terça-feira, fevereiro 05, 2008

Carnaval

Tinha prometido a mim mesmo aproveitar esses dias de folga produzindo um texto sem fantasia, desprovido de purpurina, confete, o menos eufórico possível. Não consegui. Sento aqui com a aflição de quem sabe que incorreu num grave erro para quem quer escrever: deixei escapar a disciplina. Mergulhei no cotidiano corporativo de cabeça e permiti que a distância das palavras, e o afastamento do ritmo produtivo, me fizessem estranhar a dificuldade encontrada agora. O vazio de idéias era esperado, fruto da falta de treino. Não devia estar surpreso. Escrever, como qualquer atividade, só é possível se respeitamos o ritual pertinente ao ato em si. Da mesma forma que sexo de boa qualidade exige preliminares, esporte aquecimento e trabalho rotina, o esforço literário precisa de dedicação. Deveria ter mantido a constância. Como fui relapso, sinto-me um pouco enferrujado, perdido.
E para não fugir ao tema, ficando mais à vontade nessa temporada de folia, vou logo despindo o verbo. Até quando veremos a mesma festa repetida? Embora o quesito originalidade seja um dos pontos de avaliação, nossa festa mais popular deixou de apresentar novidades. Todo ano é a mesma coisa. Gente desimportante demais ocupando a mídia por tempo demais.

53 comentários:

Silvares disse...

Visto deste lado do oceano não se nota a rotina do processo. Por aqui Carnaval devia ser tradição (chamam-lhe Entrudo), festa pagã, celebração de vida que ora se vai, ora se vem. Mas a tradição (de origem Celta?) vai cedendo ao brilho que nos chega desse lado daí. E temos de ver raparigas lindíssimas em biquini (ou nem isso) dançando ao ritmo do samba sob um céu cinzento e com temperaturas a rondar os 15 graus centígrados (com um pouco de sorte) que aqui é Inverno e neva na Serra da Estrela. Portugal a querer ser Brasil com o Verão trocado!
:-)

Maria Helena disse...

Lord,
O carnaval atualmente é mesmo uma festa sem graça, sem criatividade, um show caro,repetitivo.
Um dia...la longe, passar um ano sem colocar os meus pézinhos no Venceslau Clube, nem pensar!!!!!!Mas isso é coisa do passado, e bem
distante.
Bjs

Claudia Lyra disse...

Além de te deixar enferrujado, esse tempo sem escrever no blog me deixou com muita saudade. Faz mais isso não, meu Lord...

anna disse...

carnavalescos que me perdoem.
não sou do ramo, mas acho que há anos todas as escolas cantam o mesmo samba. só mudam o homenageado.

e essa idolatria a nudez é algo que me irrita. sim porque, sou obrigada a usar a parte de cima de um biquini numa praia, mas ficar nua em cima de um monumento andante pode. aliás, deve.

também me propus a atividades necessárias nesses dias.
mas, bundei.
a sensação é muito ruim, parece tempo jogado no lixo.

Anônimo disse...

o carnaval virou um programa de TV. e deve ser um dos piores programas de TV do mundo - o mais longo, onde se repetem todos os anos todos os chavões (pelos locutores e 'comentaristas') e a incômoda sensação do povo sendo usado por publicitarios, gdes empresas, politicos etc. é triste. esse ano, bati meu recorde: assisti a apenas 30 segundos de um desfile!

ana v. disse...

Bom regresso, milord. Mesmo enferrujado e com complexo de culpa, já tinha saudades de lê-lo, meu amigo.
Um beijo

Anônimo disse...

Lord,

Após sintonizar por alguns segundos no desfile da Sapucaí neste final de semana, minha mãe me lançou uma sugestão. Na verdade não para mim, mas para a Rede Globo:

"Deviam, um ano, repetir o mesmo desfile do ano anterior. O mesmo, sem tirar nem por: mesmas escolas, mesmos sambas, mesmos comentários e comentaristas, mesmas celebridades nos camarotes, etc. Será que alguém iria perceber?". Será?

Sei que sua bronca é ainda maior, pois a mesmice não se resume aos desfiles das escolas de samba. Mas pra mim o desfile é o exemplo mais emblemático da repetição do carnaval!

