sexta-feira, janeiro 26, 2007

In Two Minds

Leio que a Sociedade Zoológica Inglêsa recebeu 75.000 euros para tentar impedir a extinção da formiga vermelha (Myrmica sabuleti). Fico dividido. Para que diabos servem as formigas? Vivo às turras com esse bicho. Em meu apartamento, volta e meia, aparecem sem convite. São, porém, de outra família, sulamericanas e subdesenvolvidas. Minúsculas, andam em cima da pia da cozinha à procura de alimento, doidas, como eu, por doces. Gasto, semestralmente, um dinheirinho com dedetização. Só assim consigo que resolvam ir pregar em outra freguesia. Mas voltam, sempre voltam, logo que o efeito do veneno termina.
A história do iminente sumiço da formiga britânica encarnada é interessante. Curioso analisar as sacanagens que rolam no mundo animal. A sua grande escassez provocou a extinção da borboleta Inglêsa (Maculinea arion), também conhecida, pelos mais íntimos, como grande azul, em 1979. A lagarta dela, depois de crescer vegetariana, deixava a planta onde vivia e, vai ser ardilosa lá longe, disfarçava-se de larva de formiga vermelha. Como conseguia, através de glândulas químicas, atrair as verdadeiras, era transportada para o formigueiro onde, verdadeiro cavalo de Tróia, tornava-se carnívora, alimentando-se dos ovos e larvas de seus hóspedes. Eventualmente, mais tarde, tornava-se pupa e emergia como borboleta.
Não se deve desrespeitar o ecossistema. E sabem o motivo da diminuição das formigas vermelhas do Reino Unido? Tem a ver com menos ovelhas nos pastos. A formiga precisa de calor, logo a vegetação tem que ser rasteira. Com a menor quantidade de ovelhas, não me perguntem a razão, o capim tornou-se alto, prejudicando o habitat ideal para o bichinho rubro.
Pois é, fico realmente entre dois polos. Certo que não me agradam as formigas. Certíssimo que as grande azuis, embora bonitinhas, são ordinárias, mereceram o destino que tiveram. Mas... E esse equilíbrio tão precário?

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