segunda-feira, julho 31, 2006

Haste Makes Waste

Dizem que vivo no passado. Certo. Gosto mesmo de lembrar, de buscar na memória coisas que aconteceram. Sentir saudade faz parte de minha personalidade. Tento o mais que posso não comparar as épocas. Seria injusto com o presente.
Há muitos anos, quando comecei na informática, o mundo impressionava-se com as velocidades obtidas.
O diretor chegou cedo. Nós, os operadores do turno, fôramos prevenidos. Viria conhecer as novas impressoras adqüiridas pelo banco. As mais rápidas do mercado, capazes de imprimir uma enormidade de linhas por minuto.
Olhar sério, mãos para trás, caminhava ouvindo atentamente o matraquear ensurdecedor das máquinas. O papel, puxado com extrema velocidade, acumulava-se nos escaninhos. Às vezes o executivo parava, fixava o olhar, franzia o cenho. Depois continuava, sempre muito sério, sem falar com ninguém.
Então ouvi um palavrão. Um de meus colegas não se contivera. O papel se acumulara de maneira incorreta em um dos equipamentos até rasgar. O tampo que fechado, tornava o processo um pouco mais silencioso, abrira-se automaticamente, denunciando a falha decorrente da ação extremamente rápida e contínua.
Então o homenzinho, do alto de seu poder, aproximou-se do acidente. Aparentemente ignorando o impropério, analisou o ocorrido, curioso. Balançou a cabeça, coçou o queixo, suspirou e afastou-se, concluindo:
- A pressa é inimiga da perfeição.

quarta-feira, julho 26, 2006

Behind The Scenes

Sete horas da noite. O supermercado está lotado, filas crescem em frente aos caixas. O calor, impróprio para o inverno vigente, torna a necessidade de se fazer compras um suplício maior. O ar seco, perigosamente seco, permite quase que se ouça o pestanejar das pessoas, os olhos ásperos como se estivessem cheios de areia.
Empurrando o carrinho ela para aqui e ali. Cuidadosa, observa atenta as datas de validade antes de escolher os produtos. Abastece sem pressa. Atende o celular, conversa animadamente, coquete. Que idade teria? Difícil adivinhar. Veste-se jovialmente, jeans e blusa curta, barriga quase à mostra. Jóias, perfume francês. Cabelos aloirados tingidos de forma profissional, maquiagem discreta na pele esticada por bisturi competente. O andar elegante equilibra-se sobre saltos de plataforma. Que idade teria?
Terminando, dirige-se ao tumulto abafado dos que querem pagar. As filas espicharam mais um pouco. Apenas uma tem tamanho razoável, a dos idosos. Ergue a cabeça abrangendo todo o cenário. Um brilho estranho passeia pelo seu olhar, segundos de indecisão. Suspira profundamente. Escolhe o caminho mais curto e rápido.

segunda-feira, julho 24, 2006

Competition

Pergunto a mim mesmo a razão de ultimamente preferir ficar em casa. Cada vez mais tendo a sentir-me deslocado em grupos. Festas e reuniões têm sido um martírio para mim. Só vou mesmo quando não posso recusar, por medo de magoar o dono do convite. É quando sinto mais vontade de viver distante, longe de quem me conheça. Não precisaria mentir, inventar desculpas ou motivos para que me deixassem estar como prefiro, só.
Vocês já repararam o estilo dos encontros de hoje em dia? Tentem lembrar de alguma conversa recente que seja aproveitável. Embates, disputas, inexiste troca de idéias. Se o assunto é política, cada um eleva a voz e opina sem ouvir o outro. Desinteresse total sobre o pensamento alheio. Sentimentos? Jamais. Discutir questões íntimas está fora de questão. Tudo muito superficial.
E fica aquele contato descosturado. Família, música, cinema, trabalho, viagens e aquisições. Pulamos de assunto em assunto, tilintando o gelo no copo, falsamente alegres. Ciscamos um pouquinho aqui e ali. Em cada grupinho somos melhores em alguma coisa, ou piores, ganhando, perdendo, gastando saliva. Cansativa e barulhenta contenda.
Não tenho mais paciência. Por quê sair de casa em busca de diversão e continuar competindo? Tem hora que só queremos paz. Todo guerreiro precisa de trégua.

sexta-feira, julho 21, 2006

Give Peace A Chance

Nunca é demais lembrar do brado que John Lennon lançou há tanto tempo. O que mais me apavora é pensar que na época o apelo encontrava eco. Hoje, não mais. Os americanos em volta de Yoko e do beatle acolhiam o chamado, cantavam junto. Hoje, não mais.
No sul do Líbano, Israel e o Hizbollah preparam-se para a guerra total. Muita gente inocente já está morrendo. Dos dois lados o número aumentará tristemente. Mais uma catástrofe. Agora provocada pela natureza do próprio homem.
Give Peace a Chance
John Lennon

Ev'rybody's talking about Bagism,
Shagism, Dragism, Madism, Ragism, Tagism
This-ism, that-ism, is-m, is-m, is-m.