E sabe o pior? Com a falta de assunto mais importante essa semana (até super-terça é secundária diante da maior festa do Brasil) a repetição ainda dura pelo menos até domingo: nas revistas semanais o carnaval vira tema central, na TV o desfile das escolas campeãs e por aí a fora todos querem relembrar os "melhores momentos do carnaval 2008". Depois não sabem porque não vai pra frente...

Abraço carnavalesco,

Fabiano

Claudio Boczon disse...

como já vaticinava o Mattos, professor de geometria, em meados dos 80's:

vestibular é como carnaval...

...tem todo ano e quase todo mundo dança.


selaví e, se lavá, tá novo

Ricardo Rayol disse...

benvindo ao clube meu amigo.

Lord Broken Pottery disse...

Silvares,
Portugal faria muito bem em se manter íntegro. As festas populares mais bonitas foram dominadas inteiramente pelo comércio. Este, porém, considera o lucro a grande beleza. Em nome dele faz vista grossa à repetição, originalidade, tudo o que puder conduzir ao risco de se faturar menos. O nosso carnaval virou uma grande máquina de fazer dinheiro. Só não consigo ver a razão de continuar, ano após ano, fazendo sucesso. Conseguiram banalizar até a nudez feminina.
Grande abraço

Maria Helena,
Quando era jovem, séculos atrás, passei alguns carnavais em um clube de Cachoeira Paulista, no vale do Paraíba. Guardo com saudade a lembrança de um carnaval ingênuo, alegre, dos melhores que já vivi.
Grande beijo

Claudia,
Seu carinho me deixou ainda com mais remorso pelo tempo perdido. Como ficar tanto tempo sem conversar com vocês?
Grande beijo

Anna,
Idolatria à nudez artificial. Todo ano é o mesmo festival de cilicone na televisão. Impressionante como as pessoas abusam das formas mais opulentas. Seios enormes, bundas cuidadosamente preenchidas pelo líquido moldável e botóx, muito botóx. E não são apenas as mulheres. Os marmanjos também começam a descobrir a utilidade dos aumentos falsos de formas. Muitos rapazes aparecem com os tórax marcados, enormes, autênticos tarzans. Muita academia? Não, silicone também. É a era do silicone.
Grande beijo

Márcio,
Também pensei sobre isso, sobre a nossa incapacidade de fazermos o mesmo programa com originalidade. Todo anos é o mesmo programa televisivo mal feito, como você bem disse. Fico impressionado, na Inglaterra, como alguns programas duram anos na televisão. Como lá as pessoas têm o que dizer, não ficam repetitivos. A fórmula é a mesma mas o que é dito se renova. Aqui, o carnaval é o mesmo e os comentaristas repetem os mesmos chavões ano após ano. Não existe análise mais profunda, contexto histórico, reflexão sobre a festa, diferenciada. Acabamos com sono. Esse ano também bati meu record. Consegui ignorar completamente o carnaval. Só liguei a televisão para ver filmes. Revi Pride and Prejudice, em uma versão inglêsa, feita para a BBC, mais de cinco horas de filme, maravilhosa. Tenho certeza que saí ganhando.
Grande abraço

Ana,
É uma de minhas especialidades: o complexo de culpa. Talvez seja uma das pessoas mais torturadas por esse complexo que conheço. Sinto culpa por tudo: por estar feliz, por ter trabalho, por comer bem, dormir maravilhosamente, tudo me dá culpa.
Grande beijo

Fabiano,
Tive a mesma impressão que a Vivina. O vt resolveria, de forma bem mais barata a questão. Poderiam repetir todo ano a mesma festa que ninguém perceberia. As músicas não mudam. O último samba enredo bonito feito foi aquele do Paulinho da Viola: Foi um rio que passou em minha vida... Nem sei alguma escola desfilou com ele. Outro mais antigo, também no mesmo estilo, letra do Sergio Porto, o querido Stanislaw Ponte Preta, de quem relançaram o Febeapá, que estou relendo com muito prazer, é o Samba do Crioulo Doido. De alguma forma uma profecia, os crioulos endoidaram de vez, venderam o seu carnaval. No mais é tudo igual. Moças bonitas sonhando por alguns minutos de glória, oferecendo-se para serem rainhas de bateria. Incrível como o desejo por fama passou a ser uma obsessão em nossa sociedade. Antigamente a gente era criado para ser inteligente, hoje preferem a beleza.
Também fiquei ligado na super terça. A solução melhor, e imbatível para mim, seria a Clinton para presidente e o Obama para vice. O Obama tem apenas quarenta e sete anos e poderia esperar mais um pouco para ser presidente. Madame Clinton tem propostas mais consistentes com relação ao Iraque e no terreno ecológico, além de posicionar-se melhor com relação ao aborto, por exemplo.
Grande abraço

