvageria, a indisciplina, a falta de respeito pelas leis de transito e da vida.
Assim tem oportunidades para conhecer muitos personagens da vida cotidiana,já cheguei a tomar ônibus super lotado, com apenas uma perna dentro, a outra do lado de fora, já deixei cair marmita para não perder um ônibus, apesar do tilintar dos talheres (faca e garfo). Muitas vezes cedi o meu lugar para idosos, gestantes e senhoras, mas recentemente, na semana passada teve uma mocinha que quiz ceder o lugar para mim, não foi a primeira, talvez pelos meus cabelos brancos e meu ar mais SEXagenário. Também gosto de apreciar as pessoas, os ambientes, é muito bom, mas não pegue onibus super lotado, pois o humor das pessoas será bem diferente.
BLOGLOG (Globo) veja B-LOG ou BLO GLOG ou BLOG LOG, todas sopinhas de letras, vale a pena.a) Zé do MEMO (Correa).

carolina disse...

Eu adoro transporte coletivo. Fico besta de ver tanta gente diferente, fico imaginando quem são, o que fazem, pra onde vão. Fora que não preciso prestar atenção no trânsito e posso ficar só distraída, olhando as ruas, as pessoas,viajando. Como não uso sempre, acho até graça em me espremer quando estão lotados, aquele esfrega-esfrega é tão surreal e cômico!
Mas prefiro esperar pelo feriado, qualquer que seja, que pelo ônibus lotado.
beijo

valter ferraz disse...

Carol, surreal é? Quem precisa do ônibus lotado todos os dias tem outro nome para o esfrega-esfrega. Desculpe-,e, não resistí.
Um beijo, menina

Ricardo Rayol disse...

ônibus são mananciais de idéias, pena que não tão seguros como antigamente.

Anônimo disse...

Quando soube desse feriado, não acreditei.!!!! E as outras consciências? Amarelas, vermelhas...

Anônimo disse...

Gosto de andar de ônibus, mas não em São Paulo. Em Barueri, gosto. Também em viagens, durante o dia, muito aprecio o trafegar do automotor sobre a estrada ladeada pelas paisagens floridas e aquele estranho deserto que mostra que o que para trás ficou só voltará bem depois.

15 de Novembro traz a festa republicana daqui de nossa republiqueta e 20 de novembro a consciência de que uns são melhores do que outros e por isso devem ser devidamente diferençados dos demais, data bem preconceituosa tendo em vista que se propõe comemorar o oposto. Aguardemos o Dia da Consciência Amarela, Consciência Vermelha e Consciência Branca... bom, esta última não, se não acusar-nos-iam de racistas. Racistas podem ser os demais, mas os brancos cometem crime ao proferir gosto pela cor alva. Quanta bobagem! Nunca vi um governo mais preconceituoso e eletista: finge proteger e homenagear enquanto discrimina de modo cruel por quotas e vagas, cor da pele e tom do pelo.
Ah, triste sina ser brasileiro!

Lord Broken Pottery disse...

Vivien,
Andar de ônibus pode ser interessante na hora de ouvir um pouco o que o povo pensa.
Também acho que os negros deveriam ter uma data para eles. Poderia ser o 13 de maio, o nascimento ou morte do Zumbi, coisas factíveis. Consiência, para mim, é um conceito abstrato, não pode ter cor.

Maria Helena,
Concordo com você. Consciência negra, da maneira que é colocada, me parece também um estímulo ao racismo.
Grande beijo
Beijão

Aninha,
Sempre gostei, tive muito interesse em ouvir as conversas nos ônibus. Em uma fase de minha vida, andei de ônibus diariamente, trajeto longo e congestionado, entre o Jardim Peri-Peri e a avenida Paulista. Cerca de três horas diárias na condução. Aprendi muito, pude conhecer melhor a simplicidade das pessoas, conviver com elas, perceber seus humores e angústias. Era bacana, por exemplo, ouvir o linguajar dos jovens, as novas gírias, formas de se comunicar. Foi um período muito rico. Talvez seja por isso que não me incomode em andar de ônibus. Não é por economia, é por opção.
Grande beijo

Ana,
Concordo com você. Estranho isso de um dia específico para uma categoria. Também me parece que os dias devam ser de todos. Deveria haver democracia nisso, todos os dias serem igualmente divididos, em cada um de seus minutos, por brancos, negros, amarelos, vermelhos, as diversas cores e raças, sendo bem vividos por cada ser humano, com a dignidade necessária.
O problema de nossos carrinho, é que nos afastam do convívio com as pessoas.
Beijão

