quarta-feira, janeiro 31, 2007

Bicho do Mato

Já escrevi que gosto de novelas, um de meus sonhos seria escrevê-las. São das poucas coisas que sabemos fazer bem. Costumo acompanhar com vários interesses: roteiro, argumento, atuação dos atores, linguajar, usos e costumes. Considero que retratam bem o nosso país, cultura, o que somos. Sempre que posso reservo um tempo para acompanhá-las.
Não sou de desistir das coisas no meio. Quase nunca abandono um filme na metade, por pior que seja, mesmo procurando assistir de tudo, já que sou cinéfilo. Jamais largo um livro pela metade, apesar de ler bastante. Acabo de jogar a toalha com uma novela quase no fim.
Quando comecei a acompanhar Bicho do Mato, da Record, novela de Cristianne Fridman, foi de caso pensado. Acho importante que não exista monopólio em nenhuma atividade. O fato de termos mais um canal fazendo trabalhos de qualidade, ampliando o mercado de trabalho para os atores, me pareceu louvável.
No começo até que gostei. Mostrava o Rio lindamente, tinha toques de Pantanal com seu núcleo fazendeiro, as coisas iam bem.
Novela na Globo, na Record, em qualquer canal ou parte do mundo, sempre trata da luta do bem contra o mal. É uma guerra com várias batalhas vencidas pelos bandidos, o mocinho se dando bem em algumas poucas, ganhando e casando no fim. Não foge muito disso. Temos que ter paciência para ver os melhores atores, que geralmente interpretam os maus, judiarem diariamente dos bonzinhos. No final, sabemos, irão se dar mal. É o que nos prende. A convicção de que um dia, diferentemente da vida real, com certeza, o bem vencerá. Temos assim nossa catarse.
A escritora de Bicho do Mato se perdeu. Ao envenenar Cecília (Renata Dominguez), submetendo-a a uma hepatite medicamentosa fulminante, que a levará a um transplante de fígado, antecipou a vitória do mal. Por mais que o marginal psicopata Ramalho (Jonas Bloch) perca, mesmo que morra no final, na média terá vencido. Fora todas as mortes que causou, terá deixado doente e dependente de remédios, para o resto da vida, a heroína. Perdi a paciência. Cansei de ver personagens mal resolvidas como o Mariano (Almir Sater), por exemplo. De perceber erros de continuidade de um capítulo para outro, de assistir, passivo, à ginástica mirabolante para esticar os capítulos ao máximo. Desliguei a televisão.

Um comentário:

Maria Helena disse...

Lord, espero que realize rapidamente este sonho, a televisão brasileira necessita urgentemente renovar.
Eu também não costumo largar nada sem terminar, mas O profeta foi guerra de nervos, a novela inteira foi uma sequência de erros de figurino, de comportamento, de música,se perderam completamente
na representação da época(1956) e o roteiro muito fraco.