Claudio,
Essa é muito boa, só que cada vez dançamos menos.
Grande abraço

Ricardo,
Vamos juntos.
Grande abraço

Anônimo disse...

Lord,

que bom que esta de volta. Da ferrugem fez uma crônica.
O Claudio tem razão em lembrar o prof Mattos!

(;-)

Boa quarta de cinzas, aqui (SP) literalmente!

Lord Broken Pottery disse...

Eduardo,
O melhor de tudo é o contato com os amigos, disso sinto sempre muita falta.
Grande abraço

Lord Broken Pottery disse...

Anunciação,
Obrigado e um grande beijo procê!

Lidianismo disse...

Eu, pessoalmente, detesto carnaval. Mentira: até gosto quando a cidade fica quase vazia e eu a tenho quase que só para mim enquanto quase todo mundo vai à praia. Eu sei: são muitos quases para uma só frase. Enfim.

Eu, ainda bem, tenho tv à cabo em casa e posso fugir da programação da tv aberta que nessa época do ano - for me - é um desastre total. Há quem diga que é tradição, é de raiz, é samba e canção... Olha, então eu sou uma cafona de primeira que de música, originalidade, bom gosto e beleza não sei nada.
Há tempos que o carnaval brasileiro deixou de ser carnaval brasileiro. E tenho dito.

Beijo, Lord.

Anônimo disse...

Lord,

primeiro para agradecer sua visita e comentário no Varal.
Segundo para te dizer que para seu VOTO ser registrado, você tem que votar no CONTADOR logo abaixo das 5 imagens concorrentes. O seu PC tem direito a um voto, e só você pode faze-lo. Declinou seu voto, mas o CONTADOR não REGISTROU. Faça isso, que o Peri vai gostar!

Abração!

Lord Broken Pottery disse...

Lidiane,
Já gostei mais de carnaval, quando era mais popular. Hoje virou uma festa comercial, sem raízes, sem balanço, samba no pé ou canção. Virou um barulho de folia é igual, acaba de ganhar a Beija-Flor. A premiação, mais uma vez, se repete.
Grande beijo

Eduardo,
Será um prazer voltar ao Varal.
Grande abraço

Anônimo disse...

Lord Caco, que saudade!

Foi isso mesmo.
Quando Fabiano ligou a tevê, tive certeza de estar, uma vez mais, diante de situações há muito conhecidas e vividas. Ainda bem que existem filmes. Assistimos "Capote", em um canal a cabo, no sossego da fazenda, depois de nos banquetearmos com lambaris que Fabiano pescara à tarde. Muito melhor que camarotes de celebridades.
Estive fora um bom tempo (ora doenças na família, ora viagens, ora textos a serem entregues) mas, como dizia o Chico, "estou voltando". Nessa volta, quero te ler, sempre.

Beijo da
Vivina.

Fabiana... disse...

talvez seja isso, tb, que tem me afastado tanto do carnaval... gostava dessa época... agora, nem tanto.
beijocassssssssssssssssssssss.

Márcia disse...

O melhor do carnaval é torcer para que acabe bem depressa, foi-se o tempo em que confetes e serpentinas adornavam os salões perfumados pelos jatos dos [inocentes] lança perfumes.
A minha folia foi de comilança e bebelança em família, rss
beijos

Anônimo disse...