Guga,
Seguindo o seu raciocínio, todo dia deveria ser dia de índio.
Abração

Sibila,
Isso de acolher, de gostar das pessoas, é sempre mão de duas vias. Tudo o que passo pra você, recebo de volta. O mesmo carinho, amizade, atenção. Gosto muito de ler o que você escreve embora, nesse caso, tenha me lembrado do Gil (desculpe-me a brincadeira). Seu raciocínio ficou um pouco difícil de entender. Daria pra explicar melhor?
Grande beijo

Sandra,
Também não vejo poesia. O que vejo, e muitas vezes com interesse, é uma realidade bem diferente da minha, e capaz de me estimular.
Beijo
Zezinho,
Meu caro amigo de sessenta, recém completados. Você já imaginou que a condução agora passou a ser gratuita? Nem fila você precisa pegar mais. Tenho que me lembrar de lhe pedir uns favores, umas cartas para por no correio, por exemplo. O seu atendimento agora é preferencial. Injustiça. Você não aparenta já ser um senhor.
Quanto às pessoas, ou a maneira que olhamos para elas, existem várias nuances. Pode-se parar na carência de educação e civilidade, ou observar outras características, mais particulares. Gosto, por exemplo, de encontrar as personagens que andam pelas ruas. Doidas para pular dentro de uma história.
Grande abraço

Carolina,
Esse esfrega-esfrega perdeu-se no tempo. Era coisa do lord mais jovem. Hoje não ficaria bem, embora a idéia não seja assim tão má. Correria o risco de ser chamado de velho tarado (rs , rs, rs).
Beijão

Valter,
Tivemos o mesmo pensamento, digamos, maroto.
Grande abraço

Ricardo,
Nada é tão seguro com antigamente.
Grande abraço

Eduardo,
Talvez não precise. Uma resposta plausível, politicamente correta, seria dizer que o negro representa todas as cores, já que é a soma de todas elas.
Grande abraço

Anônimo disse...

Pois eu andei tanto de ônibus que só de lembrar já me sinto coçar. E quando tenho mesmo de ir neles, prefiro os frescões, que não lotam, ninguém conversa, a maioria dorme. Viciei-me no carro, embora anti-ecológico, mais por necessidade de locomoção entre as escolas em curto espaço de tempo e atualmente, as idas e vindas pra buscar a Princesinha na escola, em meus intervalos entre os turnos. Mas, quando estou em ônibus, surpreendo-me com paisagens, cartazes, construções que eu nem havia notado que existiam,, quando passo de carro pelo mesmo lugar. Não presto atenção nas conversas, a não seja que sejam "escandalosas". Jamais seria uma boa escritora. Sou muito distraída. A vida me escapa e eu nem percebo. Acho que me tornei uma ermitã, como diz meu pai, sempre refugiada em mim mesma. Mas não foi sempre assim.
Desculpe falar demais, Lord! Me manda calar a boca, h ehe. Ah, e vai no lançamento do Valter, certo? Certíssimo.
abraço, garoto

Lord Broken Pottery disse...

Denise,
Isso de ver a paisagem quando se anda de ônibus é curioso. Há no Sumaré, um bairro perto de onde trabalho, uma praça Ricardo Ramos, em homenagem ao velho. Ele ficaria feliz, é nome de praça e de biblioteca, quem diria... Pois é, nunca tinha conseguindo achar a tal praça. Essa semana, vindo trabalhar de ônibus, sentado, olhando na janelinha, vi de repente uma placa com o nome dele. Era a dita cuja, pequenininha, mal cabia a placa. Fiquei muito emocionado. Coisas que não conseguimos perceber na agitação do cotidiano.
Grande beijo

Anunciação disse...

É gostoso mesmo apreciar o fora e o dentro do ônibua.Quanto à consciência,concordo em tudo e por tudo com você,plenamente.E os feriados?Antes achava-os desnecessários,demasiados;hoje dou graças a Deus quando tem um;é um alivio;e olha que nem viajo,nem me dedico ao lazer,nessas ocasiões.Estou escrevendo e ainda me encontro lá no ônibus com você;é muito gostoso mesmo.

Lord Broken Pottery disse...