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance
C'mon
Ev'rybody's talking about Ministers,
Sinisters, Banisters and canisters
Bishops and Fishops and Rabbis and Pop eyes,
And bye bye, bye byes.

All we are saying is give peace a chance

quinta-feira, julho 20, 2006

Help!

Não se trata de música dos Beatles, é mesmo um pedido de socorro, um grito de desespero, está muito difícil de agüentar.
Sempre fui um sujeito cuidadoso. Levo meus compromissos a sério. Não sou de chegar atrasado, pago as contas nas datas do vencimento, lembro de aniversários, guardo coisas nos locais adeqüados, tudo muito correto. Por isso mesmo sempre tive uma vida tranqüila, sem sobressaltos. De uns tempos pra cá, porém, a desordem se instalou. É como se um outro Lord Broken Pottery tivesse tomado conta de mim, menos britânico, sem a menor fleuma. Virei um cara atarantado, correndo atrás de consertar coisas que o destino, ou eu próprio, destruímos. Um inferno!
Desde ontem as coisas conseguiram piorar, atingiram um nível insuportável, motivo do meu desabafo.
Como qualquer mortal costumo usar o banheiro ao levantar. Dei descarga e vi a água subir, subir, até transbordar e molhar o assoalho. O vaso sanitário entupido. Corri para buscar pano e desentupidor. Quando passei pela cozinha e acendi a luz ouvi um estouro. A escuridão persistiu, lâmpada queimada. Abri o armário, tateando, para pegar uma nova. Não tinha.
Fui para a academia. Fazer ginástica é bom para tirar o stress, esfriar a cabeça. No vestiário, depois de duas horas malhando, abri minha mochila. Toalha, sabonete, cinto, lenço, desodorante... E os sapatos? Pois é. Um engraçadinho ainda sugeriu que eu fosse trabalhar de tênis. De terno e tênis ficaria mais fashion. Peguei o carro e fui banhar-me em casa.
Apesar de tudo atrasei-me pouco para o serviço, só que meu crachá não abriu a porta. Como é que eu tinha deixado vencer o prazo de renovação do acesso? Não sei. Trabalho há vinte e seis anos no mesmo lugar, foi a primeira vez que aconteceu. Só consegui chegar em minha sala duas horas mais tarde, depois de falar com todo o corpo burocrático da empresa. Abri a agenda e verifiquei os compromissos do dia. O que aquela conta vencida estava fazendo ali? Teria que enfrentar a fila do banco depois do almoço, nada de pagamento via Internet. Aproveitei para tentar comprar uma lâmpada nova, já que a função é minha. Em casa temos tarefas masculinas e femininas. Coisas relativas a eletricidade são para meninos. Quem souber me informe, pelo amor de Deus, onde acho uma lâmpada de 150 watts e 127 volts. Cansei de procurar. Quase enforquei uma chinesa, num mercadinho, que queria que eu levasse uma de 150 watts e 200 volts. Quando expliquei, em bom português, que precisava ser de 127 volts, me olhou como se eu fosse um jumento. Respondeu-me, em bom chinês, ou coisa parecida, que a "râmpada" que eu queria não existia, e que a de 200 volts era boa e "balata". Foi quando tive certeza que estava mesmo ficando maluco. Todo aquele tempo querendo comprar o que não existia, talvez por isso mesmo estivesse tão difícil.
Cheguei em casa ainda um pouco atordoado. Que dia! Lar, doce lar. Uma sopinha, um pouco de televisão e cama. A noite estaria salva. Esfeguei as mãos contente. E então percebi que faltava alguma coisa na minha esquerda. Por caridade: como é que uma aliança de ouro, que você não tira nunca, some de seu dedo? Não é de se arrancar os cabelos que não tenho?
O que será que vai acontecer hoje? Já comprei um anel novo.

quarta-feira, julho 19, 2006

I Wish You

Tem gente que não devia partir. Passamos a vida inteira ouvindo falar dela, aprendendo a gostar, respeitar, querer bem, mesmo sem conhecer, conviver, ser amigo. Um belo dia, apenas por força de expessão, pois a manhã perdeu toda beleza, ouve-se pelo rádio que Raul Cotez não está mais entre nós. Pena... O país conseguiu ficar mais pobre, se é que isso é possível. Sempre é.
O respeito aparece aos poucos, é talvez o mais sério sentimento que podemos ter por alguém. Mistura em doses certas emoção e razão. Quando respeitamos alguém vamos além do gostar, sabemos explicar porque. Existe referência.
Minha admiração por Raul Cortez tem motivo. Era ótimo no que fazia, excelente ator. Quando falava tinha o que dizer. Posicionava-se corretamente no profissional, no pessoal e no político. Bom no terreno artístico, no humano e no das idéias. Corajoso, lutou até o fim acreditando que venceria. Talvez tenha vencido.
Não acredito, infelizmente, em vida após da morte. Gostaria muito que houvesse um céu pleno de amor. Desejo isso, sinceramente. Como disse a música de Charles Trenet, que Sinatra cantou:
I sincerely want to say
I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And then a kiss, but more than this
I wish you love