Concordo em parte, Lord, se você assistir "in loco" a um desfile (acredito até que já tenha assistido ou participado) verá que a mesmice se repete apenas na Tv. Ali, não conseguem, por mais que tentem melhorar o sistema sonoro, reproduzir o som autêntico das baterias e tambprins, que é algo cxontagiante. Ver desfiles pela TV, realmente é dose. Nisso concordo.
Ah, sim, e conseguiram acabar com o Carnaval da terça-feira, que há alguns anos era o ponto alto das festas momescas...
Grande abraço, Lord, e bom resto de folia...

Anônimo disse...

Caro Lord ,humm, navego um pouco contra a corrente, como um ex-folião que já rasgou muita fantasia.
Ontem fui almoçar na casa de um amigo que diz odiar este período carnavalesco. Só que quando cheguei tocava um CD ... de carnaval, com todas aquelas maravilhosas marchinhas surgidas nos tempos que este país era mais leve e feliz. Todos que lá estavam conheciam quase todas as letras e as cantaram.

O carnaval é sempre quase o mesmo, como quase tudo é quase sempre o mesmo.
Não é o carnaval que vai nos salvar da mesmice . Talvez seja ele o que mais nos escancara essa mesmice por culpa exclusiva da ruindade que é a cobertura da midia, que na verdade tenta reproduzir no carnaval o que faz o ano inteiro : o culto do nada, do descartável. Cadê o frevo, cadê os caboclinhos e outros grupos tradicionais do Recife, cadê o carnaval de São Luís do Paraitinga, cadê os blocos de rua do Rio ? O desfile das Escolas é para ser visto ao vivo, é lindo e emocionante, mesmo o de SP.
Fico profundamente admirado, profissionalmente falando, com a capacidade daqueles carnavalescos criarem em um ano um enredo e a partir dele aquela interminável quantidade de fantasias e aqueles carros alegóricos delirantes, usando materiais inacreditáveis. E mais do que criar, colocar tudo aquilo numa avenida e ... tudo funcionar. Fosse na Europa o mundo babaria.

E Lord, obrigado pelo voto lá no Varal e seu comentário no Armazém
abração

Lord Broken Pottery disse...

Vivina, querida,
Também senti saudades. Sei, porém, que na fazenda, não sei se é proposital, não existe computador. Esperei com paciência você voltar.
Assistir a um bom filme comendo lambaris é o tipo de programa que me cativa. Nesse fim de semana, mais uma vez, revimos o Pride and Prejudice, em versão inglesa para a BBC, com um ótimo Mr. Darcy (Colin Firth). Aliás o elenco é excepcionalmente bom, com todos os Bennets dando um banho. Cada vez mais considero a história de Jane Austen maravilhosa. Sempre que leio o livro, ou vejo o filme, já o fiz diversas vezes, descubro novas coisas na obra. A escritora, sem dúvida, estava em um momento inspiradíssimo quando escreveu a novela. E olha, você bem sabe, que não acredito em inspiração.
Tive algumas boas notícias com relação à minha produção literária. A historinha para o Henrique Félix, Meu tataravô é um cometa, foi aprovada por ele. Soube da sua sobre o 11 de setembro. O roteiro que inscrevi num concurso da UBE, sobre Os Caminhantes de Santa Luzia , recebeu menção honrosa do juri.
Beijo grande

Perdidinha,
Também já gostei de carnaval. Um de nós dois deve ter mudado, ou ambos.
Grande beijo

Márcia,
A minha foi de paz. Cansei de descansar.
Beijo

Adelino,
Sempre ouvi falar, e tenho curiosidade em ver, que ao vivo os desfiles são grata experiência. Quem já passou por ela afirma que não falta emoção. Quem sabe um dia me animo?
Grande abraço

Peri,
Adorei a frase em que você fala do tempo em que esse país era mais leve e feliz. Faz muito tempo, não?
O voto foi sincero, de coração.
Grande abraço, amigo

Aninha Pontes disse...

Enquanto se aplaude a mesmice do carnaval, e assiste-se empolgado a apuração, não se tem tempo para cobrar mais segurança, mais escola, e com ela mais educação, mais saúde, e menos gastança do dinheiro público com cartões de crédito alheios.
O que falta nesse país é vergonha, aquela vergonha que aprendi quando criança, vergonha na cara.
Um beijo.

jayme disse...

Todo ano é a mesma coisa, agravada pela insistência dos jornais de, ao longo de quatro dias, colocar na capa uma mulher peituda cheia de dourados. Será que o carnaval passou ao largo dos manuais de redação? Será que os editores se sentem obrigados a publicar esses falsos destaque por alguma razão que desconhecemos?

Vivien Morgato : disse...

às vezes eu acho que eles republicam,só de brincadeira,pra ver se alguém nota a diferença.
Eu não notaria.;0)

Anônimo disse...

Belo texto. Eu gostei. Ferrugem, nada: descanso merecido. Carnaval, não gosto. Muita orgia. Pouca fantasia.
Apenas aprecio a cidade mais vazia, mais tranqüila.
Coitados dos que não têm a opçao da tevê a cabo.E pobre de quem mora ou trabalha nas ruas interditadas. Muita alteração na vida das pessoas, tempo demais.
E, muitas vezes um saldo de dor, pelo excesso de bebida ou outra coisa, pelos lares desfeitos, devido a traições, pelas dívidas contraídas para pagar a fantasia, etc, etc,

Anônimo disse...

esqueci de dizer:
abraço, garoto (pra não perder o costume, hehe)

Anônimo disse...

Oba Lord!
Pois voltas numa cadência!
Euforia qdo euforia. Mas se o escritor ñ a quer, isso lá é outra história (normalmente quem perde somos nós)
Nesse ñ passa euforia, por mais acelerado q pudesse estar. Então acho q, como tendo o pleno domínio q tem, o q chegou foi a medida da escrita desejada.
Adorei principal/te isso e pedindo permissão cito"(...) permiti q a distância das palavras e o afastamento do ritmo produtivo me fizessem estranhar a dificuldade encontrada agora." Estranho se não estranhasse, não é? Estranho se não nos tocasse.
Bj.

Anônimo disse...

Querido Caco,

pô, que legal, parabéns! Pelo texto da Positivo, que tá comigo, e pelo roteiro do livro de seu pai, que eu gostaria de ler. Não entendo de roteiros, mas, se é um trabalho seu, claro que quero ler!
Quando eu ia começar meu texto, Henrique me enviou o seu, que acabara de ser entregue. Como estaríamos ( e estaremos, espero) na mesma coleção, e como você foi a primeiro a escrever, ele pensou que me faria bem te ler. (Claro que eu disse a ele que, no lançamento do Valter, você me disse que, quando terminasse, me enviaria). Só que não li ainda, estou te devendo.
Na semana em que começaria a escrever, surgiu uma viagem a Nova York, ficou pra volta, e, na volta, o tempo ficou curtíssimo, porque já era Natal (voltei dia 23 de dezembro).
Bom, escrevi, viajei pra BH (minha irmã estava hospitalizada lá), comi lambaris na fazenda, e agora me proponho a colocar a vida em ordem, se é que é possivel. Não dizem que o ano só começa após o carnaval? Pois é.
Vamos nos ler. Vou te enviar meu texto que, por causa da viagem inesperada, ronda as Torres Gêmeas do World Trade Center. Por enquanto, o título é "NY, in loco".
Título sugerido pelo Fabiano, já que o meu era péssimo.
Te escreveria mais, mas são quase nove horas, tenho ginástica. Ao contrário de você, funciono à noite.

Beijo da

Vivina.

Claudio Costa disse...

Há algo nos festividades momesmas (êpa!) de pura repetição e excesso. Assim como outras festas "obrigatórias", durante as quais os chavões se repetem. Entretanto, há um quê de cíclico, quase como uma rotina 'necessária', a determinar princípios e fins. Eis a sina do homem: escande o tempo para dele se esconder, determina alegria para das tristezas se esquecer. Ó vão esforço. Enterram-se as mazelas hoje para que ressurjam amanhã. E vamo que vamo, ano que vem tem mais.

valter ferraz disse...

Lord,"cansei de descansar", ótimo!
Quanto ao carnaval, me abstenho. Falaria o mesmo que todos aqui, chama-se redundância, não?
É muito bom ver todos a posts. Vivina, você, Fabiano até.
De minha parte, carrego meus sentimentos de culpa. Fazer o quê?
Abraço forte

Lord Broken Pottery disse...