Anunciação,
Outro dia tive em mãos uma dessas agendas completas, com todas as informações imagináveis. Trazia o número de feriados no mundo. Sabia que na Europa, por exemplo, a maioria dos países folga mais do que a gente? Até o Japão tem mais dias de descanso. Portugal, só pra citar mais um exemplo, tem um exagero de feriados santos. Até que somos um povo trabalhador.
Grande beijo

Claudia Lyra disse...

Também gosto de andar em transportes coletivos e, por causa disso, já fui chamada de doida, hehehhe...
Mas é mesmo divertido prestar atenção nos tipos que nos cercam.

Anônimo disse...

Lord, é verdade, de vez em muito tomada por uma confusão. As falas do Gil, qdo viajandão, são fichinha (e bem mais legais) perto desse meu estado.
Nem eu sei o que quis dizer.
Devia seguir os conselhos daquela música: "pense ao menos até 3, se precisar, pense outra vez" ou contar até 1.000, fazer meditação.
Da próxima quem sabe mais lúcida.
Beijo.

Anônimo disse...

Quando digo que gosto do transporte coletivo, meus amigos me olham atravessado. Mas gosto mesmo!

Principalmente de ver as rostos e as expressões das pessoas. Por um defeito de fabricação, costumo atribuir-lhes histórias que me são contadas rapidamente.

Mas também leio nos ônibus. Só que canso logo e volto a observar as pessoas.

Consciência sim, mas incolor, não?

Grande abraço.

Lord Broken Pottery disse...

Claudia,
Temos essa doidice em comum. Fazer o que?
Grande beijo

Sibila,
Sou sempre pela opinião. Melhor falar, que calar. Espero continuar lendo seus comentários, muito bem pensados (contados até 3 ou 1000) ou de improviso.
Grande beijo

Milton,
Também leio em transportes coletivos mas, geralmente, as histórias contadas ao redor são perturbadoras, desviam a nossa atenção. Quanto às consciências também penso que são tudo, mas incolores.
Grande abraço

Anônimo disse...

Lord, mesmo já estando em crescente estado de saturação, o transporte coletivo de Curitiba ainda é muito diferenciado. Quando o poder público tem a sensibilidade exigível com os problemas da população, tudo fica melhor. Os ônibus aqui são um caso à parte e esta sensação tão bem contada por você e ilustrada pelos leitores é realmente uma oportunidade de se ter uma aula fabulosa do comportamento e do pensar humano. Matéria-prima mesmo para muitas histórias. Ainda sonho com uma Curitiba sem a quantidade de carros nas ruas como hoje. Quando o transporte se redimensionar e outras alternativas modernas forem oferecidas será o paraíso. A propósito, este seu post (coincidência feliz) poderia muito bem ser anexado ao meu texto de hoje como sendo um depoimento. // Tenho que me reportar a outro post seu quando comentava sobre a mudança de local de trabalho para dizer que estava certo em meu comentário. Sabia que você, em pouco tempo, estaria fazendo "descobertas" muito boas. /// Quanto ao assunto "consciência negra", penso que o feriado só serve para que a discriminação seja exaltada. É uma anti-homenagem. Estou com Guga. Se todos os feriados caíssem nos domingos, talvez mais gente lembrasse de ir à igreja de vez em quando. E seria, quem sabe, um bom programa. Grande Lord, grande abraço.

dade amorim disse...

Já tive esse grande interesse que você experimenta pelo transporte coletivo. O interesse ainda existe, mas os ônibus aqui no Rio se tornaram uma ocasião de perigo. Os assaltos são freqüentes, e te confesso que a experiência é das piores. // Dia da consciência negra (?) também me parece uma espécie de gol contra, porque foram os próprios negros que o inventaram - embora eu tenha amigos negros que desaprovam essa forma de tributo. Zumbi, sim, que foi um herói de nossa história, merece ser lembrado e celebrado. // Você já reparou como aqui na terrinha as coisas se desvirtuam fácil, fácil?
Beijo grande pra você.

Anônimo disse...

Ônibus gostosos eram os falecidos elétricos. Quando vazios.

Anônimo disse...

É assim mesmo que acontece , Lord: detalhes que não percebemos na correria do dia-a-dia, quando estamos de ônibus eles nos saltam aos olhos. Deve ter sido um momento emocionado ver a homenagem a seu pai, hein.
abraço, garoto

Lord Broken Pottery disse...

