Já escrevi algumas vezes que gosto de tomar café na padaria. É quando encontro tempo para relaxar e conversar com minha mulher, tranqüilamente, antes do trabalho. Um croissant quentinho com bastante manteiga, a média nem clara, nem escura, pelando, e o papo flui calmo, sem pressa, gostoso.
Hoje, no desejum, fui informado que um casal amigo nosso está grávido outra vez. A filha, uma gracinha de cinco anos, voltou a fazer xixi na cama assim que soube que ganharia um irmãozinho. Ante o meu comentário, em tom de brincadeira, que o fato demonstrava o quanto a humanidade é ridícula, minha mulher, rindo, quis saber se eu não me considerava humano.
Morro de pena de nossa fragilidade. Desde pequenos carregamos fardo pesado demais. Vivemos antecipando a possibilidade de perdermos quem amamos e nos assustando com a necessidade de dividirmos afeto. Descobrimos, derrotados, inimigos impossíveis. Nosso primeiro olhar é desconfiado. Irmãos nunca são benvindos. Na matemática de nossos sentimentos o amor não é uma abstração. Como corpo inteiro e exato diminui ao ser compartilhado. O mais interessante é que na criança a emoção é explícita, violenta, sem possibilidade de defesa. Dá pena ver o que faz com os bichinhos. Com o tempo, adultos, nos aperfeiçoamos em ocultar o que anda pelo coração. Pensamos que não sentimos o que sentimos. Guardamos em escaninhos dissimulados a dor congênita e fingimos que estamos bem. Somos, sim, ridiculamente ciumentos. Quem não for que atire a primeira pedra.
27 comentários:
Eu sou ciumenta, assumida mesmo, sem problemas. Já tive vários níveis de ciúmes, não sou do tipo desconfiado, sou mais do tipo quero-atenção-mesmo.
Quanto a irmãos, comigo a coisa funcionou diferente, meu imrão caçula, que é tema do meu post de hoje sempre foi meu queridinho.
Mas somos tooodos muito estranhos.;0)
pois é,lord, fingimos ser quem não somos, pensamos ser quem não somos e pretendemos ser alguém que nunca seremos. affe!
Lord, absolutamente correto. E somos tremendamente ridículos o tempo todo.
Quanto mais vivemos mais ridículos ficamos. Já não podemos fazer xixi para demonstrar nossos ciúmes, aí inventamos uma série de artifícios, de manhas para demonstrar isso.
Alguns extrapolam e até matam. Ridículos é o que são.
Abraço envergonhado(sou muito ridículo)
Lord, sabe q acho q pros adultos é pior. A gente aprende, às turras, mas tenta ser civilizado. A irremediável divisão com os irmãos (falo de cativa pq tenho só irmãos + velhos - o q me facilita - se bem q lá em casa, como era comunidade, tinha muitos menores q eu; toda emoção deve ser sido prova, e eu escolhido alternativa). Alternativa aos 2 anos: ñ me contive e tasquei uma mordidona frente a um bebê, simplesmente a minha prima Kica, mas a q roubva os "!ai, ohs e uus e que linda, q liiinda!!!". Depois de grande, isso tudo, várias vezes, de novo - com pretendentes, namorados e afins - cruel, mto cuel, como diria o comentarista. Evitar? Não dá! Fui sortuda dos 20 pra cá, acho. Manejar e ser bem educada em geral e sempre e mais com as mulheres (haja disputa e haja amor e amizade), com os envolvidos no crime.SEI BEM, COM ALGUM ESFORÇO, vou com educação e amor; CONSIDERAÇÃO, do Gil, a melhor definição. SIDERAL COM. GIL.
Oi...boa noite...
Tudo bem? Vim te visitar, através do Apoio Fraterno, e gostei muito, você escreve muito bem...e sobre esse post,somos todos ciumentos sim, às vezes sem querer, sem perceber, mas somos sim!
Volto com certeza!
Um abraço, Crissssssss...
-Eu tenho ciúmes de quem escreve bem assim...
-Não é ciúmes , idiota, é inveja.
-Então tenho os dois. E mais alguns...
Lord, eu tenho, como o Guga bem falou, os dois, também!Abçs
Ridícula ou não, sou ciumenta, possessiva e o que mais quiserem.
Não difarço, não escondo de ninguém, aqui todos já sabem, e é assim que eu sou.
Mas verdade seja dita, o ser humano, é um bicho muito complicado.
Essa mistura de sentimentos e sensações muitas vezes leva o homem a cometer loucurasem nome de um suposto amor ou ciúmes.
Na verdade o que nós não sabemos é lidar com a perda, e só a possibilidade dela, a expectativa gerada, já faz com sejamos assim ridículos e muitas vezes tomemos medidas impensadas.
Um beijo.
Também tivemos o mesmo problema da garotinha aqui em casa.
pra quê lado devo atirar a pedra?
para cima, num ângulo de 90º em relação ao horizonte?
Vivien,
Põe estranho nisso!
Beijão
Anna,
Fingimos tão completamente que chegamos a pensar que é dor, a dor que deveras sentimos, né?
Beijão
Valter,
Abraço, ridiculamente envergonhado.
Sibila,
A boa educação é uma tênue casquinha que usamos para disfarçar.
Beijão
Cris,
Já fui lá te visitar e recomendo seu blogg. Estarei te linkando.
Beijão
Guga,
Eu também tenho ciúme e inveja de quem escreve bem. De qualquer forma obrigado pelo carinho.
Abração
Eduardo,
Obrigado pela demonstração de amizade.
Abraço
Aninha,
Não sabemos lidar com a possibilidade da perda. Já ficamos agitados só com a iminência dela.
Beijão
Cláudio,
Pelo visto ninguém vai atirar.
Abração
Milord, acho que foi você que falou por aqui daqueles autores que fundamentam o agnosticismo por explicar as religiões, superstições, crenças, enfim, o pensamemto mítico, de forma geral, como um fator instintivo de defesa. Parte disso deve ser o ciúme. Vale lembrar um bom momento de um letrista muitas vezes poeta:
Tanta gente canta, tanta gente cala/
Tantas almas esticadas no curtume/
Sobre toda estrada, sobre toda sala/
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.
Lord, seu companheiro de VARAL , o Silvares, esteve te visitando, porque só hoje notou estarem no mesmo fio, e gostou do que leu.Comentário no Camille, Varal de hoje!
Lord, o meu ciúme é "recolhido", é "implícito". Nunca tive coragem de expor. Pouca gente conhece a cara dele. E vou te dizer uma coisa: este é o pior de todos, não para as pessoas que estão ao redor, mas para o próprio ser. Sofro demais! Texto fantástico.
Lord, nem me fale! Ando mordida de ciúmes de minha Princesinha, que fica mais tempo com minha filha e genro do que comigo... Não demonstro, porém, guardo tudo. E, como diz o Ery, a gente sofre mais.
abraço, garoto
E é engraçado, ciumão desses de arder, depois de grande, só senti em relação a 2 pessoas. Os ciuminhos, administro mais ou menos bem: em geral, me retiro do recinto e deixo q as partes se entendam. Uma vez, numa festa, saí debaixo de chuva, peguei um táxi e voltei pra casa. Exagero? Bjs.
verdade. e o ciúme é completamente inevitável, como uma tempestade que tem que cair.
Jayme,
Enquanto escrevia o texto, mais de uma vez me lembrei da letra do Caetano. Acho das melhores músicas que realizou e é, sim, um grande poema.
Grande abraço
Eduardo,
Obrigado pelo aviso, estou indo ler.
Abraço
Ery,
Somos parecidos. Não sou de guardar as emoções. Costumo por tudo para fora. Com o ciúme, porém, me envergonho um pouco e guardo boa parte dele, acabo também sofrendo.
Grande abraço
Denise,
A sua princesinha tem uma avó maravilhosa. O amor que a gente sente pelas avós (experiência própria) é muito especial.
Beijão
Sibila,
Normal. Isso de se emputecer e ir embora, quando o ciúme morde, é muito natural. Ridículo, como disse no texto, mas humano e corriqueiro.
Beijão
Lúcia,
Boa comparação. Tempestade, muitas vezes, mais caudalosa do que gostaríamos.
Beijão
Sim, Lord
Somos ridiculos e pateticos! E capazes de tanta beleza...Crianças são tudo de bom nesse mundo esquisito.
Mani,
Também acho, embora já anunciem o que virá pela frente.
Beijão
Meu deus! Vou bater palmas de pé!
"Na matemática de nossos sentimentos o amor não é uma abstração. Como corpo inteiro e exato diminui ao ser compartilhado. O mais interessante é que na criança a emoção é explícita, violenta, sem possibilidade de defesa. Dá pena ver o que faz com os bichinhos. Com o tempo, adultos, nos aperfeiçoamos em ocultar o que anda pelo coração. Pensamos que não sentimos o que sentimos. Guardamos em escaninhos dissimulados a dor congênita e fingimos que estamos bem. "
Vou linkar lá!
http://alenacairo.wordpress.com/
Alena,
Obrigado, é uma honra para mim.
Beijo
Baita verdade. Vejo isso em casa todo dia.
Ricardo,
Vemos sim, que pena...
Abraço
Até que estive tentado a atirar a tal pedrada mas, pensando melhor, dexei cair a pedrinha no chão. Disfarçadamente...
Silvares,
Melhor assim, disfarçadamente, para que não nos vejam.
Grande abraço
Perfeito! Somos todos uns pobres coitados metidos a racionais e superiores.
Rosa,
E no entanto somos irracionais e inferiores.
Beijão
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