Aninha,
Vergonha na cara falta em todos os segmentos. É uma sem-vergonhice geral e irrestrita!
Grande beijo

Jayme,
Acho que não. Peitos siliconados vendem muito jornal. Os brasileiros, que já foram grandes admiradores de bundas, parecem ter direcionado a libido para os fartos peitões de borracha.
Grande abraço

Vivien, querida,
Ninguém nota. As moças nem precisariam se esforçar tanto, gastando fortunas com a novas e caras alternativas da medicina, para manterem-se com a mesma imagem. Seria só repetir um carnaval de vinte anos atrás.
Grande beijo

Denise,
Não há como negar que as cidades vazias, principalmente as enormes como as nossas, tornam a data especial. Poder andar pelas avenidas sem trânsito, entrar nos restaurantes sem fila, assistir filmes escolhendo os melhores lugares no cinema, andar pelos parques não esbarrando nas pessoas, tudo isso faz do carnaval um período diferenciado. O meu é assim: uma festa interior de sossego.
Grnde beijo, garota

Sibila,
Gosto de perceber o quanto você, muitas vezes, aborda as coisas por uma ótica diferente. O texto tinha dois parágrafos. Enquanto a maioria ficou no segundo, falando sobre o carnaval, você referiu-se ao primeiro, analisando minhas dificuldades com a retomada de ritmo para escrever. Muito tempo parado fez sentir-me estranhamente enferrujado. Não haveria razão para estranheza, você tem razão. Pra tudo nessa vida o treino é importante.
Grande beijo

Vivina,
Vou enviar o roteiro. O chato de se trabalhar num é que agora, com ele pronto e devidamente mencionado, não sei o que fazer. De cineasta não tenho nada. Desconheço os fluxos que, se utilizados, poderiam levar o resultado desse esforço auto-didata ao que se propõe: um filme. Valeu, de qualquer forma, pelo aprendizado. Li muitos roteiros, comprei livros especializados, aprendi a fazer. Caso tivesse vencido o concurso, seria publicado pela Scortecci. Teria sido bom, poderia espalhar alguns livros por aí, aumentando as chances de despertar interesse de algum Fellini. Enfim... Foi uma homenagem que fiz ao Ricardão, ele mereceu.
Estou louco pra ler o “NY, in Loco”. Título ótimo, o Fabiano é bom de título. O Henrique forneceu o meu: “Meu Tataravô é um Cometa”. Acho difícil batizar meus livros, o que não chega a ser um problema. Como dizia Graciliano, não há razão para preocupação, já que os livros não saem sem título.
Grande beijo
Claudio,
Repito a frase: Eis a sina do homem: escande o tempo para dele se esconder, determina alegria para das tristezas se esquecer. Ó vão esforço.
Gostei, particularmente, do escande o tempo para dele se esconder. Muito bom!
Grande abraço

Valter,
Bom é ver o irmão por aqui, presente, sempre me ajudando com suas palavras. Você é muito importante para mim.
Grande abraço, mano

Só- Poesias e outros itens disse...

Caro Lord,
feliz fevereiro de 2008, o mês que começa depois do carnaval. (ainda bem que foi logo no começo)

bjs.

Ju gioli

Anônimo disse...

Lord,

Obrigado pelo elogio. Modestamente, acho que é bem mais por aí (eu ser bom de título) do que pelo que minha mãe colocou (o título dela ser péssimo). Ela tinha algumas opções bem legais, mas calhou de a minha sugestão "colar". E o mérito pela escolha é absolutamente divido com ela, pois o título só será esse em função de um capítulo, com este mesmo título, que ela escreveu em um momento de muita inspiração, como você lerá (neste ponto, tendo a discordar de você e acreditar que, apesar da importância do esforço, momentos inspiração não só existem como fazem a diferença!).

Abraço,

Fabiano

Lord Broken Pottery disse...