Adelaide,
Sei que as coisas aí no Rio, como aqui, apenas a propaganda contra aí é mais forte, andam difíceis. Em São Paulo, em alguns bairros mais residenciais, ainda é possível andar de ônibus numa boa. Quanto ao Zumbi, tenho enorme simpatia por ele. Gosto de heróis. Seria preferível prestarmos homenagem a ele que à uma consciência colorida.
Grande beijo

Peri,
Fui muito à USP de ônibus elétrico, via rua Augusta. Aquela em que se pegava à 120 por hora, botando a turma toda do passeio para fora... Era assim meso a letra do RC?
Abraço

Anônimo disse...

Lord, nunca desci, nem subi, a Augusta à 120 por hora, isto era coisa de playboyzinhos transviados.
Esse elétrico aí, linha Santana ( saia da esquina de casa)- Cidade Jardim era o mais gostoso, tinha aquelas janelas enormes tipo guilhotina, no verão ficavam todas abertas, uma delícia.

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Ainda lembro do barulho diferente do motor desses ônibus. Parecia mais suave. Outra coisa, acho que 120 por hora na Augusta só na música, ipossível.
Abração

Anônimo disse...

Lord
Barulho quase zero, um baixo zumbido. Aceleração contínua, sem trancos, o câmbio era automático. Poluição zero, talvez apenas alguns elétrons soltos pelo ar.
O único estorvo era quando os " suspensórios" soltavam dos cabos de energia e o trânsito parava até o motorista descer e recolocá-los no lugar.

120 por hora na Augusta? Alguém, pelas madrugadas deve ter tentado.

Não sei se você já ouviu esta história que dizem que é verídica, quando ainda existiam lá, abandonados, os trilhos dos bondes: a "juventude transviada" da época chegava com suas lambretas no topo da Paulista, carregando aquelas barras de gelo grandonas, que encaixavam nos trilhos e as soltavam em direção ao Jardim Europa.
Não há registro que lá pela Estados Unidos ficasse um outro grupo com copos de whisky na mão esperando o gelo chegar.
abraço

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Não conhecia a história mas deve ser verídica. O que me lembro daqueles trilhos é que eram um sabão quando molhados. Certa feita derrapei feio, quase bati o carro. Bons tempos do Flamingo, loja Tevery Blue, tomar chá na Yara.
Abração

Fabiana... disse...

bem... gosto de qq momento e qq lugar onde possa observar as pessoas... o lado bom delas, pelo menos!
beijocassssssssssssss e ótima semana!

valter ferraz disse...

Lord/Peri, a sessão remenber já acabou?
Pô, cheguei atrazadão mais uma vez.
Na Augusta comprei minha primeira camiseta importada com a estampa do Led Zepellin. Era amarela, com estampa da capa do Black Dog (cá, prá nós: horrível). Na mesma manhã de sábado comprei um par de mocassin de camurça feito à mão por um hippie barbudo e que fedia prá carái(mistura de patchuli com ao menos quinze dias sem banho).
É, cheguei atrazado mas não perdí a conversa, né?
Ah! lembrei: chegava à Augusta com o elétrico também, aquela da USP.
Bom, vou indo. Preciso espanar as teias de aranha.
Forte abraço

Lord Broken Pottery disse...

Perdidinha,
Embora nem sempre tenhamos condições de perceber, as pessoas têm mais lados bons do que ruins, não é mesmo?
Grande beijo

Valter,
Não pude resistir. A rua Augusta é um dos ícones do nosso tempo. Quem não andou por ela e se encantou com um jeito, um prenúncio de vida que, mais tarde, já bastante deturpado, migraria para os Shoppings? Era o tempo da lua na televisão.
Abraço

valter ferraz disse...

Lord, voltei. Usando as palavras de Ricardo Ramos: "obrigado, voce me deu um post".
Abraço forte

Lord Broken Pottery disse...

Valter,
Bem lembrado. Não vou deixar de ler.
Abraço

Alice disse...

Lord querido,
Se aqui não fosse tão brabo andar de ônibus,seria muito bom!
Vc acredita que das 2 últimas vezes que andei o ônibus tinha acabado de ser assaltado?
E vc sabe como é mulher né,só falta levar o armário(ou closet rs) na bolsa,eu tenho essa péssima mania.
To voltando aos poucos.
BEIJOSSS!!
PS; me divertia e ao mesmo tempo achava meio nojento o esfrega -esfrega ,eu coomo sou baixinha ficava com a minha cara praticamente nos''documentos'' dos sujeitos rs uma coisa!