segunda-feira, julho 17, 2006

Fashion Week

O que é ser fashion? Meu impulso imediato é responder que nada que mereça meia dúzia de palavras. Gosto de dizer coisas que não fazem sentido, sofro de uma vontade idiota de chocar as pessoas. Não tem explicação, o hábito vem da infância. Cresci assim, com acessos de estupidez que vão e vem, sem razão aparente. Em semana de moda em São Paulo é claro que a pergunta cabe. Importante conceituar, definir significados, falar um pouco à respeito.
Fashion é atitude, ultrapassa os limites do bem vestir. Refere-se ao comportamento do indivíduo, relaciona-se intimamente com o bom gosto. Fica longe do exibicionismo, do exagerado, da pura exaltação do ego. Mistura em doses certas cultura, inteligência e beleza.
Cultura para que saibamos discenir entre certo e errado. Certo é correto, é decente, é viver dentro dos limites da cidadania plena. Certo é ser cidadão. Errado é tudo que for antiético. A fixação pelo espelho, olhar narcísico, o desrespeito pelas pessoas. Inteligência é o que nos permite improvisar com sensibilidade. O que nos torna visíveis embora discretos, elegantes. Beleza é a consequência de tudo. Somos bonitos ao sermos cultos e inteligentes. A burrice não é fashion embora, cada vez mais, esteja na moda. A burrice é feia. Horrorosa!

quinta-feira, julho 13, 2006

Bus Stop

O título é apropriado. Revela mais do que o som dos Hollies de 1966. A cidade mais uma vez estará sem condução. Deverá faltar muita coisa no dia de hoje. Os tempos mudaram. Não somos mais românticos como fomos. Falar de amor sob o abrigo de um guarda-chuva, num dia chuvoso, soaria ridículo.
Bus stop, wet day, she's there I say
Please share my umbrella
Tiros, bombas, sustos, mortes, sangue, trânsito congestionado, desconfiança, poluição sonora, prestaremos mais atenção nessa rotina. Caminharemos para o trabalho e para casa a pé. Iremos e voltaremos. Talvez. Os ônibus esconderam-se nas garagens. Nas ruas a polícia estará assustada, apertarão tensos as armas. Todos desviarão os olhos. Como se o fato de não fixarem o olhar os fizessem incógnitos, aumentando a chance de voltarem incólumes para suas vidas. A coragem estará por um fio. Difícil ser valente quando o inimigo está oculto, quando o ataque não tem lógica, vem de onde menos se espera, e o desespero modificou o sentido das coisas, estabelecendo novas bases, novos símbolos que ainda não aprendemos. Que não aceitamos, mas que nos impingem.
Iremos todos compartilhar a violência, dividir o pão nosso de cada dia. Abaixar a cabeça e acelerar os passos para chegar depressa. Quem puder irá de carro próprio, liberaram o rodízio. Mas não se iludam, essa guerra não terminará em pizza. Deverá faltar muita coisa no dia de hoje. Menos medo.

quarta-feira, julho 12, 2006

The Dark Side Of The Earth

Morreu Syd Barrett, aos sessenta anos. Roger Keith Barrett, que deu origem, junto com Bob Klose e Roger Waters, à formação original do Pink Floyd, serenou. Não encontrei melhor palavra para falar desse final. Alma atormentada pelo LSD e por mente doentia, não teve vida fácil. Cedo foi substituído, no auge da banda psicodélica, por David Gilmour, amigo de Cambridge, que o ensinara a tocar guitarra. Teve altos e baixos em sua existência difícil.
A maioria dos roqueiros importantes já está no céu. Imagino George Harrison organizando um novo concerto, chamando os amigos. Diferente daquele de Bangladesh, 1971, em prol das vítimas de sangrenta guerra civil no país. Lá em cima o povo é tranqüilo, estilo anos sessenta. Paz e amor nas nuvens. Um show para receber uma estrela, Sid. Convida, é claro, John Lennon para ajudar. Com a metade mais importante dos Beatles presente, qualquer apresentação de música é sucesso garantido. Elvis Presley e Frank Zappa, origens muito diferentes de tudo, chegam juntos. Jimi Hendrix, Janis Joplin e Cass Elliot (Mamma Cass) já estão no palco ensaiando. Falta um bom baterista, Who? Chamem logo Keith Moon, o melhor de todos. Vem com o parceiro John Entwistle e pronto, já temos um baixista. Fred Mercury, meio deslocado, quer cantar Love Of My Life. Talvez deixem, lá todos são santos.
Começa a apresentação. Anjos vestidos de forma extravagante cantam e agitam as asas espalhando a fumaça. No céu é permitido fumar, lá não tem câncer. E tudo é tão lindo que dá vontade de morrer.
There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it's all dark.

