Sou carioca falsificado. Embora tenha nascido no Rio muito cedo vim para São Paulo. Não tenho sotaque pois foi aqui que aprendi a falar. Estranho quando ouço dizerem "douze", com u no meio. Meus esses são pronunciados sem chiado, bato com a ponta da língua no palato quando digo os erres. Enfim, falo como falam os paulistas, desde bem menino.
Minha memória é atávica. Guardo lembrança de uma praça no Leblon. Ou será aquela fotografia em branco e preto que achei numa caixa que mamãe guardava? Camiseta listrada, calção e boné. A charrete era puxada por um carneiro e pelo meu riso infantil a experiência foi maravilhosa. Na rua Dias Ferreira, meu primeiro endereço, morava também minha avó. Fazia calor, a brisa vinha do mar, e um dia eu ganhei de presente uma roupa do Bat Masterson.
Tenho um cedê dos Cariocas. A música Samba do Avião, do Tom Jobim, define bem o que sinto. Sempre que ouço a canção imagino-me chegando na cidade, morrendo de uma saudade que não sei explicar, esse Rio que foi feito para mim. Abro meus braços sobre a Guanabara, água brilhando, vejo a pista do Galeão que se aproxima e aterrizo, de coração.
Sempre que leio as notícias que machucam meu berço, ferindo de morte o lugar onde cá cheguei, entristeço. Sonho com um renascimento que não sei se é possível. Rio, eu gosto de você.
11 comentários:
ô lord, roupa de bat masterson denuncia a década, a idade. assim como galocha, vitrola, chofer, etc.
Anna,
Pois é! Usei galocha, tive uma vitrola Telefunken, só faltou gabarito pra chofer. Meu pai dirigia um modesto Dauphine. Ah, antes que me esqueça, adorava drops dulcara de limão e grapete. Lembra? Quem bebe grapete, repete!
Kisses
que ninguém nos leia - se bem que vc posta prá isso,né? - mas lembro de falar calça rancheira, depois calça lee; meu pai tinha um fusca, viajávamos de kombi; tomei banho na praça dos 3 poderes pouco antes da inauguração de brasília. affe.
e o drops que eu amava era de anis.
Anna,
Prometo que não leio. E tinha Jovem Guarda nas tardes de domingo no lugar do Faustão. E Bonanza, lembra: Adam, Ross, Little John e Ben Cartwright? Quando minha irmã nasceu, em 1964, num sábado à noite, estávamos assistindo. Papai chegou e deu a notícia. Meu irmão e eu esperamos o primeiro intervalo para comemorar. Bons tempos!
Kisses
prá ilustrar o papo, qdo der leia um post do walter ferraz, acho que do dia 3, coisas desse tidpo: a escova virou chapinha;"problemas de moça" viraram tpm"...
Anna, obrigado por citar meu post. Imaginei que vc não frequentasse o perplexoinside./
Lord: também abriu aquele baú? É drops dulcora e na tv rim-tim-tim e o vigilante rodoviário. Seriados: além do Bonanza, Lassie, Jym da Selva. Na sessão da tarde víamos Cantando na Chuva. Ah! e teve também Daniel Bone. É faz tempo mesmo. O Rio de Janeiro era uma foto bonita na revista O Cruzeiro e Fatos&Fotos.
Abraço grande
Valter,
Pois é, drops dulcora, de limão. E Rota 66, Laramie, Os Intocáveis e Combate. E tinha o Programa Pim-Pam-Pum e a Gincana Kibon, com o Vicente Leporace. Vou parar por aqui, o reumatismo está me pegando!
Anna,
Vou lá correndo ler!
mandiopã, mandiopã !!!!!
Caro Peri,
Bela pedida, me encheu a boca d'água!
Abração
National Kid, Perdidos no Espaço e Carnaval no gêlo, aliás Holiday On Ice, Na periferia faziam sucesso Os Reis do Ring com Ted Boy Marino e o Tigre Paraguaio.
Guaraná era Caçulinha, Soda Limonada e depois chegou Crush e o 7UP. Bom, vou parar por que a máquina do tempo está travando./
Peri, aqui tem mandiopã:
http://www.mandiopa.com.br/
Abraços direto do Tunel do tempo
Valter,
7UP me lembra uma ocasião em que estive com um amigo em Las Vegas, num congresso sobre informática. Fomos atendidos em um bar por uma chicana, que descobrindo sermos brasileiro só falava conosco em espanhol. Quando foi anotar os pedidos de bebidas meu amigo pediu:
- Siete ariba por favor!
Abraço
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