Sábado participei de uma exaltada discussão em sala de aula. O tema era inspiração. Existiriam momentos especiais que surgem do nada, como se daria o processo artístico criativo? Para minha surprêsa a turma dividiu-se em dois grupos distintos, sem meio termo. Uns acreditando em instantes mágicos, quando os caminhos aparecem de maneira extemporânea outros, talvez menos sonhadores, insistindo na força do trabalho.
Posicionei-me com os últimos. Arte é suor. Sem planejamento, dedicação total ao esforço de se produzir, empenho em reservar, metodicamente, parcela importante do tempo ao ato inventivo, nada se concebe de importante.
Na busca insistente e criteriosa pela melhor forma de expressão o belo aparece. É necessário isolamento, disposição, coragem para encarar a frustração quando o objetivo não é alcançado. Recomeçar, insistir, experimentar, refazer, são verbos cotidianos na vida de quem cria. Nenhum verso cai do céu, inexistem quadros famosos pintados ao acaso, o fortuito passa ao largo da qualidade.
Embora a afirmação tire o glamour de muita gente o artista é um operário.