terça-feira, janeiro 16, 2007

Claustrophobia

Alguma coisa aconteceu, só que não consigo localizar no tempo. A impressão que tenho é que ganhei um medo novo. Bom, não?
Antigamente não prestava atenção quando entrava em ambientes fechados, sem saída. Agora fico preocupado, respiro fundo, analiso maneiras de fugir dali. Elevadores cheios, por exemplo, são lugares de onde quero me afastar o mais breve possível.
Aterrorizei-me com o episódio da linha 4 do metrô de São Paulo. Não pude deixar de me imaginar em uma van, espremido, no escuro, enterrado, sem escapatória. Será que foi assim? Será que a morte demorou para chegar, o ar acabando aos pouquinhos, lentamente? Coisa horrível!
Ontem à noite foi difícil conciliar o sono. Na solidão de meu travesseiro, no momento em que estou mais comigo, vinham-me as imagens do noticiário televisivo que acabara de desligar. E o pavor foi chegando lentamente. Um buraco imenso em Pinheiros, bairro onde moro, abriu-se no meu coração. Tristeza... Como aceitar essa loteria da vida que apaga quem passa na calçada distraído? Viver é cada vez mais um jogo, roleta-russa. A morte deveria ser menos criativa.

Nenhum comentário: