Sempre que um avião cai, ouvimos histórias sobre alguém que desistiu de voar no último instante, ou foi impedido de embarcar por algum motivo. Os comentários, invariavelmente, falam a respeito da sorte do fulano. O povão, sabiamente ingênuo, prefere repetir que ainda não tinha chegado a hora dele. Parece ser senso comum que existe um momento, previamente determinado, para que passemos dessa para outra, rotineiramente chamada de melhor. Agora não foi diferente. A televisão chegou a exagerar, descobrindo quem esteve em duas ocasiões nessa mesma situação e sobreviveu. Não adianta, quando não está escrito no destino, não há o que consiga causar dano, dizem.
No caso em questão temos mais um argumento a favor da tese. Um avião grande, enorme, choca-se contra um pequenino jato. Autêntico caso de David contra Golias. O maior despenca lá de cima, morrem todos os passageiros e tripulantes. O menor recupera-se, consegue estabilizar-se, descobre uma pista de pouso no meio da mata e aterriza. Sete sobreviventes. Mais uma vez a questão àcima. Não há registro de quem tenha sobrevivido a um choque aéreo entre aviões. A lógica não é clemente com dois corpos que se chocam a oitocentos quilômetros por hora cada, frontalmente, no ar. Desengana todos. Não era o dia dos americanos.
Difícil analisar essas questões de sorte e azar. Esforço-me bastante para não pensar nelas, desacreditando o mais que posso. Preferiria poder dizer que não existem, até por serem conceitos totalmente desvinculados da justiça. Não há justiça na sorte, nada mais injusto que o azar. Se realmente for uma questão temporal, se estivermos no local, naquele momento, por ter chegado nossa hora, que parem todos os relógios.
2 comentários:
Lord,
Que situação estranha essa. Também tive o mesmo sentimento de incredulidade que você tão bem soube dizer. Ou será escrever?
Bye, Lady Madonna
Dizer escrevendo, I hope.
Kisses
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