Ju,
O sentimento que tenho é que o mês de fevereiro disparou, está voando baixo, assim logo teremos outro carnaval. A impressão que tenho, grande injustiça, é que o tempo anda mais rápido conforme envelhecemos. Porque será? Quando eu era jovem, e tinha toda uma enorme vida pela frente, o tempo se arrastava.
Grande beijo

Fabiano,
Será que existem mesmo? É claro que quando nos dispomos a trabalhar, e tenho certeza que sua mãe trabalha muito, somos mais e menos felizes. Às vezes acertamos na veia. O que não acredito é nisso que a maioria das pessoas chamam de inspiração, nessa coisa de que estamos andando na rua e que, vindo do nada, baixa o santo e saímos correndo para registrar aquela idéia maravilhosa, quase divina. Escrever é trabalho. Tem dias que a gente trabalha melhor. Mais uma vez parabéns pelo título.
Grande abraço

Marion disse...

Lord, concordo com você, para escrever é necessário manter a constância, o ritual. Eu mantenho a disciplina de escrever 5 dias por semana no blog pq eu sei que se eu deixar para escrever só quando a inspiração bate eu paro de blogar. E não quero que isso aconteça.
Sobre o carnaval, a mesmice a qual vc se refere é culpa da mídia. A transmissão dos desfiles das escolas é equivocada e chata. Mostram sempre as mesmas peladas e os reporteres fazem as mesmas perguntas cretinas. Enfim, tudo fica com jeito de reprise mal editada.
Mas ver o desfile ao vivo é muito diferente. Vc sente a criatividade do carnaval, as pequenas inovações e a animação do desfile contagiando o público. É algo especial.
Espero que um dia as tvs apredam como transmitir um desfile.

beijos e volte a escrever!

ana v. disse...

Lord, tem um desafio lá no meu estaminé. Só espero que a sua paixão por complexo de culpa não o leve a ignorá-lo...
;)
Beijo grande

Lord Broken Pottery disse...

Marion,
Você usou uma palavra que gosto para o ato de escrever: ritual. É mesmo uma coisa, para mim, cheia de preparação, atitude, símbolos. Precisa de postura, determinação, compromisso. Não se escreve impunemente.
Grande beijo

Ana,
Passei por lá e vi o desafio. tenho pensado muito nele. Farei um post à respeito.
Beijo grande

Blog do Beagle disse...

Lord, eu aproveitei esses dias para trabalhar. Escrevi páginas e páginas de defesas, razões finais. Falei sobre laudos e cálculos de liquidação e embarguei de declaração uma sentença. Na 4ª feira de cinzas fui ao centro da cidade e obtive muitas cópias, inclusive de uma petição inicial que foi apenas revista nesses dias, pois, já estava pronta. Fui à OAB e bati protocolo e distribuí. Senti-me útil e cansada, mas não vi uma só bunda, um par de seios e nenhuma cena indecente pela TV. Neste ano, não me deixei irritar pela mesmice. Eu me poupei de ver o desrespeito que a mulher tem de si mesma. Eu me abstive de acompanhar o baixo valor que os meios de comunicação conferem às brasileiras e as vendem como mercadoria ao exterior. Trabalhei. Cuidei de minha família, passei, fui ao cinema, namorei meu marido, cozinhei, amei. Produzi e me senti mulher, na verdadeira acepção da palavra.
Bjkª. Elza

Lord Broken Pottery disse...

Elza,
Nada como uns dias para produzirmos e descansarmos. Você, pelo visto, conseguiu fazer os dias esticarem.
Grande beijo

Anônimo disse...

Tem certeza que perdeu o jeito?
Bjitos!

Lord Broken Pottery disse...

Lusinha,
Logo estarei linkando seu blog, muito bonito. Percebi que somos de dias próximos, ambos de janeiro, eu do dia 4 e você do 6. Capricorniano é bicho teimoso, obstinado. Seja benvinda! Acho que já reencontrei o jeito.
Grande beijo

Anônimo disse...

Well, well, well!
Que maravilha de texto!
Só não falo que é metateórico ou metalinguístico, porque sei que você, milord iria *encarnar* em mim!;-)))
Mas que belo texto e vou usá-lo com eventuais alunos.
Não tenho em mente outra coisa mais apropriada em forma e conteúdo para falar dos *esforços do ofício".

Escrever assim não é pra quem quer...
Beatifully said!
Beijos para você e milady.

