No quintal enluarado os brinquedos esquecidos refletem sombras prateadas e a tristeza do abandono contrasta com a alegria que trouxeram durante o dia para os meninos encantados daquela casa esguia perdida no meio do quarteirão prensado entre as duas ruas mais importantes daquele bairro longínquo perdido no meio da cidade onde as crianças ainda sabem brincar e brincam tanto que suam gotinhas salgadas em forma de buços e correm e gritam e se cansam de montar quebra-cabeças em forma de mapa-múndi e pedalar velocípedes de plástico e jogar queimada rindo as bandeiras despregadas e pular corda até não aguentar mais de tanta diversão que há neste mundo vasto mundo de tantos Raimundos.
terça-feira, fevereiro 17, 2009
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Hold-up
Acabamos de presenciar um assalto. Rápido, organizado, às claras. Encostamos em um muro, aguardamos os acontecimentos. Enfadados e tranqüilos. Treinados, sabemos como lidar com estas coisas. Ao mesmo tempo em que, do outro lado da rua, a velhinha recolhia o cocô do poodle, três motoqueiros, revólveres na mão, cercaram um quarto, limparam-no, seguiram seu destino. Tudo muito corriqueiro, comezinho. Quando passei pelo infeliz, recém-subtraído, também calmo e preparado para a situação, inevitável, pude ouví-lo comunicando ao patrão os últimos acontecimentos, restara-lhe o celular. Somos mesmo civilizados.
Assinar:
Postagens (Atom)