terça-feira, julho 11, 2006

La Partita De Pallone

Será que alguém ainda agüenta falar sobre futebol? Tenho uma prima que fez recentemente essa pergunta para em seguida, ela própria, abordar o assunto. Moradora que é de terras lusitanas, contou da alegria com que foi recebida a seleção do Felipão. E respondendo à questão, caso contrário perco o fio da meada, acho que sim. Somos todos um pouquinho fanáticos pelo nobre esporte bretão, comentaristas sempre entusiasmados.
Já fui um dia muito ligado às coisas da Itália. Estudei a vida inteira no Colégio "Dante Alighieri", num tempo em que ainda não me emocionavam os conselhos de Sergio Endrigo:
Stringi forte le dita
sui tuoi vent'anni.
Domani finirá
anche il tuo carnevale.
Proféticas palavras. Pois é, foi fácil torcer pela Azzurra. Levei para o carro um velho cedê com músicas de minha juventude e passei uns dias parado no trânsito ouvindo: Pepino de Capri, Domenico Modugno, Rita Pavone e Giani Morandi. Na hora do jogo já recuperara a sonoridade e o sentido de algumas palavras. Pude xingar no idioma da Bota. Comemorei o gol de empate do Materazzi como se meus colegas ainda estivessem comigo. Pulamos todos juntos: o Buonaffina. o Cataldo, o Persichetti, o Betti, o Napoli, tutti buona genti.
E ficou melhor assim, com a Itália tetra. Se na próxima Copa, na África do Sul, em 2010, não nos esforçarmos, correremos o risco de que nos alcancem.
E como permaneço ouvindo as velhas canções, deixo com vocês versos do Endrigo que me ensinaram a lembrar de meu pai:
Adesso si
Adesso che tu vai lontano
Il mio pensiero
Ti seguirà
Sarò con te
Dove andrai
Dove sei

segunda-feira, julho 10, 2006

Dog Save The Queen!

Recebo mensagem de amiga. Muito triste revela que perdeu Xeréu, cadela setter irlandêsa. Na foto que acompanha anexada o e-mail a bichinha aparece fazendo pose, linda, os cabelos vermelhos bem escovados, o linguão de fora, como se estivesse rindo. Respondo com pêsames sem saber se é assim que se faz. Não sou bom de protocolos. De cachorros sei apenas que são o melhor amigo do homem. Nunca tive um cão meu e não tenho, por isso mesmo, melhores amigos.
O que dizer a alguém que perdeu um animal de estimação? Se fosse gente eu calava. A gente aprende que o silêncio pode falar. Mas... E se choram ao seu lado, como lamber as feridas de quem bem queremos? Não sei. Digo apenas o que sinto, que tenho pena...
Então penso em vida depois da morte. Sempre penso. E que dog, cachorro em inglês, é a imagem espelhada de God. Deus, como o contrário do cãozinho doméstico. Seria então Ele nosso pior inimigo? Explicado está.

sexta-feira, julho 07, 2006

Lord Broken Pottery

Sou lord por apropiação, ocupei o título disponível em úmida manhã, típica de minha terra adotiva. Ninguém reclamou. E como sou inglês por dentro, frio e cinzento a maior parte do tempo, escolhi Broken Pottery por serem cacos de mim. É como estarei aqui. Fragmentado e visível, quebrado, juntando estilhaços da vida que espio, gosto e desgosto, quase sempre. Viver não é melhor que sonhar. A fantasia cotidiana que vestimos é pesada. No final das contas, somando os contras, ficamos sempre sem os prós. Cada vez mais brasileiros, mais estrangeiros no sentir dessa morada tão pouco nossa, ínfima. Infame rotina que sangra a retina. Como vai você? Nada bem. Vamos todos pior. Mal, estivemos um dia. Once upon a time. Era uma vez um senhor de cinqüenta e dois anos. Que horror!
Outro dia eu vi um pastel andando na rua, Paulista avenida. Anunciava um produto, propaganda ambulante viva sacolejante, Big Pastel. E os garotos do Cursinho resolveram brincar. Engraçado derrubar no chão quem trabalha. O pau comeu solto. Me deu um troço na garganta. Afrouxei a gravata mas o nó não saiu do lugar. É sempre assim. Tenho um nó permanente no pescoço. Não desata.