Lord Broken Pottery disse...

Alice,
Bom te ver por aqui. Posso imaginar suas andaças by bus.
Beijão

james emanuel de albuquerque disse...

Que delícia de texto.

Mais uma vez me identifico.

O gosto por diálogos pescados na passagem das pessoas na "praça" chegou a me intrigar, mas me disseram que na Grécia clássica se obtinha a resposta para o oráculo de Hermes assim: escutando frases ditas de quem passava...

Um abraço.

Anônimo disse...

Por favor!
Ajuda a que se faça Justiça a Flávia. Se és um ser com sentimentos, ajuda!
Eu jamais invadirei teu blogue, garanto! Mas ajuda.
Repara bem: eu, tu, seja quem for, tem nosso pai, nossa mãe, nosso irmão ou irmã, ao longo de 10 anos em coma, que vida será a nossa?
Se não tivermos a solidariedade de alguém com sentimentos, que será de nós?

TEMPO SEM VENTO

Ah, maldito! Tempo,
Que me vais matando,
Com o tempo.
A mim, que não me vendi.
Se fosses como o vento,
Que vai passando,
Mas vendo,
Mostrava-te o que já vi.

Mas tu não queres ver,
Eu sei!
Contudo, vais ferindo
E remoendo,
Como quem sabe morder,
Mas ainda não acabei
Nem de ti estou fugindo,
Atrás dos que vão correndo.

Se é isso que tu queres,
Ir matando,
Escondendo e abafando,
Não fazendo como o vento:
Poder fazer e não veres
Aqueles que vais levando,
Mas a mim? Nem com o tempo!

David Santos

Lord Broken Pottery disse...

James,
É assim que encontramos as pessoas. Os gregos sabiam da coisas.
Grande abraço

David,
Se há uma coisa que me deixa puto é que me ameacem. Com que direito você entra em minha casa, me ameça, e me pede depois alguma coisa? A Flávia não merece que um cara como você a defenda, é mais um infortúnio para ela. Você partiu do pricípio, sem me conhecer, de que eu tinha sentimentos, o único que me sobrou foi o de raiva. Vai procurar sua turma!

Anônimo disse...

Antes existia beleza em andar de ônibus mas agora é sinônimo de risco...aqui é assim, infelizmente. Não existe nada além de trabalhadores apressados.
Dia da Consciência? Até seria bom se houvesse ;-)
dias lindos,
beijos

Anônimo disse...

Lord...
Nem sei o que dizer.
Tudo é encantador, não sei o que mais é, se os posts e seus relacionados comentários.
Se os derivados de algum outro viés, ou até mesmo..bem... o descabido, não é?
Um grande beijo.
De saudade e de obrigada.
Meg

.. disse...

Oi,querido
Saudades de vc e de seu jeito poético de ser.Sabe,eu tb adoro andar de ônibus!De apreciar tudo:as pessoas,a paisagem,as lojas que vão passando....
Quando a gente dirige,perde esta oportunidade!
E ouvir conversa é muito bom:no ônibus,nas fllas,nas praças de alimentação..sempre acabo aprendendo!
E,quanto à Consciência,tb concordo que ela não deve ter cor.A Consciência de SER é a quem se deve prestar homenagem!
Grande beijo

Lord Broken Pottery disse...

Márcia,
Para mim dia da consciência deveria ser todo dia. Os ônibus estão como a vida, aualmente viver é perigoso.
Grande beijo

Meg,
Também tenho sentido saudade de você. Me peguei várias vezes escrevendo um e-mail para ter notícias. Desisti. Não seria, talvez, bom forçá-la a responder. Fiquei por aqui aflito, torcendo para que as coisas estivessem o melhor possível. É com enorme alegria que vejo o seu comentário aqui. Sem você a blogosfera anda pálida, sem luz, mal iluminada.
Grande beijo

Oi Anne,
Bom te ver por aqui. Gostei de ler o que você fala sobre a consciência. Concordo, assino em baixo.
Beijão

Lord Broken Pottery disse...

Mário,
Só agora vi o seu comentário. Tinha se perdido no meio dos outros, passado batido. Gostei do que li. Também acho que esse governo mete os pés pelas mãos. Talvez tenha até boa intenção, mas se complica.
Grande abraço