P.S. A Denisezinha deve ter gostado desse para anular a tese da inspiração;-))))

Lord Broken Pottery disse...

Meg,
O que exatamente seria inspiração, além de puxar o ar para dentro?
Beijo grande

Anônimo disse...

Carnaval...a euforia distrai do perigo de ser assaltado. A Marta chegou do feriado de carnaval contando que na sexta-feira seu carro quebrou, ela teve que usar o trem para voltar prá casa. No vagão tinha várias pessoas fantasiadas, fitas brilhantes e enfeites de cabeça vistos de perto impressionava. A Marta sempre muito elegante só pensava no seu relógio de pulso. Assim seguiu a viagem preocupada em ser assaltada. Bem junto dela encostou um homem mal vestido, via-se tinta branca respingada em seus cabelos. "talvez seja pintor de casas" pensou ela. Conseguir o equilíbrio no trem é façanha especial. A Marta tinha os braços para cima e o cansaço já lhe castigava. Foi quando olhou o punho esquerdo e...cadê o relógio? "Filho da mãe, este cara me roubou!" O homem continuava impassível sua viagem. Mas a Marta estava furiosa. Assim, numa coragem incomum,ela ficou bem atráz dele, pegou sua escova de cabelos e colocando-a nas costas do homem ordenou:"Coloque o relógio na minha sacola agora!" Ele a obedeceu imediatamente.
Na próxima estação o povo fantasiado desceu e a Marta continuou a viagem, surgiu um banco vago ela sentou-se e foi conferir rapidamente a sacola... Acredite, lá estava um relógio grande, velho, todo riscado... Pobre homem, foi assaltado pela Marta, que envergonhada viu que seu relógio de ouro estava na sua bolsa, claro em segurança.

Anônimo disse...

Até hoje a gente ri quando lembra disso.
Lord querido
grande abraço
J.Fernandes
Brasil

Lord Broken Pottery disse...

Joieli,
Adorei a história, você escreve muito bem. Já pensou em ter um blog?
Grande beijo

Anônimo disse...

Eu gostaria muito, mas não sei como fazê-lo... :(
Vou te contar... há alguns anos eu escrevia estórias infantis e romances inocentes... Meus amigos adoravam. Cada dia eu trazia dois, tres capítulos novos, as folhas eram copiadas e distribuidas como uma novela escrita... Era emocionante. Perto do final da estória havia polêmica sobre o destino da mocinha...(risos) Certa vez mandei uma carta prá rádio, escrevi como se fosse verdade...(risos) fizeram a sonoplastia e foi ao ar... Sons de trem, cavalos e portas se abrindo, fantástico! Quase morri de emoção! Mandei os contos para uma emissora de TV, mas... não deu certo. Disseram que eram muito inocentes, inadequadas para os dias atuais...
Quizeram comprar, mas garantiram que o conteúdo seria totalmente alterado... Eu fiquei triste e guardei minhas estórias...
bjs.
J.Fernandes

Lord Broken Pottery disse...

Joieli,
Não é difícil. Com relação a escrever te dou um conselho: venda sempre os textos que quiserem comprar de você. Você escreve fácil, pode escrever outros, não é fácil publicar.
Grande beijo

Anônimo disse...

http://musicaljfernandes.zip.net

Está lá meu blog, acabei de criar...
prosa, poesia e
pequenas historias para rir ou chorar...

espero você e seus queridos amigos lá também.

cariños
J.Fernandes

Anônimo disse...

Vim deixar votos de Feliz (e muito proveitosa) Viagem.

Viu minha resposta falando sobre o livro de Miriam Fraga sobre o Graciliano?

Um beijo
Megleen

Lord Broken Pottery disse...

Meg,
Ando meio atrapalhado. Precisaria falar com você e perdi o seu e-mail. Me envie uma mensagem para que eu possa responder, ok?
Beijo grande

Dedê disse...

Lord

cheguei aqui por um destes acasos da blogosfera e lendo os comentários sobre o seu post, encontrei uma referência a uma certa denisezinha.Por acaso seria eu? Fiquei curiosa por demais, até porque vc e a Meg se referiam a inspiração....

Meu blog é denisezinha.blogpost...

bjs curiosos,
Denise
Aguardo a sua visita!